O lançamento do quarto álbum de estúdio, “Tudo que temos de lembrar”, em outubro, e uma nova turnê, com show marcado em Belo Horizonte neste sábado (9/11), no Eleven Rooftop, no Centro da capital mineira, findaram um período em que a banda mineira de hardcore Pense viveu “à beira do precipício”, como enfatiza o vocalista Ítalo Nonato.
Não que o grupo estivesse a ponto de encerrar suas atividades, mas a saída de três dos cinco integrantes – no caso, o vocalista Lucas Guerra, o guitarrista Cristiano Souza e o baterista Charles Taylo – obrigou Ítalo e o baixista Judá Ramos a iniciar uma “reconstrução do zero”, expressão utilizada pelo cantor em entrevista ao Estado de Minas.
Com as chegadas dos guitarristas Daniel Avelar e Raphael Gonçalves e do baterista Alexandre Magno, em 2022, o Pense voltou a empunhar a caneta para escrever letras sobre questões sociopolíticas, relacionamentos e amor e retomou o caminho dos riffs, das dissonâncias e das melodias.
“O disco novo traz um pouco da personalidade e vivência de cada um e um pouco do momento que a gente, enquanto banda, está vivendo”, ressalta Ítalo, que, de guitarrista, assumiu os vocais. “É um processo de adaptação e que ainda estou procurando me encontrar. Tive essa preocupação em imprimir minha personalidade e ver como isso ia me encaixar no que a banda já tem. É um processo de descoberta, e estou em constante evolução”, completa.
Química
Apesar de mais da metade do time ter debandado, o conjunto mineiro precisou de poucos ensaios para encontrar a química necessária e dar um “start” em sua nova fase, destaca o vocalista. “Quando o Daniel chegou, a gente disse: ‘Opa, tem uma magia aqui’. Com o Alê (Alessandro), logo no primeiro ensaio, também sentimos algo ali. Com o Rapha (Raphael) tentamos um teste para o vocal, mas, quando ele pegou a guitarra, sentimos uma energia importante para criar uma história nova”, ressalta.
O resultado dos primeiros atos da formação repaginada são as 11 faixas presentes em “Tudo que temos de lembrar”, guiadas por hardcore melódico e recheadas por camadas de subgêneros do heavy metal, como metalcore. “Pegamos o material que já tínhamos (composto antes da entrada dos novos integrantes), e o Rapha e o Alê trouxeram algumas coisas. O Rapha chegou com algumas ideias prontas. Juntamos tudo, compomos mais, montamos um ‘quebra-cabeça’, e chegamos ao resultado final do disco”, relata Ítalo.
Já o conteúdo lírico foi fruto da união do vocalista, principal letrista, Judá e Daniel. “(As letras) sintetizam o momento que estamos vivendo como banda e também as vidas particulares de cada um, então acaba sendo uma reflexão sobre tudo o que a gente já passou até aqui e esse renascimento. O que mais nos serve de inspiração são fatos cotidianos, dilemas internos... São mensagens importantes que queríamos registrar no disco”, destaca o frontman.
Para ele, o saldo final no mais recente trabalho é muito positivo e faz jus à carreira de um grupo que começou em 2007 e tem também em seu cancioneiro os álbuns “Espelho da alma” (2011), “Além daquilo que te cega” (2014) e “Realidade, vida e fé” (2018). “Acho que a coerência que ‘Tudo que temos de lembrar’ trouxe para a discografia do Pense foi criada, construída e elaborada de uma forma muito natural. Sempre foi uma preocupação da banda, artisticamente falando, não fugir muito da proposta que sempre teve, sem deixar de acrescentar novos elementos.”
Vitórias e perrengues
Indagado sobre as maiores conquistas do grupo, Ítalo elenca “os grandes amigos que a acaba se fazendo nessa caminhada, todo o aprendizado, toda a evolução e, o principal, ver para onde a mensagem chega, às pessoas que conseguem ser impactadas”. “Espero que, quando chegarmos a 20 anos de banda, possamos ter mais histórias para contar, mais amigos e impactado muito mais pessoas”, complementa.
Porém, o Pense não viveu só das vitórias citadas pelo vocalista. Também teve que superar desafios, que vão além da troca de integrantes, vide uma situação ocorrida em 2016, no Rio de Janeiro.
“A gente ia tocar em Cascadura (bairro da Zona Norte do Rio), e a rua onde aconteceria a apresentação alagou. As pessoas chegavam com água até o joelho. Alguns convidados nossos viajaram de BH até lá e quase perderam o carro na enchente. Passamos um perrengue lá. No mesmo dia, voltando para BH, a gente foi extorquido pela galera da rodoviária, que pediu uma grana para garantir com que os equipamentos chegassem com a gente”, conta.
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Show em BH
Com relação à apresentação deste sábado, em um evento que conta também com Coiotes S.A, Nossa Fúria e Balla, o Pense promete um show que transita por todas as suas fases. “BH é onde a banda nasceu e sempre nos recebeu de braços abertos, independentemente de quanto tempo demoramos para retornar. O que podemos adiantar é que será um show incrível, com a energia lá em cima”, finaliza Ítalo.
SERVIÇO:
Pense, Coiotes S.A, Nossa Fúria e Balla
Data: sábado (9/11)
Início do evento: 18h
Local: Eleven Rooftop (Rua Espírito Santo, 250, 11º andar – Centro, Belo Horizonte)
Ingressos: a partir de R$ 80 (3º lote) via GoFree – todos os ingressos de meia social são mediante doação de 1 kg de alimento não perecível