“Se eu soubesse: para maiores de 40 anos” já expressa no título a natureza contraditória e poética da própria existência abordada em suas 300 páginas. Embora endereçado àqueles que já completaram pelo menos quatro décadas de vida, o livro também é uma coletânea de ensinamentos que o autor, o gaúcho Fabrício Carpinejar, gostaria de ter aprendido mais cedo ao longo da sua trajetória.

 

Nesse sentido, “Se eu soubesse” não apenas gera identificação naqueles que já viveram de tudo um pouco, mas oferece conselhos preciosos aos jovens que estejam dispostos a mergulhar em suas páginas.

 



 

“O livro vale para todas as idades. Aprendi a não ser refém da culpa e que a vida só se torna bem resolvida quando temos consciência dos nossos tropeços”, afirma Carpinejar, que participa hoje (26/9) de debate e lançamento da obra no Sempre um Papo. O evento acontece no Auditório da Cemig e tem mediação do jornalista Afonso Borges.

 

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Na nova obra, Carpinejar parte da autobiografia para tratar de temas universais, como as relações familiares, a dor do luto, o cuidado com os filhos e o dia a dia da vida adulta. As dificuldades da sua geração tampouco são ignoradas.


“Pessoas entre 40 e 50 anos fazem parte de uma geração que precisa cuidar dos filhos e dos pais ao mesmo tempo. Talvez até dos netos. Essa ‘geração sanduíche’, como é chamada, está esmagada por responsabilidades afetivas e precisa conciliar família, trabalho, carreira e relacionamentos. É preciso uma verdadeira acrobacia para dar conta de tudo e não se sentir esgotado”, relata o escritor.

 

 

O luto, outra esfera discutida em “Se eu soubesse”, é tratada por diversos prismas. Desde o desaparecimento de um cachorro de estimação na infância até a dor pela perda da avó, sentimento amenizado por vivências quase sobrenaturais. “Você jamais se desliga da alma de alguém apenas porque seu corpo não está mais entre nós. Só pode acreditar no sobrenatural quem é muito entregue aos vivos”, escreve Carpinejar, no terceiro capítulo da obra.


Em entrevista ao Estado de Minas, o autor também reflete sobre o tema: “O luto pode acontecer sem lágrimas, mas vai acontecer de toda forma. É impossível evitá-lo. É uma condição da existência que, uma vez que acontece, será para a vida toda. A experiência de perder um ente querido modifica o nosso olhar, porque precisamos aprender a conviver com a dor que é saudade. O luto não é uma fase que precisa ser superada. Isso é uma mentira social. O luto é para sempre”.


Retalhos da vida

 

Entre relatos curtos de cuidado com os pais e os filhos, causos de infância e adolescência e a importância dos amigos, o escritor tece uma colcha de retalhos da própria existência que, a princípio similar a tantas outras, se faz única em intricado conjunto de experiências.

 

 

“O livro segue um fluxo de narrativa em que uma história se soma a outra história e uma reflexão se soma a outra reflexão. A partir dos 40 anos, há uma mudança no nosso ‘software’. As relações que temos com nossos pais, com o trabalho e com o amor não são mais as mesmas”, destaca Carpinejar.


Filho dos escritores Carlos Nejar e Maria Carpi, Fabrício Carpinejar nasceu em 1972, em Caxias do Sul. Cercado pelos livros desde a infância, hoje é autor de 52 títulos próprios, entre eles coletâneas de poemas, crônicas e obras infantojuvenis. Duplo vencedor do Prêmio Jabuti (“Canalha, 2009, categoria contos e crônicas; e “Enfim, Imperatriz”, 2018, categoria contos), Carpinejar também é jornalista e influenciador digital, com mais de 5 milhões de seguidores nas redes sociais.


SEMPRE UM PAPO – “SE EU SOUBESSE: PARA MAIORES DE 40 ANOS”
Com Fabrício Carpinejar. Mediação: Afonso Borges. Nesta quinta-feira (26/9), às 19h30, no Auditório da Cemig (Avenida Barbacena, 1.200 – Santo Agostinho). Entrada gratuita.

 

* Estagiária sob supervisão da subeditora Tetê Monteiro

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