Mesmo sendo considerado um dos maiores violonistas brasileiros, o mineiro de Rio Pomba José Augusto de Freitas (1912-1990) se tornou pouco conhecido entre os conterrâneos. E isso foi motivo para que os professores Celso Faria e Jorge Mello escrevessem o livro “José Augusto de Freitas - Elo perdido do violão brasileiro”. A obra será lançada nesta terça-feira (8/10), às 18h, no Teatro da Assembleia, quando os autores farão um recital/palestra, em que serão apresentados aspectos da trajetória artística e composições do biografado.
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Faria conta que Freitas era considerado o principal discípulo de Quincas Laranjeiras, que, para muitos, foi o introdutor do violão clássico na cena carioca. “Freitas também teve contato com o violonista espanhol Andrés Segovia, o maestro Heitor Villa-Lobos e o violonista paraguaio Agustín Barrios, entre outros nomes famosos. Lembrando que Barrios chegou a morar por vários meses na casa de Freitas”, diz.
A mudança do violonista mineiro com a família para o Rio de Janeiro ocorreu em 1920. “Ele já tocava vários instrumentos, porém, sobreviveu, a grosso modo, por conta da valsa serenata ‘Soluços’. Composta ainda na década de 1920, foi gravada em 1961 pelo violonista paulista Dilermando Reis. Em 1966, Reis a incluiu em seu LP ‘Saudade de Ouro Preto’. Com essa música, Freitas chegou a fazer sucesso, ficando conhecido por conta dessa gravação de Reis, que o considerava como o melhor violonista brasileiro.”
Já morando na capital carioca, Freitas decidiu levar o violão a sério e se tornou aluno de Quincas Laranjeiras. Em 1929, quando o violonista e compositor paraguaio Agustin Barrios veio ao Brasil e fez duas apresentações no Rio, Freitas o convidou para morar em sua casa. Barrios ficou lá do final de 1929 até maio de 1930.
Partituras
Foi então que Barrios passou a dar aulas para Freitas. “O violonista paraguaio lhe deu muitas aulas de instrumento e interpretação, além de lhe deixar várias partituras. A partir deste momento, a performance de Freitas melhorou exponencialmente e ele chega a ser considerado como o melhor violonista brasileiro”, afirma Faria.
Em 1928, Freitas toca com o compositor e violonista pernambucano João Pernambuco, chegando a escrever para ele a partitura da música “Sons de carrilhões”, entre outras. “É que Pernambuco não sabia escrever partituras”, conta Faria.
Na década de 1930, Freitas trabalhou muito em rádio e, de acordo como biógrafo, lançou as irmãs Linda e Dircinha Batista. “E ele era o principal violonista que acompanhava Chico Alves (1898-1952), apelidado de ‘O cantor das multidões’, que tinha um programa na Rádio Cajuti do Rio de Janeiro.”
A partir de 1945, Freitas, que já dava aulas de violão, passa a ensinar também acordeom. Com a chegada da Bossa Nova, as coisas se complicam para ele, que acaba entrando em depressão, comenta Faria.
“JOSÉ AUGUSTO DE FREITAS – ELO PERDIDO DO VIOLÃO BRASILEIRO”
Celso Faria e Jorge Mello
238 páginas
R$ 70
Lançamento nesta terça-feira (8/10), às 18h, no Teatro da Assembleia (Rua Rodrigues Caldas, 30, Santo Agostinho). Entrada franca.