Paulistano, Thiago Andreuccetti ingressou no Cirque du Soleil em 2018 e fez a turnê

Paulistano, Thiago Andreuccetti ingressou no Cirque du Soleil em 2018 e fez a turnê "Amaluna" com a companhia canadense, PERÍODO EM QUE APRENDEU A TÉCNICA DO MASTRO CULBUTO, USADA EM SEU SOLO

crédito: Weslei Soares/Divulgação

 

Thiago Andreuccetti é um artista paulistano especializado na arte da palhaçaria e no teatro de rua, com foco em técnicas físicas de dramaticidade. Em 2018, ele realizou o sonho de integrar o elenco da companhia canadense Cirque du Soleil.

 


Durante dois anos, interpretou o personagem Tito no espetáculo “Amaluna”, ambientado em uma ilha governada por deusas e inspirada pelos ciclos da lua, celebrando a força e o empoderamento feminino.

 


Com uma turnê que percorreu as Américas do Sul e do Norte, atraindo mais de 1 milhão de espectadores, o artista também formou, ao lado de Gabriella Argento, a primeira dupla de palhaços brasileiros em um show do Cirque du Soleil.

 


Após o fim da temporada, com o início da pandemia em 2020, Thiago retornou ao Brasil, determinado a explorar novos projetos que incorporassem os aprendizados adquiridos com o grupo. Para isso, ele idealizou o solo de palhaço “Ítaca”, que será apresentado gratuitamente em Belo Horizonte, no Teatro Francisco Nunes, na próxima sexta (1º/11) e no domingo. Os ingressos já estão disponíveis para retirada, na plataforma Sympla.

 


“Odisseia”

A peça é claramente inspirada no clássico “Odisseia”, de Homero, que narra o retorno do herói Ulisses à sua terra natal, Ítaca, após a Guerra de Troia. Assim como o herói, o personagem interpretado por Thiago, Santiago, é um marinheiro que embarca em uma épica viagem pelo oceano. No entanto, uma forte tempestade muda o rumo de sua jornada, levando-o a enfrentar desafios que o ensinam sobre solidão, medo e destino.

 


Thiago também menciona como referência o poema “Ítaca”, de Konstantínos Kaváfis (1863-1933), cujo primeiro verso é: “Se partires um dia rumo à Ítaca, faz votos de que o caminho seja longo, repleto de aventuras, repleto de saberes”.

 


“Eu li esse poema há 20 anos, quando ainda estava na escola de teatro, e fiquei apaixonado, esperando o momento de fazer alguma coisa”, comenta o artista. “No texto, o autor faz uma alegoria sobre a própria vida, como se, quando a gente chegasse na Terra, embarcasse em uma viagem. Nessa jornada, a gente deseja que ela seja longa, cheia de conhecimentos e de atividades, sonhando com os encontros da vida e que você chegue velho no seu porto final.”

 

 

Palhaçaria 


Para ele, também foi importante pensar como as contemplações propostas por “Ítaca” se relacionam com a palhaçaria. “O palhaço fala sobre a conexão com outros seres humanos, tentando construir um diálogo honesto e horizontal com as pessoas. É um processo do artista elucidar para todo mundo que ele é só mais um ser humano que está ali, quase que desnudo, mostrando que é difícil existir, mas que, mesmo assim, de alguma maneira, as coisas vão indo”, afirma.

 

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Acrobacias

Concebida para um público de todas as idades, a peça é um espetáculo visual com diversas acrobacias surpreendentes. Um dos destaques é o mastro culbuto, técnica inédita em performances no Brasil. Para explicar seu movimento, é possível compará-lo a uma combinação do mastro chinês, clássica técnica circense, com o brinquedo brasileiro conhecido como João Bobo.

 


O equipamento utilizado por Thiago é uma releitura do instrumento do artista francês Vincent Martinez. Na base do aparelho, há um círculo de madeira curvo, que proporciona o movimento semelhante ao brinquedo. A partir dessa base, ergue-se uma barra de ferro de 3,20 metros. Esse objeto se assemelha em vários aspectos ao mastro de um barco em alto-mar.

 


Para ousar com o novo instrumento, Thiago aprendeu primeiro a trabalhar com o mastro chinês, enquanto ainda estava em turnê com o Cirque du Soleil. “Com a rotina intensa de apresentações, você passa muito tempo dentro da tenda com os artistas. E um dos atos no nosso show era o mastro chinês, executado por um artista russo que sentava do meu lado no camarim. Eu admirava muito esse trabalho dele e por isso comecei a dar os primeiros passos no mastro”, diz Thiago.

 

 

Esforço físico


Por ser uma técnica que demanda grande esforço físico, o artista precisou adotar um novo estilo de vida, que o permitisse performar de modo exemplar e sem se machucar. Além de se dedicar ao autoconhecimento, para entender melhor a própria força, ele incorporou práticas como yoga, mobilidade, pilates e calistenia em seus treinos diários.

 


Atualmente, após mais de dois anos de turnê pelo Brasil com "Ítaca", que estreou em julho de 2022, Thiago afirma que sua desenvoltura em cena e sua liberdade como palhaço aumentaram consideravelmente.

 


“Com o tempo, você se aproxima mais da obra. Minha relação com o barco e com o mastro que manipulo em cena cresce, e isso consequentemente acontece com o público. Quanto mais tempo passa, mais à vontade você fica e acaba conseguindo realizar os movimentos com mais fluidez”, comenta.

 

“ÍTACA”
Solo de Thiago Andreuccetti. Apresentações na próxima sexta (1º/11), às 20h, e no domingo (3/11), às 17h, no Teatro Francisco Nunes, no Parque Municipal Américo Renné Giannetti (Av. Afonso Pena, 1.377 - Centro). Duração: 50 minutos. Classificação: a partir de 6 anos. Entrada gratuita, com retirada de ingresso pela plataforma Sympla.


*Estagiária sob supervisão da editora Silvana Arantes