A paixão por vinhos já se tornou ciência. "Enólogo" é o nome dado ao indivíduo que não apenas aprecia a bebida alcoólica derivada da uva, mas se dedica às técnicas de produção, conservação e distribuição do vinho. É a esse grupo pertence o personagem Daniel, interpretado por Herson Capri em “Memórias do vinho (Per Bacco)”.

 


Aos 80 anos, Daniel dedicou a vida à sua preciosa adega. O interesse demasiado por vinhos, no entanto, gerou conflitos com o filho, também chamado Daniel, vivido por Caio Blat no espetáculo que será encenado em BH nesta sexta-feira (18/10) e sábado, no Sesc Palladium.

 


Após quase duas décadas afastados, os dois se reencontram quando o filho enfrenta dificuldades financeiras no exterior. Ao propor vender algumas das garrafas do pai para se reequilibrar financeiramente, outro embate se estabelece, e pai e filho relembram mágoas do passado.

 




“Memórias do vinho (Per Bacco)” é o último texto da atriz e dramaturga Jandira Martini, que morreu em janeiro deste ano, em decorrência de um câncer de pulmão, aos 78 anos. Coescrita por Maurício Guilherme e dirigida por Elias Andreato, a peça tem como pano de fundo o universo dos vinhos, mas trata essencialmente de um reencontro conturbado entre pai e filho.

 


Identificação

“Todos nós nos identificamos um pouco com o enredo, já que a peça fala de questões familiares. Ou você já viveu uma situação parecida, ou conhece alguém que passou por algo que se assemelha à história. Há sempre uma referência pessoal”, diz Elias Andreato. “O que me fascinou como artista foi a possibilidade de falar sobre o encontro de um pai e um filho e todos os conflitos, paixão e desafetos que isso gera.”

 


Embora tenha uma profícua carreira na TV, tendo participado de novelas como “Tropicaliente” (1994), “Mulheres apaixonadas (2003)” e “Insensato coração” (2011), Herson Capri se mantém fascinado pelo teatro, conforme diz. “Várias vezes saí correndo da novela para ir fazer teatro. Fazia os dois ao mesmo tempo.”

 

 


Ele pontua que começou no teatro aos 15 anos e no palco aprendeu a arte da interpretação. “Só fui começar a fazer televisão aos 22. Tenho verdadeira paixão pelo teatro. Além de ator, sou produtor e diretor. A novela e o audiovisual como um todo têm um rendimento salarial maior e apesar de gostar de trabalhar na TV, o teatro é a minha formação”, salienta.

 

Pai e filho


Não é a primeira vez que o ator contracena com Caio Blat. Os dois gravaram juntos “Beleza fatal”, telenovela inédita da Max, que tem estreia prevista na plataforma para o ano que vem. Assim como em “Memórias do vinho”, os atores interpretam pai e filho no folhetim.

 


Durante o espetáculo, Daniel (o filho) encontra um diário de vinhos escrito pelo pai. O caderno, muito utilizado para registrar especificidades das bebidas provadas e garrafas adquiridas, acaba revelando boa parte da história de vida do homem que o criou.

 


Ciúmes

“Daniel tem uma adega muito especial e sofisticada. O filho seria o herdeiro do espaço. Para o pai, houve muito tempo investido na adega. Isso gerou ciúmes. É como se ele tivesse reservado mais tempo para o vinho do que para a mulher e para o filho”, comenta o diretor.

 

 


“‘Memórias do vinho’ tenta demonstrar a possibilidade do acolhimento, apesar dos conflitos gerados pela divergência de escolha de carreira que o pai desejava para o filho e a dificuldade que ele tem em aceitar as opiniões do Daniel. Apesar disso, tentamos mostrar a possibilidade de um consenso. O amor é capaz de construir uma relação muito mais amena entre eles”, diz Herson Capri.

 

 

“MEMÓRIAS DO VINHO (PER BACCO)”
De: Jandira Martini e Maurício Guilherme. Direção: Elias Andreato. Com Herson Capri e Caio Blat. Nesta sexta (18/10) e sábado, às 21h, no Grande Teatro Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046 - Centro). Ingressos: Plateia 2: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia); plateia 3: R$ 39,60 (inteira) R$ 19,80 (meia); plateia 4: R$ 39,60 (inteira) e R$ 19,80 (meia), à venda no Sympla e na bilheteria do teatro.


Outros espetáculos


>>>“GASLIGHT”

Última direção para teatro de Jô Soares (em parceria com Maurício Guilherme), o espetáculo “Gaslight, uma relação tóxica” está em cartaz no CCBB-BH. A trama trata da relação de um jovem casal, Jack (Giovani Tozi) e Bella (Erica Montanheiro).

 

O texto, de 1938, é do dramaturgo britânico Patrick Hamilton. No original, a peça se chama “Gas light” (lampião). Foi ele que originou o termo gaslighting, que se refere ao abuso psicológico por meio da distorção ou falsificação de fatos. Sessões de quinta a segunda, às 20h, no Teatro 1 do CCBB (Praça da Liberdade, 450, Funcionários, (31) 3431-9400), até 4 de novembro. Ingressos: R$ 30 e R$ 15 (meia).


>>>“AGORA É QUE SÃO ELAS”

A peça "Agora é que são elas", que reúne nove esquetes escritos por Fábio Porchat, também responsável pela direção, será apresentada nesta sexta-feira (18/10), às 20h30, no Cine Theatro Brasil Vallourec (Av. Amazonas, 315, Centro).

 

Estrelada por Priscila Castello Branco, Maria Clara Gueiros e Júlia Rabello, a montagem leva para o palco situações corriqueiras, pelo filtro da comédia. As atrizes se revezam em cena, atuando em duplas ou em trio, e se desdobram em 20 diferentes personagens. Ingressos para a plateia 1 a R$ 140 (inteira) e R$ 70 (meia) e para a plateia 2 a R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia), à venda pela Eventim e na biheteria do teatro.


>>>"E AINDA ASSIM SE LEVANTAR"

O espetáculo "E ainda assim se levantar", da Cia. Luna Lunera, retorna aos palcos de BH neste fim de semana. Com direção de Isabela Paes, integrante da companhia, e dramaturgia de Marcos Coletta com a Luna Lunera, a montagem parte de uma pergunta central: como encontramos força em momentos de esgotamento iminente?

 

Essa reflexão foi o ponto de partida para a criação da montagem, que convida o público a explorar as complexidades e resiliências humanas. "E ainda assim se levantar" terá sessões neste sábado (19/10), às 20h, e domingo (20/10), às 19h, no Teatro Raul Belém Machado (Rua Jauá, 80, Alípio de Melo - 31.3277-6437), com ingressos a R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada), à venda pelo Sympla.


*Estagiária sob supervisão da editora Silvana Arantes

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