Itabira – A terra do poeta, escritor e jornalista mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) é um livro aberto para "Amor, Literatura e Ancestralidade", temas do Festival Literário Internacional de Itabira (Flitabira), que vai até domingo (3/10), no Teatro da Fundação Cultural CDA, com entrada gratuita. Patrono do evento que reúne dezenas de escritores, Drummond gostaria, certamente, de ver sua cidade tomada por pessoas de todas as gerações em busca das letras, arte, cultura e debates. A expectativa é que 25 mil pessoas participem do festival.
Na avenida lateral à fundação, pulsa o coração do festival: uma livraria com mais de 30 mil títulos, seguida da "Rua da Economia Criativa", onde artesãos e empreendedores locais de gastronomia mostram talentos e produtos, ao lado de um coreto para apresentações musicais. Segundo os organizadores, toda a programação do 4º Flitabira inclui atividades acessíveis, inclusivas, antirracistas, éticas, educativas e em equilíbrio com a diversidade de raça, gênero e pessoas com deficiência.
"Poderia durar o ano todo. É muito bom ver essa livraria com tanta gente assim", disse a bióloga Bianca Pellucci Barreto, que se declara uma leitora voraz. Na livraria do festival, Bianca escolheu "Memórias póstumas de Brás Cubas", que já leu há muitos anos, "Duna" e "Magos negros".
Ao lado do filho Álvaro Arçari, de 7 anos, e da mãe, Mable Coutinho, a dona de casa Danielli Coutinho curtiu a livraria em família. Para o filho caçula, Leonardo, a mamãe levou um livro de "histórias para crianças de 3 anos". "Estou levando a coleção de Minecraft", avisou Álvaro.
VER E LER
Se tem para ler, tem para admirar. Duas exposições fazem parte da programação. São elas "Portinari para Crianças", composta por 42 reproduções de obras do artista plástico brasileiro Cândido Portinari (1903-1962), retratando a infância; e a homenagem ao cartunista Mario Vale, na exposição a céu aberto "Humor para Leitura", com cartuns de frases divertidas incentivando a leitura. Em 30 flâmulas, os trabalhos estarão ao longo da Avenida Carlos Drummond de Andrade.
A Flitabira vai reunir importantes nomes da literatura brasileira e internacional. Estarão presentes mais de 80 escritores, entre eles Carlos Herculano Lopes, Carlos Starling, Conceição Evaristo, Itamar Vieira Junior, Jeferson Tenório, Paloma Jorge Amado, Tamara Klink, Valter Hugo Mãe e outros. Os curadores são Bianca Santana, Sérgio Abranches, Tom Farias, Leo Cunha e Afonso Borges, presidente do Flitabira, que tem patrocínio master do Instituto Cultural Vale, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura. O apoio é da Prefeitura de Itabira.
DONA TITA
A personalidade homenageada desta edição é Maria Gregória Ventura, a Dona Tita, centenária matriarca do Quilombo Santo Antônio. O Flitabira vai exibir o documentário "Tita: 100 anos de luta e fé", que retrata a vida e o legado da quilombola.
O curta-metragem tem roteiro, direção e montagem assinados por Danilo Candombe, e participação especial dos escritores Marco Antônio Lage e Tom Farias, da coordenadora geral da Rede Nacional de Mulheres Negras no Combate à Violência, Silvana Veríssimo, da rainha conga de Minas Gerais e liderança no Centro Espírita São Sebastião, de Belo Horizonte, Isabel Casimira, e do mestre zelador da Casa de Caridade Pai Jacob do Oriente, também de Belo Horizonte, Ricardo de Moura. O documentário será exibido no sábado (2/10), às 13h, no Teatro da Fundação.
(*) O repórter viajou a convite do Instituto Cultural Vale