Depois de pouco mais de um mês de portas fechadas por conta de uma reforma, o Museu Inimá de Paula reabre ao público com a exposição “Inimá – Um legado de cores”, que será inaugurada nesta terça-feira (24/9) e permanece em cartaz até janeiro do próximo ano. A mostra reúne 65 obras que traçam um percurso e o desenvolvimento da arte de Inimá de Paula (1918-1999). Desse conjunto, que reúne trabalhos do acervo permanente do museu e também de colecionadores, 10 permaneciam inéditos.
Curador da exposição e coordenador artístico da instituição, Vitor Camarano diz que há cerca de um ano e meio a obra do artista não era colocada à mostra para o público. “É sempre uma alegria poder revisitar a produção de Inimá, ainda mais depois de um longo período. Quisemos, agora, fazer uma exposição diferente do que as pessoas estavam acostumadas a ver, para marcar essa reabertura. As obras foram dispostas de modo a evidenciar a real essência de Inimá, que são as cores”, destaca.
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Ele explica que em exposições pregressas do artista seu trabalho foi sempre apresentado de forma linear. Agora, os quadros foram agrupados por temáticas e por cores, de acordo com o curador. “Cada parede cria um ambiente; é uma montagem bem mais dinâmica, que começa com os desenhos e esboços, que foram o ponto de partida de Inimá, e vamos mostrando os processos criativos dele”, diz. Ele pontua que os blocos temáticos compreendem obras de cunho político e social, retratos e autorretratos e naturezas mortas.
Paisagens cromáticas
Camarano ressalta que “Inimá – Um legado de cores” culmina com aquela que foi a “grande paixão” do artista: as paisagens. Ele diz que, além dos trabalhos inéditos, elas são o destaque da mostra. “Selecionamos e dispusemos de uma forma que elas vão se construindo a partir das cores. Inimá bebeu da fonte do pós-impressionismo, então é possível traçar paralelos com a obra de Monet e Van Gogh, por exemplo”, pontua. Ele destaca, ainda, que o artista “construía” as cores, como o azul e o verde.
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“Essa construção do azul começa nas marinhas e vai até o céu. Ele vai colocando o verde e chega num momento em que acontece a explosão de cores, em meados dos anos 1960 até a década seguinte, quando ele começa a introduzir a figuração, até então inédita em sua produção”, situa. O curador observa que na década de 1970, durante uma residência no Japão, a obra de Inimá atingiu um novo patamar cromático, com a intensificação do uso de cores puras e a criação de composições muito características.
“Ele passa a ser reconhecido como o mestre mineiro das cores, com obras que têm uma saturação de cores muito puras, um fauvismo, então são mesmo as paisagens o grande destaque. Na última parte da exposição, aparecem as paisagens mineiras, com as paisagens de Ouro Preto e Mariana, aí já um pouco diferente, com Inimá utilizando o branco e o cinza como cores, algo um pouco mais melancólico”, salienta.
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Camarano explica, a respeito das obras inéditas, que elas passaram a integrar o acervo do Museu há cerca de dois anos e que, portanto, a coordenação artística ainda não tinha tido a oportunidade de apresentá-las ao público. “Uma delas, chamada 'Morro carioca', foi restaurada recentemente e o colecionador deixou aqui conosco em contrato de comodato. Tem também uma marinha que é muito característica da obra de Inimá e nunca tinha sido exposta, bem como retratos que recebemos de pessoas próximas a ele”, diz.
“INIMÁ – UM LEGADO DE CORES”
Abertura da exposição nesta terça-feira (24/9) até 19 de janeiro de 2025, no Museu Inimá de Paula (Rua da Bahia, 1.201 – Centro). Visitação de terça a domingo, das 10h às 18h. Entrada gratuita.