A vida, a própria e a dos outros, já serviu de inspiração para incontáveis escritores. Sitcom que estreia na próxima segunda-feira (14/10), no canal pago TNT e na plataforma Max, “Body by Beth” não existiria, não fosse a relação da roteirista e criadora Carolina Castro com sua própria mãe – que se chama Beth, a personagem-título da comédia estrelada por Marisa Orth.


“Eu sou a Carol (personagem de Verônica Debom) e a minha mãe é a Beth. Sou um pouquinho, um pouquinho não, muito acima do peso. Vim de uma família em que a mãe corre maratona, a irmã mais velha é personal trainer, os dois mais novos são marombeiros. E eu saí escritora e produtora”, diz Carolina.


Pois bem, no começo da história ficcional, conhecemos a família. A apresentação, por sinal, é com uma canção que virou sinônimo de academia na década de 1980: o clássico “Estrelar” (“Tem que correr, tem que suar, tem que malhar (vamos lá!)”), de Marcos Valle.


Beth (Marisa Orth) tem um monte de glórias. Passadas, diga-se. Assim como a própria academia, que já viveu dias muito melhores. Com três fiéis alunas que ainda insistem na aeróbica, e uma sala de musculação com aparelhos caquéticos, prontos para provocar algum acidente, ela não quer deixar a peteca cair.


CORPO REAL

Seu filho, Daniel (Victor Lamoglia), professor na academia, sonha com a chegada de novos equipamentos. A outra filha, Carol (Verônica Debom), passa longe da malhação. Trabalha com e-commerce e tenta, sem sucesso, fazer com que seus colegas entendam que manequim acima de 40 é o corpo real – para eles, é plus size. Ela logo se dá mal neste mundo de padrões fictícios.


A família se completa com Ricardo Manuel, hoje Ri-Man (Diogo Vilela), o ex de Beth e pai dos dois. Halterofilista na juventude, ele comanda um estúdio de yoga ao lado do companheiro, Ronaldo (Guilherme Weber). Academia e estúdio dividem o mesmo imóvel. O ex-casal, ícone fitness dos anos 1980, vai ter que se unir para tentar combater um novo “inimigo”: uma academia supermoderna que está sendo inaugurada em frente à deles.


Logo fica claro que cenário e personagens estão a postos para discutir as diferenças. “Beth e Ricardo foram casados há muitos anos. Ele era um cara ‘maromba’, símbolo do macho e infartou, quase morreu, por causa do padrão que foi imposto a ele. O Ronaldo foi um grande catalisador na vida dele. Então, a série trata de etarismo, gordofobia, qualquer tipo de preconceito. Acho importante esses temas entrarem na discussão do grande público, pois não é um numerozinho que vai determinar quem você é”, diz Carolina.


Ela cresceu vendo o humor do “TV Pirata”. “Foi um sonho ter os dois (Marisa e Diogo). As pessoas que conhecem a minha mãe falam que a Marisa está falando igualzinha a ela. É a clássica expoente do humor daquela época”, comenta a roteirista.


Diretora de Conteúdo Roteirizado da Warner Bros. Discovery, Silvia Fu afirma que Marisa foi a primeira opção para a protagonista. “Ela se identificou muito, porque tinha uns estigmas em cima dela, sendo a pessoa da perna mais gostosa do mundo, né? Ela entendia esse lugar da crítica. Depois veio o Diogo, e a gente precisava de um cara que é professor de yoga, mas que remeta a outro momento. Então, tudo foi se encaixando. Na verdade, não tivemos recusas, as pessoas se apaixonaram pelo projeto.”


Resta agora saber o que a verdadeira Beth, mãe de Carolina, vai achar da Beth de Marisa Orth. “Ela mora no Canadá, então vai ver só quando chegar lá”, afirma a roteirista.

“BODY BY BETH”
• Série em 10 episódios. Os dois primeiros estreiam segunda (14/10), às 22h30, no TNT. Novos episódios às segundas. A Max lança cinco no mesmo dia e
a outra metade em 25 de novembro.

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