Kendrick Lamar posa encostado no Buick GNX, lançado em 1987, ano em que ele nasceu. Carro está na capa do álbum

Kendrick Lamar posa encostado no Buick GNX, lançado em 1987, ano em que ele nasceu. Carro está na capa do álbum "GNX"

crédito: Kendrick Lamar/Facebook/reprodução

 

 

FERNANDA SOUZA

 


Após este 2024 histórico para Kendrick Lamar, o rapper americano surpreendeu com o lançamento totalmente inesperado de seu sexto álbum de estúdio, “GNX”, com 12 faixas inéditas, há uma semana.

 


K-Dot, como é conhecido, já havia dado dicas de que estava produzindo novo disco – a maior delas foi o teaser de uma nova faixa no início do videoclipe de “Not like us”. Lançado em julho, este hit foi estrela por 29 semanas do ranking da “Billboard Hot 100”. E lhe rendeu duas ações impetradas na Justiça por seu desafeto, o rapper canadense Drake.

 

 


Na verdade, ninguém esperava um “álbum cheio” tão cedo, nem mesmo os colaboradores mais próximos do rapper.

 

 

Em entrevista à Billboard, DJ Mustard, produtor que trabalhou com Kendrick em “Not like us” e coprodutor de duas faixas do novo álbum, admitiu: “Foi uma surpresa para mim, assim como foi para todo mundo. Achei que ele lançaria no começo do próximo ano, talvez perto do Super Bowl”.

 


Mustard malhava na academia quando ouviu o teaser de uma canção de K-Dot. Pensou que ela talvez saísse na próxima semana. “Dez minutos depois, ele lança o álbum”, revelou o DJ. Uma das faixas de "GNX"é "Squabble up" (termo que remete a briga e treta).

 

 

 


Dois anos depois de “Mr. Morale & The Big Steppers”, álbum mais profundo e íntimo da carreira do rapper, “GNX” chega com a sonoridade característica da Costa Oeste. Lamar vem de Compton, cidade ao Sul de Los Angeles. Diferentemente dos últimos trabalhos, agora ele deixa de lidar com assuntos mais sérios para focar em vivências pessoais e tretas.

 


Se falava da desigualdade racial dos Estados Unidos em “Damn” (2017), álbum que lhe rendeu o Prêmio Pulitzer, Lamar agora rima sobre sua superioridade como rapper.

 

 

Neste ano, ele “dominou” o canadense Drake em uma das maiores brigas da história do hip-hop, recebeu sete indicações ao Grammy 2025 por "Not like us", a canção ligada ao confronto da dupla, e será o astro do show no intervalo do Superbowl, em 9 de fevereiro.

 

 

 


A briga com Drake atrai holofotes globalizados há alguns meses. O canadense o acusou de não representar a cena musical da Costa Oeste, cometer abuso doméstico e de não ser o pai de uma de suas crianças com a companheira Whitney Alford.

 

 


Lamar respondeu ao longo de uma série de raps, dizendo que o canadense tem “uma filha secreta” e se sente atraído por meninas menores de idade. Gravou clipe dançando com Whitney e os dois filhos pequenos na sala de casa.

 

 


Outra polêmica foi o convite para o Super Bowl, em Nova Orleans, onde o rapper Lil Wayne nasceu. Nicki Minaj e Birdman criticaram a escolha do californiano Kendrick para o evento na Luisiana. Lil o acusou de roubar sua oportunidade e impedi-lo de se apresentar na cidade natal.

 


Ao abrir “GNX”, na faixa “Wacced out murals”, Kendrick ataca os colegas pelas críticas. “Eu costumava dançar para The Carter III/ Eu segurava minhas correntes com orgulho/ Que ironia, eu acho que meu trabalho duro decepcionou Lil Wayne”, canta ele. “Ganhei o Super Bowl e o único que me parabenizou foi o Nas”, continua.

 


A faixa inteira é um aviso para seus pares, e Kendrick deixa claro para eles que é o melhor do rap. Também ironiza Snoop Dogg, uma de suas maiores fontes de inspiração.

 


Snoop repostou “Taylor made freestyle”, em que Drake ataca Kendrick. Em sua nova faixa, K-Dot expressa decepção com o ídolo: “Snoop postou 'Taylor made'/ eu rezei que fosse a maconha/ Eu não conseguia acreditar, eu tive que deixar pra lá”.

 


Comicamente, Snoop, fiel adepto da cannabis, respondeu dizendo que, sim, foi a maconha. E declarou Kendrick Lamar o Rei do Oeste.

 

 

O rapper Drake está de perfil. Músico trava guerra com Kendrick Lamar

Drake questiona na Justiça a mega-audiência do hit de Kendrick Lamar com ataques a ele

Drake/Facebook Oficial

 

 

Nos tribunais

 

A treta, pelo jeito, está longe do fim. Na última segunda-feira (25/11), Drake foi à Justiça contra a gravadora Universal e a plataforma Spotify, acusando-as de inflar artificialmente a audiência do hit “Not like us”, de Lamar. O canadense afirma que robôs foram usados para ampliar o alcance da faixa, promovendo a canção por meio de “esquemas corruptos”.

 


A Universal nega. “Empregamos as mais altas práticas éticas em nossas campanhas promocionais e de marketing”, alega a empresa. "Nenhuma quantidade de argumentos legais inventados e absurdos nesta  pré-ação pode mascarar o fato de que os fãs escolhem a música que querem ouvir", afirmou representante da gravadora à revista americana Rolling Stone.

 


Não satisfeito, Drake moveu outra pré-ação, acusando a gravadora de difamação devido a “Not like us”. Advogados do rapper alegam que a Universal deveria ter interrompido o lançamento da música de Lamar, que “falsamente acusa Drake de ser um criminoso sexual”. (Com redação)