WS da Igrejinha, que adotou este nome artístico para homenagear o Aglomerado da Serra, em frente à igreja da comunidade onde foi criado
 -  (crédito: Túlio Santos/EM/D.A Press)

WS da Igrejinha, que adotou este nome artístico para homenagear o Aglomerado da Serra, em frente à igreja da comunidade onde foi criado

crédito: Túlio Santos/EM/D.A Press

Wallison Alexandre da Silva, mais conhecido como WS da Igrejinha, é um dos astros do funk nacional. Nascido no Aglomerado da Serra, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, ele adotou o nome artístico “Igrejinha” em homenagem à comunidade onde cresceu. Aos 30 anos, o mineiro ocupa o topo das playlists, é fenômeno nas redes sociais com “Baile do bruxo”, “Mega do Egito” e “Noite de conflito”. Destaca-se por popularizar o MTG, ritmo que vem dominando as paradas musicais.

 

 


Abreviação de “montagem”, o MTG mistura trechos de canções, vocais e batidas eletrônicas, criando sonoridades contagiantes. Um dos marcos do gênero é a versão de “Já sei namorar”, dos Tribalistas, produzida por WS e batizada como “Não vou namorar”. Esta faixa ajudou a transformar o MTG em febre.

 

 

Além de inspirar jovens de sua comunidade, o belo-horizontino leva o funk para o mundo. Já se apresentou nos Estados Unidos, Itália e Inglaterra.

 

 

Antes de criar as próprias produções, Wallison Alexandre era reconhecido pela habilidade para selecionar “música boa” para os amigos. “Eu era o cara que tinha as playlists da hora, a galera vinha pedir para gravar no CD ou pen drive”, lembra.

 

 

Músico WS da Igrejinha com crianças do Aglomerado da Serra, de costas para a câmera, com BH ao fundo

WS da Igrejinha com crianças do Aglomerado da Serra, celeiro do funk de BH

Instagram/reprodução

 


A carreira artística começou em 2017, quando ele trabalhava como mecânico e motoboy. Inspirado no sucesso de outros DJs e produtores da capital, como PH da Serra, começou a produzir beats no quarto de casa, depois de aprender técnicas e macetes em vídeos do YouTube.

 


“Sempre gostei de música. Quando era mais novo, tocava nas festas, mas não produzia. Nem sabia que existia um programa (de computador) para produzir música. Depois que descobri, chegava do serviço e ia fazer música”, conta.

 

 


Filho do ex-DJ Élcio, WS da Igrejinha contou com o apoio da família, especialmente da mãe, Suely. Tem dois irmãos: Anderson, seu produtor, e Michele, dona de uma loja de roupas.

 

“Minha mãe acreditou em mim porque sabia que se eu seguisse certinho, poderia alcançar um bom resultado”, afirma.

 

As primeiras produções de Wallison caíram no gosto dos conhecidos, espalhando-se gradativamente pela capital mineira. “Aos poucos, elas foram ganhando espaço, quem conhecia não parava de ouvir”, relembra.

 


Com produções viralizadas, ele soma 4,2 milhões de ouvintes mensais no Spotify. Cem mil a menos do que Caetano Veloso, que tem 4,3 milhões. A música foi a melhor decisão que tomou na vida, diz.

 

 


Na semana passada, WS lançou o segundo álbum de estúdio, “Made in Igrejinha, Vol. 1”, com 22 faixas e parcerias com MC Livinho, Veigh, Os Hawaianos e Mr. Catra (1968-2018).Na capa, ele veste a camisa do Cruzeiro, uma de suas paixões.

 

As inspirações para o repertório vieram dos ritmos antigos que ouvia no som do pai nos anos 2000, lançados por artistas brasileiros e estrangeiros.

 


“Tudo que trago no funk é o que ouvia quando era mais novo. Tento trazer a essência dessas músicas para o ritmo que produzo hoje. O funk me permite várias possibilidades. Não faço distinção de gênero, para mim todo tipo de música é bom”, afirma.

 


O funk de BH se destaca no cenário nacional, sobretudo o MTG, e chama a atenção do mundo. A diversidade de ritmos e batidas é o grande diferencial da cidade, acredita WS. “Mistura organizada”, diz ele, diferente dos padrões do funk carioca e paulista. “É algo inovador para o ouvido das pessoas”, diz.

 


Com o sucesso, WS passou a ser procurado por jovens que sonham em se tornar DJs e MCs. “Conforme um artista se destaca, ele desperta o interesse de outros em se destacar também. Se isso aconteceu comigo, pode acontecer com qualquer um”, garante.

 

Isso o motivou a criar a Dalãma Records. Localizada na Serra, a produtora agencia 20 artistas. Conta com equipe de marketing e estúdio, cuida da gestão de carreira.

 

 

 


Como bom mineiro, Wallison Alexandre se define como tímido e reservado. “Se falar que não fico nervoso antes de um show, estou mentindo. Mas tenho de botar a cara. Pedi muito para isso acontecer, então agora tenho que vencer meus medos e interagir com o público que veio me ver.”

 

Visibilidade

 

Orgulhoso "de fortalecer o funk", diz que o gênero conquistou espaços inimagináveis. WS acredita que o funkeiro representa uma espécie de revolução na cena musical, com produtores e artistas brasileiros ganhando visibilidade fora do país.

 


“Tá todo mundo ouvindo funk. Ele invadiu lugares que ninguém imaginava. Acredito que eu tenha ajudado a mostrar que, independente da letra, o ritmo prevalece e as pessoas são movidas por esse conteúdo”, afirma.

 


“Com a internet, o poder de monopolizar o que é ouvido não existe mais. Estamos chegando em todos os lugares, mostrando que o gênero é equivalente a qualquer outro, mudando a vida de muitas pessoas e famílias”, conclui WS. 

 

Capa do novo álbum de WS da Igrejinha tem o Aglomerado da Serra como cenário

Capa do novo álbum de WS da Igrejinha tem o Aglomerado da Serra como cenário

Reprodução

 

“MADE IN IGREJINHA, VOL. 1”


• Álbum de WS da Igrejinha
• 22 faixas
• Dalãma Records
• Disponível nas plataformas digitais