Marcos Valle imprime em

Marcos Valle imprime em "Túnel acústico" seu estilo, que define como variado e natural

crédito: Leo Aversa/Divulgação

 

Um dos ícones da bossa-nova, o cantor, compositor e pianista Marcos Valle está comemorando 81 anos de vida e 63 de carreira, em plena atividade artística. O músico carioca acaba de voltar de turnês pela Europa e Estados Unidos. Ele também está envolvido com a divulgação de seu mais recente álbum, “Túnel acústico”.

 

 

O disco, que tem 13 faixas, sendo duas instrumentais, e conta com parcerias de Valle com Tom Veloso, Céu, Laudir de Oliveira, Paulo Sérgio Valle, Joyce Moreno e Leon Ware, está disponível nas plataformas digitais.

 


“Tenho maneiras diferentes de escrever música, às vezes, são melodias e harmonia, às vezes, o groove é o foco. Mas toda a música que fiz ao longo da minha carreira é unificada. É tudo natural e sincero. E é isso que queria trazer para o meu novo álbum”, afirma.

 

 

Para gravar o trabalho, ele contou com dois integrantes do Azimuth, Alex Malherios (baixo) e Renato Massa (bateria), além de Ian Moreira (percussão), Paulinho Guitarra (guitarra) e Jessé Sadoc (trompete).

 


Ele explica que o título do álbum foi escolhido porque imagina sua vida como um túnel. “Estou nessa carreira há mais de 60 anos e sempre com a música me levando e nem quero ver o final do túnel, porque está bom assim. Mas é sempre a música me levando pelo tempo e, enfim, pelos anos de vida.”

 


Valle explica que no álbum faz uma homenagem ao compositor e pianista norte-americano Burt Bacharach (1928-2023), com a música “Thank you Burt”. “Ele morreu em fevereiro do ano passado, período em que estava gravando o disco”, lembra Valle. “Era um compositor maravilhoso, um dos influenciadores da minha música. Eu o conheci no Brasil e cheguei a fazer uma entrevista com ele, a pedido do jornal O Globo.”

 


“Túnel acústico” traz uma parceria de Valle com o músico norte-americano Leon Ware (1940-2017), numa faixa feita com emprego de Inteligência Artificial. O brasileiro explica que, quando morou nos Estados Unidos, de 1975 a 1980, fez várias músicas com Leon Ware.

 

“E tinha uma gravada em uma fita cassete, aliás, era um demo que nunca havia sido lançada. E quando o (coprodutor) Daniel Maunick a ouviu, disse que tínhamos que gravá-la de qualquer maneira. Disse para ele: isso é um demo de 1979 e só tenho em fita cassete e a música nem está terminada.”


Inteligência Artificial

O produtor não desistiu da ideia. “E com o recurso da Inteligência Artificial, Daniel manteve a voz do Leon nos lugares em que a gente havia terminado a melodia e a tirou em outros nos quais ele estava apenas cantarolando. Depois disso, coloquei a minha voz. Ele juntou as duas vozes e ficou simplesmente maravilhoso. Cantei essa música nos shows das minhas turnês. Foi uma emoção muito legal”, afirma.

 

 


Valle afirma que, no álbum, tentou ressaltar o seu estilo variado, com a escolha das músicas que compôs. No exterior, ele lançou o disco nos formatos digital, vinil e cassete. “Meu público é muito descolado, jovem e adora isso. Pretendemos lançar o álbum no formato físico também no Brasil”, diz.

 


Com idas agendadas à China e à Argentina, o carioca pretende fazer uma turnê de divulgação do disco também pelo Brasil. “Os fãs brasileiros pedem e acho que a hora é essa. Vamos aproveitar esse disco, promovendo o lançamento também no Brasil.”

 


Ele atribui o fato de conquistar um público sempre jovem ao seu lado criança. “Tenho esse lado e funciona bem na música. Funciona não só no sentido de estar me comunicando com o público jovem, mas também por curtir muito aquilo que estou fazendo. Faço essas turnês longas com um prazer enorme. E olha que são shows lotados e sempre com um público jovem, muita garotada e lugares ótimos. Então, é essa energia de criança, pois estou ali com meus amigos que são os músicos que viajam e tocam comigo.”

 


O artista comenta que, “além de excelentes músicos, são meus amigos e companheiros de trabalho. Tenho a maior felicidade de estar com eles ali, conversando sobre música e bolando arranjos”. Sobre a longevidade de sua carreira, ele diz que “a música é um prazer possível, diferentemente de um jogador de futebol, que chega a certa idade na qual não pode mais jogar. A música, não. Ela nos permite continuar e, com isso, vamos ganhando experiência cada vez mais. Como gosto de turnês, tenho que me cuidar também e procuro fazer isso. Mas a felicidade, digamos assim, juvenil, de estar nos palcos e curtir isso tudo, mantenho acesa.”

 


Valle diz ser muito grato também ao pessoal da Bossa Nova. “Pelo falo de eles terem me abraçado e me aceito. Isso a gente não pode esquecer nunca, que é para mantermos a nossa humildade. Podemos até ter orgulho do que fazemos, mas a vaidade é que é perigosa. Não podemos esquecer o início, os encontros, por isso procuro relembrar isso o tempo inteiro, exatamente para manter a humildade e não me achar o rei da bola.”

 

 

FAIXA A FAIXA

• “Assim não dá” (Marcos Valle)


• “Feels so good” (Marcos Valle e Leon Ware)


• “Não sei” (Marcos Valle e Céu)


• “Todo dia santo” (Marcos Valle)


• “Thank you Burt” (for Bacharach) ( Marcos Valle)


• “Life is what it is” (Marcos Valle e Laudir de Oliveira)


• “Túnel acústico” (Marcos Valle)


• “Bora meu bem” (Marcos Valle e Joyce Moreno)


• “Para de fazer besteira” (Marcos Valle)


• “Palavras tão gentis” (Marcos Valle e Moreno Veloso)


• “Tem que ser feliz” (Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle)


• “Feels so good” (instrumental) (Marcos Valle e Leon Ware)


• “Life is what it is” (instrumental) (Marcos Valle e Laudir de Oliveira)


“TÚNEL ACÚSTICO”
• Marcos Valle
• 13 faixas
• Disponível nas plataformas digitais