Ruas são fonte de inspiração, palco e cenário dos bailarinos da companhia mineira Coaduna -  (crédito: Gilberto Goulart/divulgação)

Ruas são fonte de inspiração, palco e cenário dos bailarinos da companhia mineira Coaduna

crédito: Gilberto Goulart/divulgação

“Arredores” é um espetáculo da Coaduna Cia de Dança que estreou virtualmente em 2021 por causa da pandemia de COVID-19. Nesta quarta (13/11), o espetáculo inicia nova temporada, agora presencial e itinerante, apresentando-se nas ruas de quatro bairros periféricos de Belo Horizonte: Acaba Mundo, Betânia, Havaí e Milionários.

 

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Transformando a cidade em cenário vivo, a apresentação conta com coreografias interpretadas por nove mulheres da companhia de dança feminina, sob a direção de Dadyer Aguilera.

 

 

Os movimentos são inspirados em elementos do cotidiano urbano, como cachorros, árvores e grafites.
Segundo o diretor, o grupo é fortemente influenciado pela experiência nas ruas, processo em que os bailarinos saem pela cidade para observá-la e retornam para a criação do roteiro.

 

“Um dia, a gente encontrou muro cheio de grafites e cada bailarina incorporou os desenhos. Quando a gente encontra uma parede agora, cada bailarina imprime nela o seu grafite corporal. Certa vez, quando estávamos passando, um cachorro avançou na gente. Cada uma incorporou o sentimento de medo e desespero que aquilo gerou e isso agora está na coreografia”, explica Aguillera.

 

 

Durante o período pandêmico, o espetáculo se adaptou ao formato em que dançarinas moldavam corpos e movimentos com base em objetos da metrópole. Agora, o grupo observa a vida urbana de forma mais profunda, contemplando silenciosamente o espaço ao redor.

 

“Antes, a gente moldava a cidade no corpo. Agora a gente a entende e compreende melhor a sua estrutura. Nosso material de construção se tornou uma abordagem que humaniza a cidade, com as situações, os percursos e as histórias que acontecem”, destaca o diretor Dadyer Aguilera.

 

Inclusão cultural

 

Em 2024, a companhia apresentou o espetáculo para quatro escolas públicas de Belo Horizonte. O grupo observou que mesmo não sendo coreografia interativa, movimentos das dançarinas instigavam o público a imitá-las.

 

Para Dadyer, o projeto é uma oportunidade de inclusão, pois facilita o acesso à arte. “O espetáculo é como um refresco para o olhar das pessoas que estão realmente à margem da cultura, que dificilmente teriam tempo para ir ao teatro e ter contato com a arte. O intuito é despertar novo olhar em quem está no cotidiano que se repete todo dia, tirar essa exaustão”, diz.

 

A escolha dos bairros onde o espetáculo será apresentado não se deu por acaso. Muitos foram selecionados por terem conexão com as dançarinas.


“As bailarinas têm identificação com o espaço. Já tendo a memória desses lugares, pensamos que seria interessante expandir e reforçar a atuação do coletivo, reconhecendo esses locais com o próprio corpo”, conclui Dadyer Aguillera. 

 

“ARREDORES”


Com a Coaduna Cia de Dança. Estreia nesta quarta (13/11), às 15h, na Praça Isabel Baggio Guimarães
(Acaba Mundo). Em 27/11, às 15h, na Praça Cristo Redentor (Bairro Milionários). Em 1º de dezembro, às 10h, na Praça Márcio de Almeida Menin (Rua Áustria, 120, Havaí), e às 15h, no Parque Jacques Cousteau (Rua Augusto José dos Santos, 366, Betânia). Acesso gratuito.

 

* Estagiária sob supervisão da subeditora Tetê Monteiro