"Bentu" foi gravado por Sérgio Pererê e Badi Assad em Belo Horizonte

crédito: Pablo Bernardo/Divulgação

 

“Bentu”, álbum que marca a parceria de Sérgio Pererê com Badi Assad, foi realizado ao longo de uma semana. Em Belo Horizonte, seu lançamento será neste domingo (20/10), com show gratuito no Teatro Francisco Nunes. Juntos, os dois estão também estreando em palco – a apresentação desta noite é a segunda agendada para esse lançamento (a estreia do trabalho foi marcada para São Paulo, ontem).

 


Obviamente, as nove canções registradas no disco (já disponível nas plataformas digitais) só ganharam vida tão rapidamente porque havia uma interação anterior entre o cantor, compositor e multi-instrumentista mineiro e a cantora, compositora e violonista paulistana. À distância, vale dizer.

 


Admiração mútua


A admiração mútua deu lugar a uma aproximação durante a pandemia, quando Badi realizou lives com artistas que não conhecia. Pererê seria um dos convidados do encontro virtual, que acabou não ocorrendo. Desde então, no entanto, os dois passaram a conversar. Mais tarde, quando Badi veio a Belo Horizonte para fazer show, ele foi assisti-la e os dois começaram um diálogo em torno de um futuro projeto.

 


Que se tornou real a partir do Programa Funarte Retomada 2023. “A gente sabia que iria mergulhar em um processo (criativo), mas não sabia o que iria surgir”, diz Pererê. “Bentu” significa vento no crioulo da Guiné-Bissau (ou criol), país de seus antepassados maternos.

 


“Acredito que a herança africana mais forte que temos no Brasil é em Minas”, diz ele, que é rei festeiro na Irmandade do Rosário Os Ciriacos, em Contagem. Pererê trouxe Badi para participar do ritual de abertura do Reinado, no Sábado de Aleluia, no final de março. “Depois da Quaresma, volta-se para festejar em devoção a Nossa Senhora, Santa Efigênia, São Benedito. É quando os tambores voltam a tocar”, explica.

 


Pois na segunda-feira imediatamente após a Páscoa, os dois entraram no estúdio Engenho, em BH. Ele levou seus instrumentos de percussão; ela, seu violão. “Foi um processo bonito, pois ela se conectou com a energia do Reinado. Em quatro dias, nós tínhamos as nove faixas.”

 

Parceria


Quando trabalha em parceria, Pererê geralmente se dedica mais às letras. Em “Bentu”, não. “Foi um jogo de vaivém, eu fazia uma parte da música; ela, outra. Então, neste disco tem letra e melodia dos dois.” A imersão rápida e intensa em estúdio fazia parte do conceito do projeto.

 


Tanto que não houve ajustes no pós-produção. “No fim das contas, gostamos da ideia de um disco mais enxuto, cru, sem muito rebuscamento. É o som do violão, da percussão e das vozes. Achamos melhor não enfeitar depois.”

 


“Terra de cateretê” traz como referência a dança folclórica do interior do país que muitos conhecem como catira. Na faixa, Pererê e Badi utilizaram as próprias vozes como elemento percussivo. Já “Maria”, canção que encerra o trabalho, tem uma referência mais explícita ao que os dois viveram no encontro com Os Ciriacos: trata da tradição dos Reinados em reverenciar Nossa Senhora do Rosário.

 

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SÉRGIO PERERÊ E BADI ASSAD
Show de lançamento do álbum “Bentu”. Neste domingo (20/10), às 19h, no Teatro Francisco Nunes, Avenida Afonso Pena, 1.321, Centro. Entrada franca. Os ingressos devem ser retirados na bilheteria, duas horas antes da apresentação.