Em 2023, Fábio Porchat resolveu remexer suas gavetas. Tirou de lá um punhado de textos e mostrou para a namorada, a atriz e roteirista Priscila Castello Branco, vinte esquetes escritos a partir de 2004, quando estudava na Casa das Artes de Laranjeiras (CAL), no Rio de Janeiro. Foi o estopim para o espetáculo “Agora é que são elas”, que estreou no Festival de Curitiba em março deste ano e chega a Belo Horizonte nesta quinta (17/10) e sexta-feira (18/10), com sessões no Cine Theatro Brasil Vallourec.
Estrelada por Júlia Rabello, Maria Clara Gueiros e Priscila, a montagem reúne nove esquetes de Porchat, que dirige o trio. Dos 20 textos guardados, selecionou três e criou outros seis.
“Ele é uma máquina, não para de produzir”, conta Priscila. “Quando me mostrou os textos antigos, chorei de rir. Achei muito atuais os temas, os conflitos. Pensamos: vamos fazer. Aí fomos atrás da Júlia e da Maria Clara.”
No palco, as atrizes se revezam em duos e trios. “Superstição”, por exemplo, é interpretado apenas por Maria Clara e Júlia. Em “Selfie”, sobre um fã que aborda atriz famosa no restaurante, Priscila contracena com Maria Clara.
O texto mais recente, “Bebê”, apresenta um casal, interpretado por Júlia e Priscila, comparando o filho de 8 meses com bebês das amigas, morrendo de medo que ele não seja o mais inteligente de todos.
“Fábio teve o cuidado, na direção, de valorizar as três. Cada uma tem o seu momento. A atriz que é a 'escada' de um esquete também tem, no mesmo esquete, seu momento de brilhar”, diz Priscila. Ela e as colegas se transformam em 20 personagens, femininos e masculinos.
O título do espetáculo alude ao fato de serem três atrizes no palco – não necessariamente a temáticas exclusivas do universo feminino.
“A gente fala daquela pessoa muito otimista, irritantemente otimista, e daquela muito supersticiosa, que adere a todas as fés, sinais, objetos de sorte. Uma cena que amo não tem nada a ver com o universo feminino: a do constrangimento, com o anjo que aparece depois do momento em que você toma ou dá um fora. São situações que a gente já passou na vida. Todo mundo conhece uma pessoa louca do signo ou você mesma é esta pessoa”, detalha a atriz.
Noites de causos e vinhos
Os esquetes convergem para o cotidiano. “Todos trazem essas identificações corriqueiras”, observa Priscila. Há também entrecenas, com bate-papos curtos e descontraídos sobre histórias vividas pelas três atrizes. “O processo de ensaio teve a parte de lembrar casos. Foram noites de vinho e conversa dando risadas. Nesses bate-papos, Fábio ia se municiando de ideias”, relembra.
Por meio dos personagens, as atrizes brincam com diferentes personalidades e perfis, mas também se colocam neste registro. “Contamos o que passamos. Falamos daquele fã que você não sabe se é fã ou hater, que chega e fala: 'Nossa, adoro você, mas seu cabelo tá meio estragado' ou 'Adoro você, mas achava que era mais magra'. É tudo muito leve, para rir mesmo”, explica.
Porchat decidiu rever os antigos textos depois do “cutucão” da namorada. “Começamos a namorar e, como somos atores e roteiristas, fiquei provocando para fazermos algo no teatro. Um dia, ele chegou com os 20 esquetes para eu ler. Alguns ele próprio interpretou com o Paulo Gustavo na época da CAL”, revela Priscila Castello Branco.
“AGORA É QUE SÃO ELAS”
Texto e direção: Fábio Porchat. Com Júlia Rabello, Maria Clara Gueiros e Priscila Castello Branco. Nesta quinta e sexta-feira (17 e 18/10), às 20h30, no Cine Theatro Brasil Vallourec (Praça Sete, Centro). Inteira: R$ 140 (plateia 1) e R$ 120 (plateia 2), com meia-entrada na forma da lei. À venda na bilheteria da casa e na plataforma Eventim. Informações: (31) 3201-5211.