Maïwenn estrela e dirige

Maïwenn estrela e dirige "A favorita do rei", que abriu Cannes em 2023, com Johnny Depp no papel de Luiz XV

crédito: Mares Filmes/divulgação

Duzentos mil espectadores em 126 cidades em 2019. Cem mil pessoas em 60 municípios no ano passado. Proporcionalmente, os números são semelhantes. Isso demonstra que mesmo chegando a menos localidades, o Festival Varilux de Cinema Francês vem conseguindo manter seu público no pós-pandemia. É algo a se comemorar, levando-se em consideração a evasão das salas depois da crise sanitária.

 

 
O evento dá início hoje (7/11) à sua 15ª edição no mesmo patamar de 2023. Durante as próximas duas semanas, 60 cidades receberão os 20 filmes do festival. Em Belo Horizonte, as produções serão exibidas nas salas do Centro Cultural Unimed-BH Minas, Ponteio e UNA Belas Artes. Em Minas Gerais, haverá também sessões em Juiz de Fora, Montes Claros e Poços de Caldas.

 

 


Há dois anos, o evento, realizado em junho, passou para novembro. “O lado bom é que conseguimos trazer filmes do Festival de Cannes, o que já é uma garantia de qualidade”, afirma Emmanuelle Boudier, diretora e curadora do festival. O selo de Cannes está em seis longas da seleção, como “A história de Souleymane”, de Boris Lojkine, que levou dois troféus na mostra “Um certo olhar” (Prêmio do Júri e Melhor Ator para Abou Sangare).

 


“É um filme muito conectado com a atualidade, que fica entre a ficção e o documentário”, comenta Emmanuelle. A narrativa segue o personagem-título, imigrante recém-chegado a Paris que vive como entregador enquanto se prepara para a entrevista que poderá definir seu destino na França.

 

 

 


Filme de abertura de Cannes em 2023, o drama histórico “A favorita do rei”, dirigido e protagonizado por Maïwenn, acompanha a cortesã Jeanne du Barry (aliás, o título original), a última preferida do rei Luís XV. A superprodução foi rodada em 2022, quando Johnny Depp (que interpreta o monarca) era persona non grata em Hollywood, em meio ao escandaloso litígio com a ex-mulher Amber Heard.

 


Atração de abertura do festival deste ano, a comédia “O segundo ato”, de Quentin Dupieux, destaca três nomes muito conhecidos da produção francesa – Léa Seydoux, Louis Garrel e Vincent Lindon – na história que trata de um assunto caro ao mundo contemporâneo. A trama gira em torno de atores filmando um longa realizado 100% com inteligência artificial. É claro que vai ter confusão no meio.

 


Participante da competição oficial da Croisette em maio, a comédia dramática “A fanfarra”, de Emmanuel Courcol, levou recentemente o Prêmio do Júri do Festival de San Sebastián, na Espanha. Na história, um maestro conhecido mundialmente, ao descobrir que foi adotado, conhece o irmão que toca trombone em uma fanfarra. Com realidades bastante distintas, os dois se aproximam por meio da música.

 

 

Alexandre Dumas

 

Ainda egressa de Cannes, mas com pegada mais comercial, a superprodução “O Conde de Monte Cristo”, de Alexandre de La Patellière e Matthieu Delaporte, será lançada no Varilux semanas antes de estrear no circuito brasileiro.

 


Com três horas, a nova adaptação do clássico de Alexandre Dumas é capitaneada pelo ótimo Pierre Niney. Chega na esteira do estouro na bilheteria de seu país de origem (com 9 milhões de espectadores) e também amparado por boas críticas.

 

 

 


Para Emmanuelle, há duas boas razões para que o Varilux venha conseguindo retorno de público. “Como se trata de um evento, as pessoas se programam. Mas acho, principalmente, que o festival se tornou ocasião quase única de as pessoas verem filmes franceses. A maioria das cidades onde vamos não exibem cinema francês ou independente. Hoje, quando se lança (comercialmente esse tipo de produção), chega-se no máximo a 15 cidades. Então, acho que o festival se torna o evento para ver uma cinematografia diferente e diversificada.”

 

 

 

Alain Delon em "O sol por testemunha"

Alain Delon em "O sol por testemunha"

Varilux/divulgação

 

Homenagem a Delon

 

O Varilux exibe 19 produções inéditas e um clássico. Em homenagem a Alain Delon, morto em agosto, aos 88 anos, o festival vai apresentar, com cópia nova e restaurada, “O sol por testemunha” (1960), de René Clement, filme que lançou o ator para o mundo.

 

Primeira adaptação para o cinema do romance “O talentoso Ripley” (1955), coloca Delon na pele do sociopata Tom Ripley, o personagem mais celebrado da literatura de Patricia Highsmith.

 

 

“Mesmo que pessoalmente ele tenha sido controverso, alimentando vários debates, é um ícone do cinema, que marcou gerações. Além disso, o filme teve desdobramentos, o remake americano com Matt Damon e a série recente (da Netflix). Acho interessante revê-lo depois de 60 anos”, afirma Emmanuelle Boudier.

 

 

FESTIVAL VARILUX DE CINEMA FRANCÊS


Em Belo Horizonte, o evento vai desta quinta (7/11) a 20/11, nas salas do Centro Cultural Unimed-BH Minas, Ponteio e UNA Belas Artes

 

 

NESTA QUINTA (7/11)



• PONTEIO


“Três amigas” (14h), “Pas de vagues” (16h25), “Fanfarra” (18h20) e “O sucessor” (20h30)

 

 

• CENTRO CULTURAL UNIMED


“O último judeu” (14h), “O sucessor” (15h55), “Madame Durocher”(18h10) e “A favorita do rei” (20h35)

 

• UNA CINE BELAS ARTES


“O segundo ato”(14h10), “Diamante bruto” (15h50), “Madame Durocher” (17h55) e “Bolero, a melodia eterna” (20h15)