Ainda em início de carreira, o pianista mineiro Rafael Ruiz, de 28 anos, tem credenciais suficientes para ser considerado uma promessa no universo da música erudita. Ele iniciou sua formação na UFRJ e obteve em seguida uma bolsa para estudar no Royal College of Music, em Londres. Durante os três anos em que permaneceu na instituição, foi premiado diversas vezes, destacando-se com honrarias como o David Young Piano Prize.

 


 
De volta ao Brasil em 2022, o instrumentista decidiu prosseguir os estudos sob orientação de Berenice Menegale, fundadora da Fundação da Educação Artística (FEA). Atualmente, ele investe na agenda de concertos e apresentações solo e, paralelamente, desenvolve uma colaboração com a primeira gravadora do Rio de Janeiro dedicada exclusivamente à música clássica, a Século 30.

 

 



 


Nesta terça (22/10), Rafael Ruiz se apresenta no Conservatório UFMG. O recital gratuito faz parte da segunda edição da Mostra Retratos do Brasil, que teve início em junho passado e objetiva ressaltar a diversidade da música brasileira, não apenas em sua vertente erudita, mas também popular.


Villa-Lobos

 

O pianista decidiu destacar no programa a obra de Villa-Lobos, embora também interpretará peças de Debussy e Chopin. Do compositor brasileiro, ele escolheu “A prole do bebê Nº 2”: “O gatinho de papelão” e “O ursinho de algodão”. De Debussy ele apresentará o segundo caderno de “Estudos”, e de Chopin tocará “Improviso Nº 2” e “Barcarolla”, entre outras.

 

 


Sobre a obra de Heitor Villa-Lobos (1887-1959), o pianista mineiro comenta. “São composições tiradas de rodas infantis. Em uma das obras, ele utiliza a ciranda ‘Carneirinho, carneirão’, por exemplo. As cirandas estão muito presentes na cultura brasileira, e o Villa-Lobos as explora de uma forma bastante peculiar e inovadora”.

 


Para Rafael, é importante oferecer ao público informações que contextualizem as obras do programa. Ele explica, por exemplo, que os títulos das composições de Villa-Lobos têm relação direta com a harmonia criada. “Tem um gatinho de papelão ou um lobinho de vidro. Nessas obras, é notável como ele representa sonoramente as características destacadas, como a aspereza do vidro, ou ainda, na música sobre o gato, ele coloca uma atmosfera mais lenta e preguiçosa, própria do animal”, afirma.

 

 

 


A escolha do repertório para o concerto que justapõe Villa-Lobos, Debussy e Chopin guarda relação com os planos futuros de Rafael. No ano que vem, as relações diplomáticas entre Brasil e França completam 200 anos, e o pianista prevê um ano de comemorações à conexão cultural entre esses dois países, sobretudo na esfera musical. Ele deve apresentar esse mesmo repertório numa turnê prevista para começar ainda neste ano, com datas agendadas em Portugal, Espanha e Reino Unido.

 


Em relação ao recital de hoje, o pianista destaca o fato de ele ser acessível e atrair um majoritariamente estudantil. “A presença em concertos faz parte essencial da nossa formação como músicos, e iniciativas como essa, que oferecem espetáculos gratuitos ou a baixo custo, são fundamentais. Estou ansioso para tocar para um público de estudantes, com o qual me identifico”, afirma.

 

 


“2ª MOSTRA RETRATOS DO BRASIL”


O pianista Rafael Ruiz se apresenta nesta terça-feira (22/10), às 19h30, no Conservatório UFMG (Av. Afonso Pena, 1.534, Centro). Entrada gratuita.


*Estagiária sob supervisão da editora Silvana Arantes

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