O interior de Minas ganha protagonismo em “As mineiras, uai”, seriado de oito episódios criado por Silvio Cerceau, que acompanha amores e desventuras de mulheres em diferentes cidades do estado. A direção é de Márcio Trigo, que trabalhou em “Sítio do Picapau Amarelo”, “Os caras de pau” e “Dra. Darci”, entre outras produções.

 

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Com equipe majoritariamente mineira, o projeto se inspira em contos publicados no site de Cerceau. Se as histórias escritas em 2012 tinham como protagonistas as belo-horizontinas, a primeira temporada da produção audiovisual destaca oito personagens fictícias de diferentes idades que vivem no Centro-oeste mineiro e no Vale do Jequitinhonha.

 

 



 


 

As filmagens já começaram em Pitangui, na Região Central, com previsão de estreia em 2025 no streaming. Ainda não está definido onde será exibido o seriado da Cangaral Produções, com orçamento de R$ 2,5 milhões e viabilizado pela Lei Paulo Gustavo.

 

“Embora seja uma produção mineira, os episódios trazem histórias com as quais mulheres de todo o Brasil podem se identificar. Temos personagens que sofrem por amor, há vítimas de feminicídio, uma protagonista trans, mulheres sonhadoras e aquelas que passaram por muitas decepções ao longo da vida”, afirma Silvio Cerceau.

 

 

Seriado em vez de série

 

A classificação como seriado tem motivo. Cerceau explica que enquanto séries televisivas se concentram em contar uma única história ao longo de vários episódios, a proposta de “As mineiras, uai” é trazer episódios independentes de personagens que não se cruzam. Oito cidades foram escolhidas como cenários: Pitangui, Igaratinga, Felisburgo, Rubim, Araçuaí, São Gonçalo do Pará, Jequitinhonha e Maravilhas.

 


“Todos os municípios colecionam atrações gastronômicas e turísticas que pretendemos explorar. A seleção também levou em conta cidades que precisavam ter mais contato com projetos culturais”, afirma Silvio Cerceau.

 


O ator e diretor de elenco Maurício Canguçu reforça a importância de valorizar as oito localidades, que, segundo ele, podem se tornar pontos turísticos após a estreia da produção.

 

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“Colocamos a mineiridade em foco e apreciamos cenários do interior do estado. Temos diversas riquezas naturais e lindas paisagens em cada um dos lugares em que vamos gravar. Nada neste mundo vende a paisagem como o audiovisual. Nosso objetivo é que as pessoas assistam ao seriado e sintam vontade de conhecer as pequenas cidades mineiras”, diz Canguçu, sócio da produtora Cangaral.

 

Trans encantadora

 

A atriz e radialista Kayete é uma das protagonistas. No quinto episódio, ela interpreta Duda, personagem do Vale do Jequitinhonha.

 


“Mulher trans encantadora, Duda é chamada de 'A oferecida do Jequitinhonha' por ser extremamente prestativa”, conta Kayete. “Ela ajuda senhorinhas a segurar sacola na praça, dá mãozinha aos feirantes e oferece informações para quem está perdido. Os pais são apaixonados por ela. Ser mulher trans não quer dizer nada para eles. Duda é uma filha extremamente amada.”

 

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A principal preocupação do casal é a solteirice da filha, considerada “encalhada”.. Tudo muda quando um rapaz bonito chega à cidade e Duda se coloca à disposição para ajudá-lo.

 


“Quando personagens LGBTs são escritos no Brasil, é muito difícil escapar dos dramas que fazem parte da realidade dessas pessoas”, afirma Kayete. “Às vezes, a descoberta (da sexualidade) é complicada, a família não aceita e muitos são expulsos de casa”, comenta.

 


“O que mais me fascinou no roteiro do Silvio é a maneira como Duda é querida pelos pais. O que importa para eles é que a filha está 'encalhada', estão desesperados para que ela se case logo”, brinca Kayete.

 

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Episódios mais dramáticos, como o da senhora de 80 anos prestes a se despedir da família, se entrelaçam com outros bem-humorados, como é o caso da “Rainha de Felisburgo”, mulher que nunca se casou e acaba se apaixonando por meio da internet.

 

* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria

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