Reconhecido como patrimônio cultural nacional pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em fevereiro deste ano, o choro vive um momento de ebulição em Belo Horizonte. Pouco mais de um mês depois da 13ª edição do Festival BH Choro, realizado na Praça Duque de Caxias, no Bairro Santa Tereza, outro evento dedicado ao gênero volta a ocupar o mesmo local neste fim de semana, agora celebrando o centenário de Waldir Azevedo (1923-1980) – com um ano de atraso, devido aos trâmites relativos à aprovação de projeto e captação de recursos.

 




A programação conta com shows do cavaquinista Ausier Vinícius e grupo Flor de Abacate, nesta sexta-feira (11/10). No sábado, sobem ao palco o coletivo feminino Abre a Roda – Mulheres no Choro convidando a flautista e saxofonista carioca Daniela Spielmann e o músico, produtor e pesquisador, também carioca, Henrique Cazes. No domingo (13/10), o grupo BH Choro e a Velha Guarda do Clube do Choro de Belo Horizontes se apresentam.

 

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“Ausier Vinícius é o maior intérprete de Waldir Azevedo em Minas Gerais e talvez no Brasil. Temos a representação feminina, com o Abre a Roda com a Daniela Spielmann, e ainda Henrique Cazes, grande músico e historiador, que já gravou discos e escreveu livros dedicados a Waldir”, pontua Paulo Ramos, responsável pela realização do BH Choro e presidente do Clube do Choro de Belo Horizonte.


Sucessos e Lado B

 

Ramos explica que a escolha dos grupos e artistas convidados foi orientada pelo desejo de apresentar um panorama o mais diversificado possível da obra de Waldir Azevedo. “A gente tem conversado coletivamente para não ter muitas músicas repetidas. Claro que os grandes sucessos, como 'Brasileirinho' ou 'Delicado', podem aparecer em mais de um show, mas com interpretações distintas”, destaca.

 

 

Henrique Cazes, que vai se apresentar acompanhado por músicos locais – Sílvio Carlos (violão 7 cordas), Carlos Walter (violão 6 cordas), Lucas Ladeia (cavaquinho) e Daniel Guedes (pandeiro e percussão) –, adianta que vai executar 14 músicas “lado B” do repertório de Waldir Azevedo e uma composição de Paulinho da Viola e Cristóvão Bastos, “Um choro pro Waldir”. Ele destaca a importância de trazer à tona músicas menos conhecidas do compositor carioca.


“Uma parte grande da obra do Waldir não saiu em LP, foi gravada só em 78 rotações e nunca foi reeditada. Ele foi um grande vendedor de discos, então compunha e gravava o tempo todo. Por conta disso, muitas músicas ficaram meio apagadas”, diz, citando como exemplos “Paulistinha” – composta em contrapartida ao sucesso “Carioquinha” –, “Quitandinha”, “Brincando com o cavaquinho” – uma de suas músicas mais virtuosísticas, “incrivelmente esquecida” – e “Alvoroço”, todas elas incluídas no roteiro de seu show.

 

 

“Gosto muito de mostrar esse lado B, porque desperta a curiosidade das pessoas e dá uma dimensão maior do compositor”, diz.


Para Cazes, Waldir Azevedo foi o músico que mostrou ao mundo o que o cavaquinho pode fazer. “Ele foi o cara de maior sucesso popular da música instrumental no Brasil, não teve outro que chegou onde ele chegou. Era um grande performer, e as composições dele têm a capacidade de se comunicar com o público em geral; você não precisa ser especialista”, diz.


Programação

Hoje (11/10)
19h30 – Ausier Vinícius e Grupo
21h – Flor de Abacate

Sábado (12/10)
17h – Abre a Roda Mulheres no Choro convida Daniela Spielmann
18h30 – Henrique Cazes e Grupo

Domingo (13/10)
17h – Grupo BH Choro
18h30 – Clube do Choro de Belo Horizonte


FESTIVAL DE CHORO – CENTENÁRIO DE WALDIR AZEVEDO
Nesta sexta, sábado e domingo (11, 12 e 13/10), na Praça Duque de Caxias, no Bairro Santa Tereza. Evento gratuito e com acessibilidade

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