"Eu, capitão", filme de Matteo Garrone lançado em 2023, conta história de jovens que trocam o Senegal pela Itália

crédito: RAI Cinema/reprodução

 

 

O 19º Festival de Cinema Italiano no Brasil começa nesta quinta-feira (7/11) e segue até 8 de dezembro, com programação que reúne 32 filmes, divididos em retrospectiva, com foco na comédia, e títulos recentes, inéditos por aqui. Graças ao apoio da Embaixada da Itália no Brasil, há três anos a mostra conta com sessões presenciais em cidades de todas as regiões do país. Belo Horizonte é uma das 79 que vão receber recortes da seleção este ano.

 

 

Criado pela pela Câmara do Comércio Italiana de São Paulo, o festival começou tímido, com sete filmes exibidos ao longo de uma semana apenas na capital paulista. A pandemia obrigou o evento a migrar para o ambiente on-line, onde permanece. A plataforma de streaming do festival oferece a íntegra da programação. Em Belo Horizonte, o Cine Santa Tereza foi o local escolhido para sessões presenciais de 11 dos 32 títulos.

 

 

 

Um deles é “Eu, capitão” (2023), de Matteo Garrone, que figura em lugar à parte, como obra homenageada. Apesar de recente, não é inédito no Brasil e tampouco está entre as produções da retrospectiva, que traz “Abismo de um sonho” (1952), de Fellini, “O ouro de Nápoles” (1954), de Vittorio de Sica, “O pequeno diabo” (1988), de Roberto Benigni, e “A viagem do Capitão Tornado” (1990), de Ettore Scola.

 

Leão de Prata

 

Erica Bernardini, curadora do festival, explica que a homenagem a “Eu, capitão” e a Garrone se deve à bela performance do longa – foi vencedor do Leão de Prata no Festival de Veneza e figurou entre os finalistas da categoria de filme estrangeiro no Globo de Ouro e no Oscar 2024.

 

A trama acompanha a jornada dos jovens irmãos Seydou e Moussa, que decidem deixar Dakar, no Senegal, para buscar nova vida na Itália.

 

 

 

Com relação à retrospectiva, Erica diz que o foco é o humor, por se tratar de uma tradição do cinema italiano que atravessa gerações. “O tema é 'Humor italiano de Totò a Benigni'. Totò foi um grande ator, conhecido como 'O príncipe da risada', que levava para seus personagens situações cotidianas e hilárias, com muita sátira, abordando assuntos sociais e morais daquela época (anos 1950) que ainda são atuais”, explica.

 

Redenção e política

 

Quanto à produção italiana recente, Erica comenta que os filmes abordam questões importantes não só para a Itália, mas para o mundo. “Há muitos roteiros baseados em acontecimentos reais, com histórias de redenção, de esperança e também temas políticos”, diz.

 


A curadora cita “Nascida para você” (2023), de Fabio Mollo, que terá sessão presencial em Belo Horizonte no próximo dia 13. “O filme aborda a paternidade moderna com a história, que ficou muito famosa na Itália, de um homossexual católico, Luca Trapanese. Ele fez de tudo para adotar uma criança abandonada com síndrome de Down. Esta história incrível mudou a legislação na Itália”, comenta.

 


Erica observa que o humor está presente não só na retrospectiva, mas também nos filmes recentes. É o caso de “Um mundo à parte” (2024), de Riccardo Milani, que liderou as bilheterias italianas este ano, e de “Romeu é Julieta”(2024), de Giovanni Veronesi, que vai marcar a abertura do 19º Festival de Cinema Italiano no Brasil, em sessão presencial em São Paulo. “Tem a linhagem da boa comédia que só o italiano sabe fazer, cativando milhões de espectadores”, observa.

 

Músico Toquinho toca violão no palco

Documentário "Toquinho: encontros e um violão", de Erica Bernardini, será exibido domingo (10/11) à noite no Cine Santa Tereza

Erica Bernardini/divulgação

 

Documentários

 


Pela primeira vez, a seção de obras recentes e inéditas inclui documentários. Um deles é “Posso entrar? Uma ode a Nápoles” (2023), da britânica Trudie Styler, casada com o cantor Sting. “Ela resgata a cidade como é, sem estereótipos, a metrópole cativante com sua beleza, seus dramas, suas desigualdades sociais”, diz a curadora.

 


O outro documentário é “Toquinho: encontros e um violão” (2024), que a própria Erica Bernardini dirige, sobre o músico brasileiro descendente de italianos. Ao longo da carreira, o cantor, compositor e violonista marcou presença de forma marcante no país europeu.

 


Erica explica que este filme não foi uma escolha da curadoria, mas da Embaixada da Itália para celebrar os 150 anos da imigração italiana no Brasil. “Fiquei muito orgulhosa, claro, porque não é fácil fazer um filme sobre um artista da imensidão do Toquinho. Ele é atemporal, está sempre presente. Todas as grandes viradas na carreira dele têm um pé na Itália”, revela.

 

 

19º FESTIVAL DE CINEMA ITALIANO NO BRASIL

De quinta-feira (7/11) até 8 de dezembro. Programação completa on-line, na plataforma do festival. Em BH, sessões presenciais no Cine Santa Tereza (Rua Estrela do Sul, 89, Santa Tereza), com entrada franca e retirada de ingressos on-line. Esta programação pode ser conferida na plataforma Sympla. Uma cota está reservada para a bilheteria, disponível meia hora antes de cada sessão.

 

 

NO CINE SANTA TEREZA

 

Quinta (7/11)


17h: “O pequeno diabo” (1988), de Roberto Benigni
19h: “A viagem do Capitão Tornado” (1990), de Ettore Scola

 

Sexta (8/11)


17h: “Laf” (2023), de Michele Riondino
19h: “O abismo de um sonho” (1952), de Federico Fellini

 

Domingo (10/11)


16h30: “Guardas e ladrões” (1951), de Steno e Mario Monicelli
18h30: “Toquinho: Encontros e um violão” (2024), de Erica Bernardini