Proposta do festival é democratizar a dança de salão, que

Proposta do festival é democratizar a dança de salão, que "migrou" do Baixo Centro para bairros mais abastados de BH

crédito: Pixabay/reprodução

 

 


Chega à terceira edição o Festival Coisa Nossa, que este ano celebra a gafieira. O evento será realizado nesta sexta-feira (25/10) e no sábado (26/10), no Museu de Artes e Ofícios Sesi e no espaço Aquilombar Cultura e Diversidade. Serão 12 horas de aulas com profissionais vindos de diferentes estados, além de dois bailes com DJs, shows ao vivo e performances de dança.

 

 


“Nosso projeto tem a intenção de trazer a dança de salão para um lugar mais popular. Na primeira edição, trabalhamos esta dança no geral. Na segunda, priorizamos a gafieira mineira. Gafieira não só como samba de gafieira, mas enquanto espaço de resistência e dança”, explica Luiza Machado, coordenadora pedagógica do evento.

 

 


“Na terceira edição, estamos trazendo o tema futurista, com a ideia de uma dança de salão que não reproduza os estereótipos sociais impostos”, ressalta. Serão contemplados aspectos “que não sejam binários, que não sejam patriarcais e que sejam afrocentrados, trazendo as raízes das danças de salão”, explica ela.

 

Terreiro

 

Tais raízes têm ligação com os povos originários, com as danças de comunidade e danças de terreiro. “Também há a intenção de diversão mesmo, saindo um pouco do lugar da apresentação por si só. A gafieira pode ser o lugar de comunidade”, afirma Luiza.

 


O evento vem realizando ações desde o início do ano. “A primeira parte foram os cursos introdutórios nos quais eu, Cássia Messeder e Priscila Rangel fomos a centros culturais nas periferias de BH para falar do que a gente acredita e sobre como seria o festival”, conta Luiza.

 


Na segunda etapa, a proposta foi aprofundada com professoras de Belo Horizonte. “Tivemos outro grupo, com a Priscila Rangel, Camila Paolucci e a percussionista Débora Costa, que trouxe uma perspectiva sobre o tema musical da dança de salão mineira e brasileira. Também houve aulas comigo, com a Cássia Messeder e a Roberta Bastos. Nesse aprofundamento, começamos a trazer outras questões e falamos de diferentes ritmos.”

 

 


O Festival Coisa Nossa absorve olhares de várias partes do Brasil. “Nesta sexta e no sábado, haverá imersão com professoras de Fortaleza, Rio de Janeiro e São Paulo. Teremos também bailes nestes dois dias para podermos concretizar a ideia de comunidade, de como a gente pode estar junto para dançar. Eles serão realizados na Aquilombar”, diz Luiza Machado.

 

Baixo Centro

 

Tipicamente brasileira, a gafieira se popularizou no Baixo Centro de Belo Horizonte há vários anos, lembra a professora. “Isso ocorreu em lugares nos quais as pessoas podiam dançar tranquilas, sem serem presas ou consideradas vadias. Naquela época, elas poderiam ser presas por malandragem apenas por dançar”, explica.

 

“Agora, o Baixo Centro de BH virou lugar de hip-hop e afins, enquanto a dança de salão foi para bairros ricos. Ela acabou deixando este lugar tão diverso”, lamenta.

 

Os bailes na Aquilombar têm a intenção de reverter isso. “Queremos firmar esse lugar que pode ser tão popular”, ressalta Luiza.

 

“Estou muito empolgada. Conseguimos falar do lugar que a gente quer, ou seja, tirar a dança de salão do salto e trazê-la de volta para o chão”, afirma.

 


GAFIEIRA FUTURISTA


Festival Coisa Nossa. Nesta sexta-feira (25/10) e sábado (26/10). No Museu de Artes e Ofícios Sesi (Praça Rui Barbosa, 600, Centro), haverá aulas com início às 19h e às 9h, respectivamente. Bailes no Aquilombar Cultura e Diversidade (Rua Itapecerica, 865, Lagoinha), a partir das 20h, nos dois dias. Imersão integral e dois bailes: de R$ 120 a R$ 200, dependendo do lote; passaporte para dois bailes: R$ 35; um baile: R$ 20. À venda na plataforma Sympla.

 


OUTRAS ATRAÇÕES

 

>>> ORQUESTRA JOVEM

Com regência do maestro Rodrigo Toffolo, a Academia Jovem Orquestra Ouro Preto se apresenta nesta sexta-feira (25/10), às 20h, na Fundação de Educação Artística (Rua Gonçalves Dias, 320, Funcionários). O repertório é composto por peças que integram o primeiro disco da Academia, lançado este ano. Ingressos custam R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada). Informações: (31) 3226-6866 ou no site www.orquestraouropreto.com.br.

 


>>> VIOLA DE FEIRA

O cantor, compositor e violeiro mineiro Rubinho do Vale e a cantora Sol Bueno serão as atrações deste sábado (26/10), às 11h, no Centro Cultural Padre Eustáquio (Rua Jacutinga, 550, Padre Eustáquio). Os dois participam do “Viola de feira”, evento idealizado pelo músico Wilson Dias voltado para a preservação da tradição violeira. Acesso gratuito.

 


>>> PÉ DE SONHO

Comemorando seus 10 anos, o grupo de música infantil Pé de Sonho se apresenta neste sábado (26/10), às 17h, no Grande Teatro do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro). O show recebe os convidados Coração Palpita e Paulo Santos (ex-integrante do Uakti). No palco, estarão também Weber Lopes (violão e voz), Geovanne Sassá (percussão e voz), Sarah Lopes, Lia Lopes, Maria Almeida, Amora Nunes, Sami Nunes e Kristoff Silva (vozes), Ricardo Cheib (percussão e bateria), Rogério Delayon (violão, guitarra, banjo e bandolim), Ivan Corrêa (baixo) e Beto Sampaio (flautas). Ingressos: R$ 70 (inteira) e R$ 35 (meia), à venda na plataforma Sympla e na bilheteria.