Discussões sobre velhice e etarismo foram acrescentadas ao livro originalmente lançado em 2013, a partir de diálogos entre os filósofos -  (crédito: LOIC VENANCE / AFP)

Discussões sobre velhice e etarismo foram acrescentadas ao livro originalmente lançado em 2013, a partir de diálogos entre os filósofos

crédito: LOIC VENANCE / AFP

 


Em 2013, Mario Sergio Cortella e Terezinha Azerêdo Rios lançaram "Vivemos mais! Vivemos bem? Por uma vida melhor", publicado pelo selo 7 Mares, da Papirus Editora. Trata-se da transcrição de um longo diálogo entre os dois a respeito da importância do autoconhecimento para ter qualidade de vida. Após 11 anos e várias reimpressões, a obra ganhou segunda edição ampliada, em 2023, que inclui discussões sobre velhice e etarismo.

 


Todas as questões abordadas no livro serão discutidas na mesa-redonda do Sempre um Papo desta sexta-feira (4/10), no Teatro Feluma, com a participação dos autores. O evento terá entrada franca, com acesso por ordem de chegada, conforme a lotação.

 


Assim como Sêneca (4 a.C. – 65 d.C.) em "Sobre a brevidade da vida", Rios e Cortella alertam a respeito do risco de prolongarmos a vida sem atribuir a ela sentido e significado. Enquanto o filósofo romano questiona como gastamos nosso tempo e afirma que desperdiçamos parte considerável da vida em disputas (“Verás que tens menos anos de vida do que contas… Compreendes que morres prematuramente?”), Rios e Cortella adotam uma abordagem menos alarmista, citando uma lição mineira: “Se a vida é curta, que seja larga. Larga e intensa”.

 


“O que nós temos que pensar é: ‘Que vida a gente quer viver?’”, diz Rios, em entrevista ao Estado de Minas. “Tenho trabalhado muito com a ética e, ao distinguir a pergunta da ética da pergunta da moral, gosto de assinalar que, na moralidade, as pessoas vivem perguntando ‘Como é que eu devo viver?’ E, do ponto de vista da ética, a pergunta é: ‘Que vida eu quero levar e que sentido de vida eu vou inventar?’ Porque a vida não está dada, a gente tem que ir inventando ela a cada dia”, acrescenta.

 


No entanto, há uma certa dificuldade das pessoas em compreender essa distinção, admite Rios. Caso contrário, os alertas de um filósofo do século I d.C. não precisariam ser repetidos dois mil anos depois. Mas fato é que conceitos prontos e acabados contribuíram – e ainda contribuem – significativamente para que as pessoas soltem as rédeas de suas vidas, voltando-se para a pergunta “como devo viver?”, em vez de “que vida quero levar?”.

 

Perguntas e respostas


“O problema é que estamos repletos de respostas para perguntas das quais não sabemos a resposta. E isso nos tolhe”, diz Rios.

 


Ao longo de 117 páginas, ela e Cortella exploram essas questões de maneira acessível, ilustrando-as com exemplos do cotidiano e relacionando-as a frases de filósofos, versos de poemas e trechos de músicas. Rios cita Epicuro ao lembrar que “enquanto sou, a morte não é; e desde que ela seja, não sou mais”. Cortella, por sua vez, recorre a Mário Quintana para afirmar que “o diabo é deixar de viver”.

 


Até Jorge Mautner e José Miguel Wisnik são mencionados, quando a conversa aborda os limites da liberdade. Rios destaca: “Numa música excelente, ‘A Consciência do limite’, Mautner e Wisnik nos lembram que ‘A liberdade é bonita, mas não é infinita! / Eu quero que você acredite, a liberdade é a consciência do limite!’”

 


Em síntese, a ideia central do livro se traduz nos versos de Caetano Veloso: “Vamos viver, vamos ver, vamos ter, vamos ser, vamos desentender do que não carnavalizar a vida coração”, que foram muito bem lembrados pelos autores.

 


SEMPRE UM PAPO
Com Mario Sergio Cortella e Terezinha Azerêdo Rios. Nesta sexta-feira (4/10), às 19h30, no Teatro Feluma (Alameda Ezequiel Dias, 275, 7º andar, Centro). Entrada franca, com acesso por ordem de chegada, conforme a lotação. Informações: (31) 3248-7250.


Outro evento

>>> MOSTRA LAIS

A segunda edição da Mostra Inclusiva LAIS, que garante a acessibilidade de pessoas com deficiência visual e auditiva às sessões de curtas-metragens brasileiros, será realizada nesta sexta (4/10) e sábado, no Cine Santa Tereza (Rua Estrela do Sul, 89, Santa Tereza), sempre às 19h. Ao longo dos dois dias de festival, serão exibidos gratuitamente 20 curtas com temáticas transitando pelo aborto, racismo, intolerância, segregação social, solidão, transexualidade, entre outros. A programação completa está disponível no site mostralais.com.br, onde os filmes também ficarão disponíveis.