Girafas despertaram a curiosidade de Rodrigo Borges a respeito do sono dos bichos -  (crédito: Rodrigo Borges/Divulgação)

Girafas despertaram a curiosidade de Rodrigo Borges a respeito do sono dos bichos

crédito: Rodrigo Borges/Divulgação

 

 

Desde 2005, o artista visual Rodrigo Borges, de 50 anos, desenvolve continuamente trabalho com fitas adesivas coloridas. Formas geométricas planas e abstratas ganham vida em interação com arquiteturas, pessoas e situações específicas de cada local de exposição.

 

 


A nova mostra de Borges foge ao padrão de quase 20 anos, baseado em composições policromáticas e sem figurações. “Quieto no escuro”, que será aberta nesta quarta-feira (23/10), na GAL, apresenta o conjunto de 13 desenhos criados entre 2020 a 2024, marcando o retorno do autor a figurações naturalistas.

 

 


O artista retrata animais dormindo em meio à escuridão. Os desenhos se aproximam do fotorrealismo, por meio do esforço para o detalhe e a precisão. Tamanha objetividade permite que o público contemple, com a sensação de cumplicidade, as variadas formas de sono dos bichos.

 


O flamingo dormindo em pé sobre uma pata e a girafa descansando, sentada sobre o próprio corpo com o pescoço retorcido, revelam peculiaridades da fauna.

 


Rodrigo Borges conta que a inspiração veio há muito tempo. A curiosidade sobre o sono das girafas o levou a explorar museus de história da arte e cinema – cita os filmes “A vida de uma vaca” (2011) e “Bestiário” (2012) –, além da literatura, caso do livro “Bestiários contemporâneos”, da escritora e professora mineira Maria Esther Maciel.

 

 


O artista busca captar não apenas o repouso dos bichos, mas também os movimentos sutis do ato de dormir, como a respiração e o estágio entre o sono e o despertar. Uma das inspirações veio da pintura do francês Jean Chardin (1699-1779), com seus gatos prontos para o movimento, a tensão que precede a ação.

 

 


“Sempre me interessou pensar a potência do sono”, explica Borges. “O animal não está jogado ou morto, mas no estado comum a todos, apoiado sobre a ação da gravidade. E o dormir tem, engrenada em si mesmo, a promessa do movimento e da ação futura”, diz.

 


A escuridão representa a latente possibilidade de ação. “No escuro tem muito disso. À noite, você e sua imaginação fogem para algo que pode aparecer. O branco do papel, sinto que é onde coloco a coisa, mas o escuro é onde a coisa aparece”, explica Borges, professor da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais.


“QUIETO NO ESCURO”


Desenhos de Rodrigo Borges. A exposição será aberta nesta quarta-feira (23/10), das 16h às 21h, na GAL (Rua Groenlândia, 50, Sion). Em cartaz até dezembro. A visitação, a partir de quinta-feira (24/10), deve ser agendada. Informações podem ser obtidas no Instagram.

 

* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria