Histórias, todo mundo tem alguma para contar. Mas tem gente que tem mais – e sabe como contá-las. A atriz Teuda Bara, quase 83 anos (faz aniversário em 1º de novembro), é um poço de boas histórias, que vêm a público de diferentes maneiras. Peça, websérie, curta: projetos distintos que nasceram a partir de uma trajetória rica em trabalho, amigos, militância e afetos.

 

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Teuda, ao vivo e em cores, poderá ser vista nesta sexta-feira (18/10), no Teatro Sesiminas, com o monólogo “Luta”. Texto e direção de Marina Viana, Cléo Magalhães e João Santos, o projeto nasceu alguns anos atrás, “quando estourou a confusão daquele governo horrível, que nos tirou o patrocínio”, lembra ela, referindo-se ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

 

 



 


O começo desse projeto rende, claro, uma boa história. Entre 2018 e 2019, as coisas não estavam fáceis. Ela ligou para o jornalista e escritor João Santos, que havia publicado o livro “Teuda Bara: Comunista demais para ser chacrete” (2016). “João, tenho que trabalhar”, disse a ele.

 

“Doida”

 

A amizade dos dois já vinha de muito tempo – além do perfil biográfico, a convivência havia rendido o espetáculo “Doida” (2015), dramaturgia dele criada a partir de um conto de Carlos Drummond de Andrade. Quando a montagem foi apresentada na ZAP 18, a atriz e diretora Cida Falabella, fundadora do espaço teatral, foi presenteada com um exemplar da biografia. “Este livro dá uma peça”, afirmou.

 


João Santos se lembrou da conversa com Cida. “Ele me falou: ‘Vou escrever uma peça sobre luta, que é a luta da vida, para fazer teatro, sobreviver’”, conta Teuda. Com os dois parceiros já citados, o monólogo nasceu.

 

 


Em cena, Teuda relembra várias passagens de sua vida: a menina que foi estudar em colégio interno, a chegada ao teatro, as várias histórias com Dercy Gonçalves e Chacrinha.

 


Está sozinha em cena, “mas não me sinto isolada não”, diz ela. “O João, a Marina e o Cléo, de alguma forma, contracenam comigo”, afirma Teuda, que apresenta o monólogo sempre que a agenda do Galpão permite. “Ela é puxada”, comenta.

 


Pois o grupo que ajudou a fundar, em 1982, a homenageia com a websérie “Tá lembrada, Teuda Bara?”. Serão 10 episódios, um por semana, em que amigos vão até a casa de Teuda, no Bairro Santo Antônio, e relembram muitos casos. Chegam e, na mesa do café, relatam passagens que viveram com ela.

 

“Não tinha nada ensaiado”, explica Teuda.

 

 


O episódio de estreia, já no ar no Instagram e Facebook do Galpão, é com Tutti Maravilha. Os dois riem pra caramba de tempos distantes – a risada é uma das marcas da atriz. “Não é nem um caso com o Tutti, é uma época toda”, conta ela.

 

Nos anos 1970, durante a ditadura, o radialista foi até o Maletta vestido com uma calça vermelha de lantejoulas. A referência era Liza Minelli, eles contam no vídeo. Pois Tutti acabou preso única e exclusivamente por conta da roupa – Teuda e um batalhão de gente lotaram a delegacia para soltá-lo.

 


Os outros convidados são a cineasta Elza Cataldo; os atores do Galpão Chico Pelúcio, Antonio Edson, Júlio Maciel, Lydia Del Picchia e Inês Peixoto; Gilma Oliveira, coordenadora de produção do Galpão; e o professor de filosofia Bebeto Horta, além do onipresente João Santos.

 

 

Filme

 

O terceiro projeto nascido das histórias da atriz ainda não tem data para chegar a BH. Mas vem fazendo barulho. A mais recente passagem de “Ressaca”, de Pedro Estrada, curta ficcional de 15 minutos nascido a partir do livro “Comunista demais para ser chacrete”, foi pelo Festival do Rio.

 


“O povo gostou, foi muito aplaudido, até a Andréa Beltrão veio me cumprimentar”, conta Teuda sobre a temporada carioca. “Ressaca” foi rodado no apartamento da atriz. Mais especificamente no banheiro dela. Em sua toalete matinal, Teuda reencena a própria vida por meio das personagens que interpretou.

 


“Foi uma loucura filmar, pois você imagina encher o banheiro de espuma até a metade. Foi muito engraçado”, diz ela, que contracena com os colegas do Galpão Antonio Edson, Eduardo Moreira e Paulo André, mais as atrizes Grace Passô e Idylla Silmarovi.

 

 


“Ressaca” é o primeiro projeto de Pedro Estrada em torno de Teuda. Atualmente o realizador está desenvolvendo o longa “Balbúrdia”, também criado a partir das histórias da atriz. Os dois filmes têm João Santos como corroteirista.

 


“LUTA”


O monólogo será apresentado nesta sexta (18/10), às 20h, no Teatro Sesiminas (Rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia). Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia).

 

“TÁ LEMBRADA, TEUDA BARA?”


Websérie com 10 episódios, disponível no Instagram e no Facebook do Grupo Galpão. O primeiro está no ar. Novos capítulos às segundas-feiras, às 17h.

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