Em clima de estreia, a banda gaúcha Fresno apresenta, pela primeira vez, o show da turnê "Eu nunca fui embora" em BH, durante o 2000 Rock Festival, no Mineirão, neste sábado (28/9). A segunda parte do álbum estreou nas plataformas de áudio na última quinta-feira (26/9).

 

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Ao Estado de Minas, o vocalista Lucas Silveira e o baterista Thiago Guerra contaram como o novo trabalho alimenta a nostalgia dos fãs, além de explorar novos estilos musicais. Confira:

 



 

O que vocês vão apresentar aqui do trabalho novo?


Lucas: É o primeiro show com disco lançado, né? Ainda deu pouco tempo pra galera ouvir e saber quais (músicas são) as melhores. A gente vai até dar uma pincelada, fazer uma palinha das músicas novas, mas a gente está trazendo para cá justamente o show do "Eu nunca fui embora", que é um show que, resumindo, tem muitas coisas dessa fase atual e também tem muitas coisas clássicas da banda que a gente condensa em medleys e viram um tipo de viagem no tempo.

 

Nesse novo álbum, vocês trazem muito da nostalgia, da história da banda. Vocês cantaram a parceria de 2008 com Chitãozinho e Xororó, a parceria com o NX Zero, acabando com essa rivalidade que surgiu nos anos 2000. O que vocês esperam com isso?

 

Thiago: Eu acho que a gente tá selando uma amizade, que não tem nada de treta. Isso (treta) é uma coisa de fã.

 

Lucas: Era época de VMB (extinto Video Music Brasi, da MTV), de votação. Os fãs se digladiavam, né? Mas a gente estava lá, bebendo no mesmo bar, fazendo shows no mesmo lugares. Quando a gente faz um disco, nunca visamos nada muito além do sentimento de “Ah, isso vai ser massa”. Eu acho que o que guia a gente é muito isso de fazer algo que consideramos incrível. Porque o lance de "se vai dar certo ou não" está completamente fora do nosso controle.

 

E, assim, também com esse disco, eu acho que a banda está num momento em que a gente já consegue olhar para trás e entender que somos nós mesmos e também revisitar coisas que a gente já fez, mas trazendo uma cara nova. Então, o disco soa bem clássico para quem conhece Fresno. E nada mais justo do que juntar os artistas que sempre orbitaram a gente, mas que não tinham uma música junto, sabe? Poxa, Chitãozinho e Xororó demorou demais. Agora tem com o NX também. E, tipo assim, a gente tem uma história muito massa de banda juntas e não tínhamos nenhuma música junto com eles. Agora temos.

 

Vocês trouxeram também parcerias novas que refletem esse momento novo da Fresno, de misturar novas sonoridades. Principalmente, com a Pabllo Vittar que eu acho que foi a parceria em que vocês mais saíram da caixinha. Como foi esse processo criativo para vocês?

 

Lucas: A gente percebeu há muito tempo que, entre nossos fãs, tinha um consenso sobre Pabllo Vittar. Várias pessoas, às vezes, estavam numa fase mais Pabllo Vittar, mas que eram ex-grandes fãs de Fresno. A gente descobriu isso num dia que eu encontrei a Pabllo num Rock in Rio e postamos uma foto juntos. As pessoas foram à loucura. Então a gente começou a ter em mente fazer uma música com ela. Quando surgiu uma que tinha a ver, que é “Eu te amo / Eu te odeio (IÔIÔ)”, foi uma coisa muito massa. Foi muito tranquilo de gravar, de fazer o clipe… foi um negócio do caralho.


 

Vocês pretendem trazer uma era mais pop?

 

Lucas: Eu não sei, mas dá para dizer que as músicas são bem diretas. Elas vão direto ao assunto. Todas as vezes que a gente acertou, foi assim. Como eu disse, é colocar um sentimento sem ficar floriando, sem ter vergonha dele. Afinal, (sobre) Ibope, qualquer música melódica é passível de virar uma grande coisa. O Brasil tem uma história de rock enorme. Tiveram momentos que uma banda de rock tinha uma música em primeiro lugar em tudo, mas os caras estavam fazendo o rock deles. Então, acho que é assim, a partir do momento que tem uma letra, uma ideia, que as pessoas se identifiquem, a roupagem importará muito pouco. Mas (sobre o pop), eu gosto bastante de pop, eu ouço muito pop, gosto de refrão (pop), gosto de escrever um negócio que um país inteiro consegue cantar.

 

Thiago: E a gente também gosta muito de fazer coisas que estamos afim de fazer na hora. Meio que é um sentimento de fazer de tal forma. Assim, é natural que as coisas vão acontecendo e a gente vá passando por várias fases.

 

Lucas: Isso fica claro nesse disco quando vemos o quão variado ele é. Tem (por exemplo) a música mais pop do disco que seria facilmente uma música da Ludmila. Depois entra uma música com Dead Fish, que já é um outro negócio, que tem pós-hardcore com sei lá mais o que… Só a gente poderia juntar isso dentro da nossa equação. E é óbvio que depois que sai, porra, é do fã. Ele vai ouvir do jeito que ele quer, vai ter as opiniões dele. Tem altos discos que eu adoro e também músicas que eu não gosto, mas o objetivo é sempre bom, desde que, pelo menos, uma ou duas músicas ali toquem a galera. E, poxa, a gente é uma banda que tem dez discos. Se analisarmos os artistas que têm dez, 20 discos, é isso: às vezes, tem um álbum inteiro que era um momento da vida artista, mas teve uma música que foi na lata. Isso que a gente faz é um lance de tentativa e erro. E os erros também são muito divertidos e bem-vindos.

  

O ano de 2024 tem sido muito importante para a Fresno. Vocês tiveram que agir muito na questão do Rio Grande do Sul. Como é que esses avaliam essas ações?

 

Lucas: Cara, gente vê isso de uma maneira muito massa e importante. A gente nunca viu tanto dinheiro na vida (risos), porque foi muito assim, a gente tava pronto a fazer o que fosse. E aí tivemos a ideia de fazer a live com dois dias de antecedência, fomos atrás do Podpah, que nem perguntou nada e falou “bora”, e de vários artistas que também toparam. Com isso, ela foi tomando proporções enormes com as pessoas que estavam lá. Geramos uma coisa até divertida, leve para as pessoas que estava em casa, mas, principalmente, arrecadamos R$ 2,5 milhões de reais, que nós mesmos fizemos os repasses. Foram uns dois meses da nossa vida que a gente meio que parou de trabalhar no álbum, porque era o dia a dia todo ouvindo histórias tristes e tentando levar, de fato, dinheiro, doação, tudo para as pessoas lá do Sul.

 

Depois a gente também fez outro evento lá no Sul, com os artistas que estavam em Porto Alegre. Esse evento também levantou uma fortuna e contou com vários artistas. Teve cara que botou seu avião na roda para fazer a coisa girar, outro cara que doou milhões e ficou quieto. Agora há pouco, a gente estava lá no Rio Grande do Sul. Fizemos um trajeto entre Caxias do Sul e Passo Fundo de carro e vimos que a cena ainda é de destruição. Porto Alegre é uma cidade que alagou, mas tiveram cidades que sumiram. Então, assim, ainda é um negócio que está bem fresco na história e que a gente fez a nossa parte. Agora, o lance é cobrar das autoridades para fazer a parte deles, porque isso vai continuar acontecendo, principalmente em Porto Alegre. Isso foi uma coisa completamente evitável. Porto Alegre tinha mecanismos para a cidade não alagar que estavam prontos há 50 anos e não funcionaram.

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