Espetáculo, concebido para não subestimar a inteligência das crianças, será apresentado no Teatro Sesiminas -  (crédito: Marcella Calixto/Divulgação)

Espetáculo, concebido para não subestimar a inteligência das crianças, será apresentado no Teatro Sesiminas

crédito: Marcella Calixto/Divulgação

 


Imagine uma situação em que uma pessoa decide fazer algo para sempre, como nunca mais abaixar as mãos ou nunca mais tirar o sapato. Esse cenário exagerado é o pano de fundo da peça infantil “Café com leite”, que fará apresentação única em Belo Horizonte, neste sábado (05/10), no Teatro Sesiminas.

 


O espetáculo conta a história de Aninha, uma menina com excesso de responsabilidades que, para escapar de suas obrigações, decide ser “café com leite” em todas as áreas de sua vida. Com inspiração em Shakespeare e permeada por relações psicanalíticas, viola mineira e raps autorais, a peça entretém as crianças ao mesmo tempo em que promove reflexões para toda a família sobre comportamentos, sonhos e fases da vida.

 

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“Com a ideia inicial da peça, tive que buscar o que vinha de referência para melhorar o texto. E essa questão de pular etapas, com as responsabilidades da Aninha, me remeteu a ‘Macbeth’, por ser uma obra que mostra um personagem que pode ascender rapidamente como rei, mas o faz de maneira indevida. Busquei uma forma de transformar isso em um texto infantil, que não fosse moralista, e discutisse a trajetória da personagem que está entendendo sobre as consequências dos próprios atos”, destaca o dramaturgo e diretor do espetáculo, Rafael Coutinho.


Decisões criativas

 

Para dissolver as complexas discussões apresentadas na peça, Coutinho precisou tomar decisões criativas que divertissem a meninada, adotando estética colorida e abordagem musical. Jeann Cavallari, que interpreta Júnior, colaborou com as músicas da peça e compôs uma trilha original de rap que convoca um posicionamento dos pequenos no mundo.

 

 

O dramaturgo enfatiza que a adaptação da peça foi pensada para não subestimar a inteligência das crianças. “Nós temos que deixar de pensar sobre o que é música para criança e procurar que música comunica com a criança também. E digo isso para todos os elementos. A gente vai percebendo que esse destinatário não é uma coisa exclusiva e que isso é uma ilusão, já que a peça também fala muito para os adultos”, comenta.


Rafael tem vasta experiência com o teatro infantil, mas esta foi a primeira vez que escreveu para esse público, que considera exigente. Trabalhando também como professor, e em contato constante com pré-adolescentes e suas famílias, ele percebe a pressão que os adultos exercem sobre seus filhos, o que colaborou para a sua compreensão do público.


Vivência dos atores

 

Após iniciar a escrita do texto em 2019 e interrompê-la devido à pandemia de COVID, o diretor decidiu retomar a produção ao notar um aumento da ansiedade entre o público infantojuvenil, intensificado pelo período de isolamento social. No entanto, após anos de trabalho parado, precisou adotar novas abordagens para a escrita da obra, que também foi impactada pela seleção dos atores.

 

 

“Eles trouxeram muito das vivências deles, durante a época de escola e também da própria criação artística. A Giovanna (Stehling), que faz Aninha, por exemplo, já estudou em escolas católicas quando era mais nova, com toda aquela pressão de futuro. O Jeann (Cavallari) também tem uma trajetória na educação que não é aquela formal, porque ele cresceu em uma família de músicos. Então, fui adicionando as particularidades de cada um no espetáculo, que refletem as individualidades do público também”, ressalta Coutinho.


“CAFÉ COM LEITE”
Dramaturgia e direção: Rafael Coutinho. Com: Giovanna Stehling, Jeann Cavallari, Beatriz Lira e Christiam Concolato. Apresentação única neste sábado (5/10), às 17h, no Teatro Sesiminas (Rua Padre Marinho, 60 – Santa Efigênia). Ingressos: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia), à venda pelo Sympla ou na bilheteria local.


 Outros espetáculos

 

>>> “O PATINHO FEIO”

O Ballet Jovem Minas Gerais estreia, neste sábado (5/10), às 19h, o espetáculo infantojuvenil “O Patinho Feio”, no Centro Cultural José da Costa Sepúlveda (Rua Luís Cassiano, 60 – Centro), em Sabará, na Grande BH. A peça, que terá audiodescrição para pessoas cegas, também acontecerá em Ibirité e Belo Horizonte, em novembro. Entrada gratuita, com retirada de ingressos na bilheteria local 30 minutos antes do início da apresentação.


>>> “O sopro do outro”

“O sopro do outro”, da Quik Cia de Dança, que estreou em setembro, encerra suas apresentações neste sábado (5/10), às 16h, na Praça Floriano Peixoto, no Santa Efigênia, e neste domingo (6/10), às 16h, no Parque Jacques Cousteau (Rua Augusto José dos Santos, 366 – Betânia). O espetáculo se propõe a estabelecer um diálogo com o público por meio do estranhamento, com os bailarinos Letícia Carneiro, Rodrigo Quik, Marise Dinis e Naline Ferraz realizando performances individuais e coletivas.
Entrada gratuita.


>>> “RAPUNZEL”

A companhia Cyntilante Produções apresentará neste domingo (6/10), às 17h, o espetáculo “Rapunzel”, no Teatro Francisco Nunes (Av. Afonso Pena, 1.377 – Centro). Em uma releitura do famoso conto dos Irmãos Grimm, a peça mistura teatro, contação de histórias, músicas e conta com 25 metros de trança para a caracterização da personagem principal. Ingressos: R$ 20 ( inteira) e R$ 10 (meia), à venda no Sympla e na bilheteria local.


* Estagiária sob supervisão da subeditora Tetê Monteiro