Criada em Belo Horizonte, em 2013, a banda Legião V desenvolveu uma relação de proximidade com a família de Renato Russo (1960-1996), especialmente depois de ter sido apontada pela mãe do artista como a melhor cover da Legião Urbana. Essa proximidade resultou na criação do espetáculo “Renato Russo – Cronologicamente”, que estreia nesta sexta-feira (18/10), no teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas.

 

 


Fundador, vocalista e violonista da Legião V, Nilson Júnior convidou a irmã de Renato, Carmem Manfredini, para dividir o palco com o grupo, numa dinâmica pela qual se alternam histórias que ela conta sobre a vida do artista com músicas executadas pelo grupo, que ilustram essas histórias. “Com frequência, nos apresentamos em Brasília e sempre que estamos lá vamos à casa da mãe do Renato. Pensamos em fazer esse espetáculo com alguém da família contando histórias sobre ele que ninguém conhece”, diz Júnior.

 



 


Carmem vai falar da infância do irmão; de seu primeiro grupo, o Aborto Elétrico; da fase em que se autodenominou Trovador Solitário; e da posterior criação da Legião Urbana, bem como dos amores de Renato e de sua relação com as drogas. “Tem muitas histórias legais, sobre a inspiração para algumas das composições, sobre como foram criadas, coisas que são desconhecidas do público em geral, porque ficaram mesmo só no âmbito familiar”, destaca.

 

 


A música “Pais e filhos”, por exemplo, alude ao suicídio de uma prima de Renato no dia do aniversário de 18 anos dela. Carmem conta que o irmão era muito pequeno, mas ficou com a lembrança desse episódio trágico e, já adulto, escreveu sobre, de forma expressa na frase “ela se jogou da janela do quinto andar”. Ela diz que muitas das composições do irmão têm base familiar. “Antes de ser Renato Russo, ele sempre foi o Renato Manfredini Júnior, o garoto do quarto ao lado que me confidenciava coisas”, afirma.

 

 

 

Segundo Carmem, nos shows que a Legião V faz em Brasília, ela é convidada a subir ao palco pontualmente para contar alguma passagem da vida do irmão ou falar sobre alguma música. “Eles agora deram um passo além; vamos para um teatro, contando a história de Renato com um roteiro, então fiquei muito feliz, porque é uma outra proposta, com mais espaço para trazermos para o público coisas que não são conhecidas.” O roteiro foi escrito com base no repertório escolhido pela Legião V.

 


“Foi a partir do repertório, pensado em ordem cronológica, que definimos sobre o que eu vou falar, mas, ao mesmo tempo, fico meio livre; tenho um texto, mas posso colocar ideias ou lembranças que venham a surgir na hora, o que acho que dá um caráter mais familiar mesmo, da minha vivência com Renato”, diz.

 


O espetáculo conta, ainda, com exibição de fotos e vídeos inéditos, do acervo da família, projetados em um telão.

 

 


Nilson Júnior observa que o roteiro é pensado em ordem cronológica, mas não da discografia da Legião Urbana, e sim da vida do artista. O espetáculo começa com “Giz” (do álbum “O descobrimento do Brasil”, de 1993), que fala da infância do artista.

 

 

 


“Pensamos também em abordar a carreira solo do Renato, fazendo alguma coisa do 'The Stonewall celebration concert' (1994) e uma em italiano (do álbum “Equilíbrio distante”, de 1985), mas, em função do limite de tempo, vai ser só uma, 'Mais uma vez', que ele compôs com Flávio Venturini (originalmente lançada pelo 14 Bis no álbum “Sete”, de 1987, e depois incluída no disco póstumo de Renato “Presente”, com a voz solo do artista)”, comenta.

 


“Queremos que o público cante conosco. Tem muito lado B que, por trás, tem histórias legais para contar, mas fizemos essa opção para ter uma maior interação com as pessoas, que vão se sentir parte do espetáculo”, diz. O vocalista da Legião V cita, por exemplo, “Há tempos”, que Renato escreveu para o pai. “Ele também aborda, em 'Faroeste caboclo', um triângulo amoroso que viveu, com uma prima e com Flávio Lemos, do Capital Inicial”, pontua.

 

 


Júnior teve contato com a obra da Legião Urbana quando ainda era criança, por influência paterna. “Ainda com 10 anos, passei a ouvir com mais atenção todos os discos e pesquisar sobre a vida dele. Comecei a tocar instrumentos na adolescência e resolvi montar minha primeira banda cover, a Soldados; depois fui para a igreja evangélica, fiquei por quase 10 anos e só então criei a Legião V”, conta.

 

 

 


A Legião V já se apresentou em quase todos os estados do Brasil – só falta o Amapá, conforme diz. “Sinto essas músicas como se falassem de mim. Renato Russo e Legião Urbana fazem parte da minha vida em tempo integral”, comenta.

 


“RENATO RUSSO – CRONOLOGICAMENTE”


Com a banda Legião V e Carmem Manfredini, nesta sexta-feira (18/10), às 20h, no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Ingressos a R$ 65 (inteira, 2º lote) e R$ 32,50 (meia, 2º lote), à venda pela Sympla e na bilheteria do teatro.

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