Uma ex-traficante que havia abraçado a religião e, após tragédia pessoal, retorna para o tráfico. Um ex-policial que se tornou miliciano e que, também depois de uma infelicidade, anda em depressão. Por fim, um integrante da milícia que não tem porque desanimar: ele quer é subir, nem que para isto traia o antigo chefe e abrace, sem dó, o esquema do jogo ilegal.
Esses três personagens, apresentados há quatro anos, voltam com sangue nos olhos na segunda temporada da série nacional “Um dia qualquer”. Penha (Mariana Nunes), Quirino (Augusto Madeira) e Maciel (Vinicius de Oliveira) comandam os três núcleos em que gira a trama.
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Criada e dirigida por Pedro von Krüger, a nova temporada mantém o formato da primeira. Os episódios acompanham um dia na vida desses personagens. Há vários flashbacks, que explicam como eles chegaram até ali. Lançada no Space, a série volta ao canal pago na segunda (30/9). No mesmo dia, entra no catálogo da Max, que também disponibilizou a temporada inicial.
CAMINHOS OPOSTOS
“Agora, os caminhos estão realmente opostos, então criamos alguns núcleos do conflito. A Penha voltou para a favela de onde veio; o Quirino, que matou o filho na primeira temporada, está mais enfraquecido. E o Maciel está superambicioso. Além disso, a gente traz um novo tema, que é uma camada acima do poder no Rio de Janeiro: os bicheiros, com o foco nos caça-níqueis”, conta Von Krüger.
O primeiro ano foi ambientado em Marechal Hermes, na Zona Norte carioca, o primeiro bairro operário do Brasil. O local ainda está na trama, mas há muita ação ocorrendo em Ramos, já que a personagem de Penha retornou para a favela.
Von Krüger defende a mudança radical da personagem. “Ela sente que tomou uma decisão dura, mas também entende que, no papel de evangélica, não tem influência.”
O diretor diz que a trama é muito calcada na vida real. “A Penha está tentando proteger o território dela de todo tipo de invasão. Isto está acontecendo no Rio. Áreas dominadas pelo tráfico, principalmente pelo Comando Vermelho, estão sendo atacadas pelo Estado, pelas milícias, por outras facções.”
O diretor diz que a vida real, a matéria-prima da série, “é infelizmente inesgotável”. Von Krüger diz que para a virada de Maciel se baseou na história de um miliciano de São Gonçalo que perdeu a mão porque ficou violento demais. “Ele não só matava seus desafetos, como matava cruelmente.” No primeiro episódio, o personagem de Vinicius de Oliveira mostra que não está para brincadeira.
Diretora de Conteúdo Roteirizado da Warner Bros. Discovery, Silvia Fu faz um paralelo entre “Um dia qualquer” e “Cidade de Deus: A luta continua”, atualmente a série da Max mais assistida no Brasil. “São personagens e bairros diferentes, mas há uma relação dos assuntos, que é a resistência da população versus tráfico e a entrada da milícia.”
A executiva ainda vê uma similaridade entre os chefes do tráfico das duas séries. “Quando a Penha perde a esperança em Deus, vai buscar a única forma que entende que pode fazer o bem para a comunidade. O Curió (personagem de Marcos Palmeira em ‘Cidade de Deus’) é também esse traficante benevolente. Isto é uma coisa brasileira, infelizmente ou felizmente, mas é o jeito que se sobrevive”, diz ela.
“UM DIA QUALQUER”
• A segunda temporada, com seis episódios, estreia na próxima segunda-feira (30/9), às 21h, no Space. Os episódios serão exibidos, diariamente, no mesmo horário, até sábado (5/10). Na Max, a série completa será lançada na segunda