Laura Dern vê um claro paralelo entre ela e sua nova personagem, Katherine, a protagonista do filme “Amores solitários”: ambas precisam se lembrar, constantemente, de priorizar a si mesmas em detrimento das expectativas alheias.

 


No caso da atriz, pesa o fato de ela ser uma das mais importantes da sua geração, musa de David Lynch em “Veludo azul” (1986) e “Coração selvagem” (1990), além de rosto da franquia “Jurassic Park”, também nos anos 1990.

 




Mais recentemente, fez uma série de dramas aclamados, caso de “Adoráveis mulheres” (2019) e “História de um casamento” (2019), filme que lhe rendeu o Oscar de Atriz Coadjuvante.

 


Galã

 

É curioso, então, que agora ela aposte em um romance como “Amores solitários”, de escopo muito menor, com elenco cheio de desconhecidos fora? seu par romântico, Owen, feito por Liam Hemsworth, cuja reputação é maior como galã do que como ator muito habilidoso.

 


“Todos os dias precisamos tentar tapar os ouvidos para o que estão falando, especialmente se estamos nas redes sociais. Só assim dá para alcançarmos nosso verdadeiro eu”, diz Dern. “Esse filme é justamente sobre superar julgamentos e falta de autoestima para atingir a plenitude ao lado de outra pessoa. Ainda estou tentando descobrir como fazer isso na minha vida pessoal.”

 

 


No longa em cartaz na Netflix, ela interpreta uma escritora entediada que viaja até o Marrocos para participar de um retiro de escrita. Antissocial, recusa-se a interagir com os colegas de profissão, porque pretende passar um tempo sozinha para terminar de vez o novo romance. Isso até conhecer e se apaixonar por Owen, rapaz mais novo que vive uma fase infeliz no relacionamento.

 


Mas demora até Katherine se render à paixão. Essa e mais uma das personagens inquietas e desconfiadas que marcam o currículo de Laura Dern, como a tresloucada Renata de “Big little lies” e a obstinada Lula de “Coração selvagem”.

 


“Me interesso particularmente por mulheres que são mal compreendidas, marginalizadas. Mas isso é porque nós, atores, estamos aqui para refletir o que é ser humano, e a maioria se sente mal compreendida, até por nós mesmos”, afirma.

 


“Amores solitários” marca o retorno de Liam Hemsworth às telas desde “Arkansas” (2020), seu último filme. Em 2023, seu nome esteve nas manchetes por causa de Miley Cyrus, de quem se divorciou. A cantora que teria supostamente escrito indiretas sobre o ex-marido na música “Flowers”, que ganhou o prêmio Grammy de Gravação do Ano.

 


Owen se encanta por Katherine após ser desprezado pela mulher, outra escritora, que o faz de bobo em frente aos colegas por ele não entender de literatura. Hemsworth diz que foi bom interpretar essa história para poder lidar com traumas de relacionamentos passados.

 


“Muitos dizem que esse é um comportamento autoindulgente, mas por que não posso aproveitar um personagem para lidar com coisas sobre as quais não me comunico bem na vida real?”, diz.


Dern sorri e completa: “Se a arte tem mesmo poder de cura, espera-se que os criadores, compositores e cineastas também se curem durante esse processo tão autorreflexivo que é a contação de histórias.” 

 

“AMORES SOLITÁRIOS”
EUA, 2024, 94min. De Susannah Grant, com Laura Dern, Liam Hemsworth e Diana Silvers. Filme disponível na plataforma Netflix. 

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