O afeto no mundo contemporâneo é tema do longa "Afetos (im)possíveis", que terá exibição com entrada franca neste sábado (9/11), no Cine Santa Tereza, e é resultado do trabalho colaborativo dos alunos do Coletivo Cine Vida. Desde 2015, o grupo realiza oficinas gratuitas de iniciação ao audiovisual para jovens e adultos moradores de Belo Horizonte e da região metropolitana.
Criado na Região Norte de Belo Horizonte, nos bairros Planalto e Campo Alegre, o Cine Vida oferece curso gratuito que combina teoria e prática, com ênfase na linguagem cinematográfica e em conceitos técnicos. Em um mês de aulas, participantes aprendem todas as etapas da produção de um filme — roteiro, direção, produção, fotografia, direção de arte e som. Ao todo, são 40 horas de oficina.
“No Cine Vida, nossa proposta é fazer imersão inicial tentando abranger o máximo de áreas possíveis”, explica o coordenador do projeto, Leandro Wenceslau. “Temos uma gama de alunos muito heterogênea chegando ao projeto, a maioria com bagagens bem diversas. No final, todos saem entendendo como são os processos do audiovisual, como se organiza a lógica de um set e como é produzir um filme.”
Neste ano, o Cine Vida realizou oito ciclos de oficinas em diferentes locais de Belo Horizonte: Museu da Moda, Cine Santa Tereza e centros culturais Jardim Guanabara, Usina de Cultura, Padre Eustáquio, São Geraldo, Liberalino Alves de Oliveira e Pampulha.
É a primeira vez que o projeto se aventura na produção de um longa-metragem. Nas edições anteriores, alunos trabalharam com curtas. Leandro explica que a ideia surgiu com o objetivo de criar um ambiente de ensino colaborativo e horizontalizado.
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“Já tínhamos feito vários curtas, e agora queríamos unificar a temática. Antes os filmes acabavam ficando muito dispersos. Queríamos tirar o peso de fazer um filme completo, o que muitas vezes aumentava a ansiedade da turma. Então, pensamos em um contexto de aprendizado em que os alunos produzissem pequenas cenas que depois se conectariam”, afirma Leandro. Vários alunos que passaram pelo Cine Vida hoje trabalham na área audiovisual, informa.
Inspirado em filmes como “Paris, eu te amo”, de Olivier Assayas, “Afetos (im)possíveis" é construído como uma colcha de retalhos. A cada cena, fragmentos de uma narrativa maior mostram personagens buscando conexões humanas em meio aos desafios da vida urbana.
O filme explora paixão, abandono, luto e a resistência do amor nos tempos atuais, abordando diversas formas de afeto: amor entre mãe e filho, entre amigos e por animais de estimação, além de questões de pertencimento ao território.
“Acreditávamos que seria interessante instigar os alunos a refletirem sobre as possibilidades de afeto e as conexões e desconexões que permeiam nosso mundo”, diz Leandro. Os próprios alunos escreveram as cenas, que foram avaliadas pelos professores em termos de viabilidade e criatividade. Ao final do processo, cada turma contribuiu com uma cena de cerca de 10 minutos para o longa, criando um mosaico de histórias.
“Para pessoas que nunca tiveram contato com o audiovisual, que vêm de outras experiências de vida, é muito importante se ver na tela e ver o fruto de seu trabalho materializado em um evento público, ao qual podem assistir junto da família e dos amigos. Isso traz dimensão humana muito forte ao projeto”, avalia Leandro Wenceslau.
Após a exibição no Cine Santa Tereza, “Afetos (im)possíveis” deverá participar de alguns festivais voltados para a produção estudantil e, mais tarde, será disponibilizado no YouTube.
“AFETOS (IM)POSSÍVEIS”
(Brasil, 2024, 70 min, de Coletivo Cine Vida). Exibição neste sábado (9/11), às 18h, no Cine Santa Tereza (Rua Estrela do Sul, 74 – Santa Tereza). Entrada gratuita. Ingressos disponíveis no Sympla e na bilheteria a partir das 17h30.