"Hiroshima, meu amor", de Alain Resnais, é um dos destaques da 
programação gratuita da mostra "Expoentes do cinema francês"  -  (crédito: Cine Santa Tereza/Divulgação)

"Hiroshima, meu amor", de Alain Resnais, é um dos destaques da programação gratuita da mostra "Expoentes do cinema francês"

crédito: Cine Santa Tereza/Divulgação

 

Um amplo e diversificado panorama da produção cinematográfica da França pode ser conferido até o fim deste mês no Cine Santa Tereza. Com títulos de diferentes estilos, que cobrem um período que vai desde os anos 1950 até os dias atuais, a mostra “Expoentes do cinema francês” reúne obras clássicas de diretores renomados, como François Truffaut, Alain Resnais e Jean-Luc Godard, e também trabalhos recentes de Valérie Donzelli e Alice Diop.

 


Com o apoio da Cinemateca da Embaixada da França no Brasil e do Institut Français, a mostra gratuita oferece pluralidade estilística e temática. A importância da produção cinematográfica francesa pode ser medida pelo impacto que movimentos como o Realismo Poético dos anos 1930 ou a Nouvelle Vague das décadas de 1950 e 1960 tiveram para a sétima arte, de acordo com Karina Teixeira, uma das programadoras do Cine Santa Tereza e curadora da mostra.

 

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Ela diz que a realização da mostra foi motivada pelo desejo de “revisitar obras já bastante conhecidas do público que acompanha essa cinematografia, de nomes consagrados como Godard, Truffaut e Louis Malle, entre outros, e também filmes menos conhecidos, de outra fase de suas carreiras, assim como apresentar títulos mais contemporâneos, de diretores e diretoras que continuam a tradição de apresentar um cinema provocador, alinhado às discussões de seu tempo”.


Devoção neurótica

 

A despeito desse ponto de convergência, a diversidade de olhares sobre a sociedade – a realidade política e social, as questões existenciais e ambientais e as relações amorosas – dá a tônica, de acordo com a curadora. “A Nouvelle Vague, por exemplo, foi um movimento que impactou o cinema nos anos 1950 e 1960, rompendo convenções e ressaltando o aspecto autoral e criativo do diretor”, destaca.

 

 

A sessão deste sábado (12/10) é com o filme “A história de Adèle H.” (1975), de Truffaut. A trama acompanha a personagem que dá título à obra, filha do escritor francês Victor Hugo, interpretada por Isabelle Adjani, que é abandonada pelo oficial britânico Albert Pinson (Bruce Robinson), por quem é perdidamente apaixonada. O amor não correspondido vira objeto de perseguição e neurose. Ela faz de tudo para atrapalhar o destino de Pinson e, em sua obsessão, mergulha cada vez mais na loucura.


De “Jules e Jim – Uma mulher para dois” (1962) em diante, Truffaut trabalhou com roteiros que mostravam, além da felicidade que o amor pode proporcionar, o lado frio e decepcionante desse sentimento, trazendo à tona a não-correspondência de sentimentos, os encontros e desencontros, os caprichos da vida interferindo nas questões amorosas e a tragédia seguida de uma devoção quase neurótica, presente tanto em “A história de Adèle H.” quanto, de forma mais incisiva, em “O quarto verde” (1978).


Importância histórica

 

Amanhã o público poderá conferir “Hiroshima, meu amor” (1959), de Alain Resnais, com roteiro de Marguerite Duras. O filme, estrelado por Emmanuelle Riva e Eiji Okada, foca um relacionamento amoroso entre uma francesa e um japonês. A obra, considerada uma das mais importantes da história do cinema, fez uso inovador de flashbacks. “Hiroshima, meu amor” já foi comparado a “Cidadão Kane” (1941), de Orson Welles, no que diz respeito a sua relevância para o desenvolvimento da arte de fazer cinema.

 


Karina aponta o longa como um dos destaques da programação. “Tem grande impacto estético e estilístico. Não por acaso se converteu num clássico”, diz. Ela também chama atenção para “A história de Adèle H.”, por sua força dramática; “Adeus, meninos” (1987), de Louis Malle, baseado em fatos de sua infância, focalizando a amizade entre dois garotos, um deles judeu, durante a Segunda Guerra Mundial; e “A batalha de Solferino” (2013), estreia da diretora Justine Triet, que no ano passado ganhou a Palma de Ouro em Cannes por “Anatomia de uma queda”.

 

MOSTRA “EXPOENTES DO CINEMA FRANCÊS”
Em cartaz até 30 de outubro, no Cine Santa Tereza (Rua Estrela do Sul, 89 – Praça Duque de Caxias – Santa Tereza). Ingressos gratuitos, com retirada pelo Sympla ou na bilheteria local, com 30 minutos de antecedência. Programação completa no Portal da PBH.