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Em "Ninguém quer", a não judia Joanne (Kristen Bell ) e o rabino Noah (Adam Brody) se apaixonam e enfrentam a oposição da família dele à relação

crédito: netflix/divulgação

 

Duas pessoas se conhecem, se estranham no momento inicial, depois se apaixonam, mais tarde passam por algum problema e, no fim, se reencontram. A fórmula de toda comédia romântica, de uma maneira geral, é esta. Mas são poucas (mesmo) as que se sobressaem no mar de produções – filmes e séries – do gênero.

 


“Ninguém quer”, a série mais vista na Netflix no Brasil (e em vários outros países) ao longo desta semana merece o lugar em que está. É uma delícia, bem resolvida, sem “barrigas” (os episódios, 10 ao todo, têm pouco mais de 20 minutos cada um) e com muita química. Não só entre os protagonistas, mas entre os coadjuvantes também.

 


Ainda não viu? Então vamos lá: em Los Angeles, Joanne (Kristen Bell) apresenta com a irmã Morgan (Justine Lupe) o podcast “Nobody wants this” (o título original da série). As duas falam basicamente sobre os próprios (e frustrados) relacionamentos, com muito sexo (claro) e alguns convidados.

 


Numa noite entre amigos, Joanne conhece Noah (Adam Brody). Não consegue acreditar que ele é um rabino (e a cena da confusão que ela faz no primeiro episódio é hilária). Ele adora basquete, música, cerveja, é bem humorado, inteligente.

 


Acabou de sair de um relacionamento sério, quase noivado, com Rebecca (Emily Arlook), que é tudo o que sua tradicional família, os Roklov, quer. Judeus devem se casar entre si e procriar e garantir a continuidade do próprio povo.

 


Noah é um nome em ascensão na comunidade, e a chegada de Joanne é vista com péssimos olhos por todos. Ela é uma shiksa, termo pejorativo para designar mulheres não judias que se relacionam com judeus. Mais: não tem relação com religião alguma. Pronto, a confusão está armada, porque Joanne é tudo o que Noah quer e vice-versa.

 

Elenco afinado


O que funciona nesta trama bastante simples é justamente o elenco, o mais carismático da produção atual. Não só Kristen Bell (que, no início, dado o tipo físico semelhante ao de Sarah Jessica Parker, emula uma Carrie Bradshaw do século 21) e Adam Brody (tão adorável na casa dos 40 quanto o foi como Seth Cohen de “The O.C.”, duas décadas atrás), mas, em especial, os atores que fazem seus respectivos irmãos.

 


Justine Lupe, a intrépida Morgan, tem um timing incrível para a comédia, que funciona às mil maravilhas tanto nas interações com Kristen, quanto quando está em cena com Timothy Simons. Este interpreta Sasha, o irmão mais velho (e menos brilhante) de Noah, submisso a todas as mulheres à sua volta. As implicâncias de um com o outro geram cenas muito divertidas, fazendo com que as personagens cresçam e deixem de ser apenas escadas para os protagonistas.

 

Cena impagável


Os respectivos pais dos dois personagens vão na mesma onda, com destaque para Tovah Feldshuh, que interpreta Bina Roklov, a mãe de Noah. A cena dela com Kristen durante um brunch é impagável. Lançada em meio à nova onda de antissemitismo mundial, “Ninguém quer” trata do judaísmo com leveza, sem entrar em nenhuma questão atual.

 


Cada episódio aborda um empecilho entre o novo casal, que vive em realidades absolutamente opostas. Joanne é mais passional e insegura, e Noah descobre um novo mundo ao seu lado. Alguém vai ter que ceder, é o que diriam alguns. Este poderá ser o mote de uma aguardada (mas ainda não anunciada) segunda temporada.

 


“NINGUÉM QUER”
• Série em 10 episódios disponível na Netflix