Dois álbuns lançados recentemente pelo pianista Fabio Martino são a base do recital que ele apresentará em Belo Horizonte nesta terça-feira (5/11), como atração da série “Concertos Minas Tênis Clube”.
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Em “Moods”, Martino gravou composições do ucraniano Sergei Bortkiewicz (1877-1952) e do russo Nicolai Medtner (1880-1951). No disco “Latin soul”, destacou peças de Villa-Lobos (1887-1959), Alberto Ginastera (1916-1983), Carlos Guastavino (1912-2000) e Camargo Guarnieri (1907-1993).
O repertório que será executado no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas reúne “Alma brasileira” e “Ciclo brasileiro”, de Villa-Lobos; “Dez prelúdios op. 33”, de Bortkiewicz; e “Dança selvagem”, “Dança negra”, “Dança brasileira” e “Lundu”, de Guarnieri.
Pouco espaço
De acordo com Martino, os dois álbuns focalizam autores pouco conhecidos no contexto global. O pianista conta que “Latin soul” foi muito elogiado, recebeu críticas nas principais revistas e jornais do mundo. Porém, ele pontua que a música erudita latino-americana é bem divulgada no Brasil, mas não tem presença marcante fora do país, com pouco espaço no mercado internacional. O mesmo ocorre com os dois compositores gravados em “Moods”.
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“As obras de Sergei Bortkiewicz e Nicolai Medtner são pouco conhecidas das plateias, em geral, por serem dois compositores que viveram um pouco à sombra de Rachmaninoff, que teve a sorte de sair da Europa, ir para os Estados Unidos e ver sua música ganhar muita força lá, diferentemente de seus dois contemporâneos”, explica.
Guerra e exílio
Martino chama a atenção para a triste história do ucraniano. As peças no repertório de amanhã se relacionam com o percurso de vida tortuoso deste autor.
“Bortkiewicz nasceu na atual Ucrânia e foi relativamente cedo para Berlim, de onde gostou muito, se sentia feliz. Veio a Primeira Guerra Mundial e ele fugiu da Alemanha, muito a contragosto. Voltou para a terra natal, viu a família perder tudo, e, na pobreza, saiu em exílio, primeiro para a Turquia, depois para Viena, na Áustria, onde permaneceu até o fim da vida”, conta.
Os prelúdios que o público ouvirá amanhã foram compostos por Bortkiewicz em 1926, quando se tornou cidadão austríaco. “Sua obra traduz momentos difíceis, sombrios, mas guarda algo de esperançoso, de quem quer ver a luz. É um ciclo muito forte, muito bonito, e, no concerto, está com a moldura de Villa-Lobos e Guarnieri”, detalha.
Fabio Martino explica que três das quatro partes do “Ciclo brasileiro”, de Villa (“Plantio do caboclo”, “Impressões seresteiras” e “Dança do índio branco”), também são dramáticas.
“Essas peças têm um caráter misterioso. Villa-Lobos consegue imprimir muito bem o mistério das lendas, da energia das florestas. O programa se completa harmonicamente com as quatro danças de Guarnieri, que têm muita influência africana. É um recital com energia muito forte”, adianta.
Carinho
O pianista esteve em Belo Horizonte no ano passado para atuar como solista junto da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. Há dois anos, apresentou-se com o parceiro de duo, o violinista Alejandro Aldana, no Centro Cultural Unimed-BH Minas.
“Tenho um carinho enorme por Belo Horizonte, sinto que os mineiros têm um carinho grande pela minha arte. Os concertos estão sempre cheios, as pessoas prestigiam, vêm falar comigo. É uma cidade onde me sinto muito bem”, ressalta Martino.
“Embaixador” do Brasil
Nascido em São Paulo e radicado na Alemanha, Martino se empenha em divulgar o repertório de autores brasileiros no exterior.
“No ano passado, toquei com a Osesp as 'Fantasias brasileiras', de Francisco Mignone, e agora vou levá-las para Salzburg e Weimer. Daqui a três semanas, sigo com o recital que apresento em Belo Horizonte para Viena”, informa o pianista.
“CONCERTOS MINAS TÊNIS CLUBE”
Com o pianista Fabio Martino. Nesta terça-feira (5/11), às 20h30, no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada), à venda na bilheteria do teatro e na plataforma Sympla.