Conhecido como um dos mais importantes grupos do movimento manguebeat, o Mestre Ambrósio está de volta aos palcos e se apresenta neste sábado (21/9), às 18h30, na Praça da Igreja da Matriz de Santo Antônio, em Glaura, distrito de Ouro Preto. O show dos músicos pernambucanos faz parte da programação do 2º Festival de Cultura Popular, que tem por objetivo celebrar as tradições culturais, por meio de experiências artísticas e de formação.

 




O vocalista e percussionista Sérgio Cassiano revela que o repertório será composto pelos maiores sucessos da banda. Estão garantidos “Pé de calçada”, “Se Zé Limeira sambasse Maracatu”, “Vó cabocla”, “Fuá na casa de Cabral”, “Pescador”, “Coqueiros”, “Sóis” e “Os Cabôco”, entre outras músicas que levam às apresentações a tradicional figura do Mestre Ambrósio, personagem do folguedo Cavalo Marinho, da região da Zona da Mata Norte pernambucana, feito pelo músico, ator e dançarino pernambucano Helder Vasconcelos.


Clube da Esquina


Cassiano diz que está muito feliz por voltar a Minas. “Sempre fomos muito bem recebidos. Adoramos tocar em Minas, estado onde Luiz Gonzaga (1912-1989) passou sete anos. Estamos muito felizes em voltar à terra do Clube da Esquina e esperamos que o pessoal goste do nosso show que está muito bacana.”

 


Ele conta que este show foi montado há cerca de três anos, especialmente para essa turnê de retorno aos palcos. “Fizemos um condensado das músicas dos nossos três álbuns: 'Mestre Ambrósio', 'Fuá na casa de Cabral' e 'Terceiro Samba'. Resumindo, faremos uma espécie de revival das nossas canções mais tocadas nas plataformas e pedidas em nossos shows.”


Com 1h30 de duração no máximo, o artista conta que não dá para tocar todas as músicas dos três álbuns e, por isso, não têm um repertório fixo para a turnê. “De vez em quando, damos uma mexida aqui, outra ali, trocando uma canção por outra, mudando o ritmo, enfim, variando um pouco (o repertório). Mas vamos aquelas que o público sempre pede. Normalmente, tocamos com os arranjos originais, mas tem algumas que executamos de maneira um pouco diferente."

 


Cassiano explica que “Os cabôco” foi gravada, originalmente, como uma marcha de maracatu rural, mas agora está mais para frevo canção. "Diria que mais para o carnaval. O andamento é próximo do original, mas o ritmo mudou. Mas a maioria é tocada como está nos discos. Nesta turnê de 30 anos, viemos nos apresentando desde o final de 2022, quando passamos várias vezes por São Paulo, Rio de Janeiro, Teresina, Salvador, Recife, Fortaleza e agora em Minas. Daqui vamos para Niterói, no litoral fluminense.”


Para o vocalista é interessante ressaltar que a formação do Mestre Ambrósio é a mesma desde a fundação do grupo, em 1992. “Demos uma parada em 2004, mas em 2007 chegamos a um momento que não vínhamos mais um horizonte e resolvemos parar. Porém, no decorrer dessas duas décadas, flertamos com uma possível volta, mas nada se concretizava, parecia até que estávamos esperando o momento certo.”

 


Cassiano ressalta que, após esse hiato, o grupo voltou aos palcos no momento certo, com a proposta de fazer somente alguns shows para comemorar o aniversário de 30 anos de carreira. Mas foi além e acabou até lançando o single “Pela Janela”. “Isso já é outro marco, porque voltar ao estúdio é uma coisa; ao palco, outra. Agora, voltamos mesmo para ficar. Temos até músicas para fazer um disco inteiro, mas temos que jogar com toda uma logística, porque nem todos moram em Recife.”


Gonzagão


Ele lembra que o movimento manguebeat começou internamente, reflexo da própria situação no Recife e região. “Tudo indicava que a gente não conseguiria, mas mostramos que era possível fazer e que em Recife é grande a quantidade e qualidade dos talentos. Luiz Gonzaga era um dos grandes mestres que permeavam o fazer. Ele era um deles, mas mais do que as figuras em si, tem um movimento geral, pois tudo vem da música, das expressões, do mundo do forró, do mundo do Cavalo Marinho, do mundo dos maracatus, no mundo do frevo, esses universos que são universos dentro de um universo pernambucano. O movimento partiu de Pernambuco, porém sem deixar as nossas influências do rock e da música popular brasileira”, destaca.


Além de Sérgio Cassiano (vocal e percussão), formam o grupo pernambucano, os músicos Siba (vocal, guitarra e rabeca), Eder “O Rocha” (percussão), Helder Vasconcelos (fole de oito baixos, percussão e coro), Mazinho Lima (baixo e coro) e Mauricio Bade (percussão e coro).

MESTRE AMBRÓSIO – SHOW
Neste sábado (21/9), às 18h30, na Praça da Igreja da Matriz de Santo Antônio, em Glaura, distrito de Ouro Preto, como parte da programação do 2º Festival de Cultura Popular. Acesso gratuito.

 

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Contracultura pernambucana

O manguebeat foi um movimento de contracultura que surgiu em Recife. Foi criado em 1991 com o objetivo de promover uma renovação no cenário cultural e artístico de Pernambuco. Para Sérgio Cassiano, vocalista do Mestre Ambrósio, a ideia era de se expressar o mais brasileiramente possível. “Mas essa própria brasilidade se coloca em conexão entre algo com que se reconhece, digamos, de ordem mundial, mas sem essa ideia de globalização, que é perverso. É no sentido de se manter dialogando com tudo que se cruza, mas, ao mesmo tempo, de olho aberto. Não é só ser influenciado, mas se entender, fazendo parte de algo que você busca o início e não encontra. Também não encontra o fim, mas você está ali nos elos e pode partir de um ponto.”

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