Fernanda Abreu encerra o primeiro dia do festival na Funarte com show que reúne músicas de todos os seus álbuns -  (crédito: Murilo Alvesso/DivulgaÇÃO)

Fernanda Abreu encerra o primeiro dia do festival na Funarte com show que reúne músicas de todos os seus álbuns

crédito: Murilo Alvesso/DivulgaÇÃO


“Gosto de contar uma coisa que está acontecendo na minha vida: além de estar trabalhando, faço ginástica, análise, namoro. Tem algumas mulheres da minha geração que acham que está na hora de pendurar não. Não tá não.” Zezé Motta, atriz, cantora, dona de um vozeirão e de uma risada inconfundíveis, completou 80 anos em 27 de junho.

 


“É uma loucura. Eu fico pensando: 80 anos é muita vida vivida. Olha, se você bobear, a gente não termina hoje (a entrevista)”, diz ela, não sem antes gargalhar. Zezé chega amanhã (3/10) a Belo Horizonte para participar da 5ª edição do Elas Festival, que vai até sábado (5/10), na Funarte.

 

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Dedicado à produção artística de mulheres e LGBTQIAPN+, o evento apresenta shows, debates, oficinas, performances, mostras de artistas visuais e sessões de curtas-metragens. No dia da abertura, Zezé estará em dois eventos.


Às 17h é convidada do debate “Menopower – A potência das mulheres 50+”, ao lado da jornalista Cláudia Lima. Às 19h poderá ser vista no curta “Deixa” (2023), de Mariana Jaspe. No filme, interpreta Carmen, uma mulher que vive seu último dia de liberdade – seu marido está prestes a sair da prisão.

 

 

“Deixa” é uma das produções recentes das quais Zezé participou. Também está no curta “Se eu to aqui é por mistério”, de Clari Ribeiro, lançado neste ano. Ainda em 2024 rodou “Por um fio”, de David Schurmann, adaptação do livro homônimo de Drauzio Varella que relata histórias de pessoas com câncer e sua mudança ante a perspectiva da morte.


“Faço uma paciente terminal (Tereza), bem barra pesada. Mas para mim é interessante esse tipo de proposta, porque sou sempre a mãe ou avó, a mulher boazinha”, conta ela, que destaca, de sua produção recente, o longa piauiense “A carta de Esperança Garcia”, de Douglas Machado.


“Esperança foi uma mulher que acho que todos têm que conhecer. Escrava, letrada, escreveu uma carta ao governador (da Capitania de São José do Piauí, em 1770), denunciando maus-tratos”, conta Zezé – o filme está previsto para chegar aos cinemas em novembro.

 

atriz Zezé Motta

Aos 80 anos, Zezé Motta abre o Elas Festival em debate sobre a potência das mulheres 50+ e também poderá ser vista em "Deixa"

Bendito Benedito/Divulgação

 

Filha de Oxum

 

Ainda que o grande público a conheça pelas dezenas de filmes, séries e novelas, Zezé tem uma extensa produção musical, em discos e shows. É considerada a melhor intérprete da obra de Luiz Melodia, de quem foi muito próxima. Caetano Veloso é outro compositor cuja obra se debruçou. Atualmente, tem dois shows no repertório.


“No momento, faço o ‘Coração vagabundo’ (em torno da obra de Caetano) e ‘Atendendo a pedidos’. Este é um apanhado que aconteceu porque quando eu homenageava Melodia, me pediam Caetano; quando fazia Caetano, pediam Melodia ou Elizeth Cardoso. A gente foi anotando isso e a minha filha Carla, que é minha produtora, criou o show ‘Atendendo a pedidos’”, conta.

 

 

Com quatro filhos e seis netos, continua vaidosa. “Sou filha de Oxum, a dona do ouro. Vou fazer umas mechas no cabelo, meio loiras, para mudar um pouco. Agora chamam de luzes”, diz Zezé, que não pensa em diminuir o ritmo. “Antes de dormir, olho minha agenda. Hoje (sexta, 27/9, quando conversou com o Estado de Minas) acordei e falei: ‘Vai ser um dia tranquilo’. Depois meu produtor ligou falando que eu tinha que gravar uma campanha para um banco. Claro que todo o mundo precisa de sossego, mas gosto desse movimento.”


Garota sangue bom

 

Zezé abre os trabalhos no primeiro dia do Elas Festival e a garota sangue bom Fernanda Abreu encerra. Nesta quinta, ela apresenta na Funarte um show com músicas de todos os seus álbuns, de “SLA radical dance disco club” (1990) até “Amor geral” (2016). “É uma viagem por 34 anos de carreira”, conta ela, que chega com banda, backing e bailarina para o evento em BH.


Fernanda está com 63 anos. Mantém o ritmo: “Adoro dança, faço pilates, presto muita atenção a tudo. Mas não sou xiita, como carne, linguiça, batata frita, só que pego leve. Acho que exercício e alimentação são coisas que ajudam no envelhecimento, mas também a cabeça, o amor, a diversão, os amigos”.


Mesmo em plena atividade, ela não tem pressa. “Acho que faz sentido lançar um novo disco (de inéditas), mas estou com outros projetos em andamento. Em 2025 o álbum “Da lata” faz 30 anos. Ele foi importante para minha carreira, onde afirmei minha linguagem de música pop dançante. Para a comemoração, vou fazer um show, relançar o álbum em vinil, um documentário e um livro.”


Referência pop

 

Sobre o cenário feminino da música pop, Fernanda acha que é uma referência. “Lá atrás, em 1990, eu já usava beats eletrônicos, apresentava coreografia. Na minha época, era pouquíssima mulher, tinha a Paula Toller. Hoje, tem muita gente, Anitta, Iza, Ludmilla, Luísa Sonza. Dia 13 de outubro vou fazer uma participação no show da Letrux; em dezembro, no da Duda Beat. Essas meninas têm um carinho, respeito. Tenho 63 anos, mas minha energia e meu discurso no palco se conectam (com outras gerações).”

 

DESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO

Quinta (3/10)
17h – Debate “Menopower: A potência das mulheres 50+” com Zezé Motta e Cláudia Lima
19h – Abertura da mostra de curtas com “Deixa”, de Mariana Jaspe
19h30 – Performance “Mulher-Cueca”, com Tina Dias
20h – Show de Fernanda Abreu

Sexta (4/10)
19h – Show de Katú Mirim
20h – Performance “Papel de mãe”, com Ludmilla Ramalho
20h30 – Show de Laura Sette com participação da Iza Sabino

Sábado (5/10)
16h – Show de Coral
17h30 – Show de Aíla
19h – Show de Melly
20h30 – Show da Orquestra Funmilayo Afrobeat


ELAS FESTIVAL
Nesta quinta (3/10) e sexta (4/10), a partir das 16h, e sábado (5/10), a partir das 14h, na Funarte (Rua Januária, 68, Centro). Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia). À venda no www.sympla.com.br/elasfestival