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Eduardo Bueno (ao centro), o "Peninha", diz que é "contador de histórias"

crédito: Adalberto de Melo/divulgação


 

Na primeira temporada de “B de Brasil” (2022), Eduardo Bueno colocou a família Orleans e Bragança no divã. No segundo ano da produção, que estreia nesta segunda-feira (11/11), no History, é o próprio Brasil que vai para a análise. O bicentenário da Independência foi o mote da temporada inicial; agora, são os 200 anos da primeira Constituição brasileira.

 


“A série mostra como tentaram assassinar o Brasil logo no início. Qualquer país decente teria a sua Constituição promulgada (democrática, com participação popular). E a do Brasil foi outorgada (autoritária, imposta pelo governante)”, afirma o jornalista e escritor gaúcho.

 

 

Como em tudo que Eduardo Bueno, o Peninha, põe a mão, “B de Brasil” não obedece às convenções. “Tem humor, fluência, é ferina, irônica, debochada e dinâmica”, continua ele, que, além de apresentar, divide o roteiro com Jorge Vaz Nande. A direção da série, que mistura documentário com dramatização, é de André Barmak.

 

 

 

Cinco episódios contam a história da Constituição de 1824 a partir de temas tão caros lá atrás quanto hoje: liberdade de expressão, meio ambiente, direito das mulheres e dos indígenas, abolição da escravidão e racismo estrutural.

 

“Politicamente corretos, defendendo as minorias? Não, não e não. A gente está dando o panorama concreto de um país desigual, injusto, de concentração de poder e de renda ever since (desde então)”, afirma Bueno.

 

 

O episódio de estreia, “Quem mandou matar Líbero Badaró?”, acompanha a investigação do assassinato do jornalista italiano em 1830. O crime abalou a credibilidade de D. Pedro I, que abdicaria do trono um ano mais tarde.

 

Duas brasileiras votaram antes da década de 1930

 

Nas pesquisas, houve algumas descobertas. As mulheres só adquiriram o direito de voto no início da década de 1930. “O Jorge Vaz Nande descobriu duas mulheres que votaram antes (no final no século 19)”, continua Bueno. A primeira eleitora brasileira é levada para a série – foi a dentista baiana Isabel de Mattos Dillon.

 

“Não sou historiador de ofício, sou quase um contador de histórias”, afirma Bueno, que, ao longo da carreira, por meio dos livros (são 36, a maior parte deles em torno do Brasil) e do YouTube (no canal Buenas Ideias), vem mostrando outros lados do país.

 

 

A série baliza o que é relatado em cena por meio de entrevistas com especialistas. Entre os convidados desta temporada estão a advogada Taís Gasparian, a historiadora Isabel Lustosa, o jornalista Eugenio Bucci, o ambientalista e advogado Fábio Feldmann, a indígena Bení Kadiwéu e o historiador e cientista político Rodrigo Goyena.

 

“A gente tem ação, aventura, entrevista. A série é efetiva sem ser ‘mala’ e militante. Ela deixa claro quem são os responsáveis por isso: somos nós, você, eu. Um país tem a Constituição, o governo e o Congresso que merece. E as leis deste país refletem, no mínimo, o que a elite pensante acha dele”, acrescenta.

 

O Brasil de ontem não é nada diferente do país de hoje, afirma Peninha. “Quando a gente pegou os cinco temas e viu de que forma eles foram tratados em 1824, em 1988 (ano da Constituição em vigor) e do jeito que está hoje, ficamos estarrecidos. A luta, o combate, as forças progressistas e as forças das sombras são as mesmas”, conclui Eduardo Bueno.

 

 

“B DE BRASIL”


A nova temporada, com cinco episódios, estreia nesta segunda (11/11), às 23h, no History. Novos episódios às segundas-feiras.