Pintura do artista Antonio Francisco Carvalho é uma das obras que fazem parte da exposição coletiva na Funarte
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Pintura do artista Antonio Francisco Carvalho é uma das obras que fazem parte da exposição coletiva na Funarte

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Na tela, o espectro humano parece se queimar. As formas do ser se escondem debaixo de camadas de tinta laranja e amarela. E os olhos da criatura sugerem espanto. No entorno da figura, frases contrastam com a imagem: “A felicidade entrou”, “A sorte sorriu” e “O encanto do êxito”. Tais orações formam a aura do estranho retrato, sugerindo múltiplas interpretações. Seria o sucesso feio? Ou é a mensagem de que a positividade tóxica – potencializada pelas redes – vem formando um espírito quimérico do homem?

 

 


Não há respostas no quadro de Antonio Francisco Carvalho. Assim como não há certezas nas demais 219 obras de 48 artistas que, como a tela de Carvalho, compõem a exposição “Ao avesso, a torto e a direitos”, que será aberta nesta sexta-feira (29/11), na Funarte MG, e ficará em cartaz só até amanhã (30/11).

 

 

 

A exposição coletiva faz parte da programação da 4ª Mostra de Arte Insensata, realizada pela Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte no intuito de dar visibilidade à arte produzida pelos usuários da Rede de Atenção Psicossocial da capital. Além da exposição, haverá exibição de filmes, oficinas de dança, rodas de conversa, saraus, peças de teatro e shows com BNegão, Júlia Rocha e Bloco Seu Vizinho.

 


“Essa mostra nasceu do desejo de apresentar à cidade o que é feito dentro dos centros de convivência”, afirma Karen Zacché, gerente do Centro de Convivência Arthur Bispo do Rosário e uma das organizadoras do evento.

 

 


Os centros de convivência – em BH, há nove unidades – são, de acordo com Zacché, ligados à Rede de Saúde Mental da prefeitura e têm a intenção promover a inserção social por meio de atividades socioculturais. “Eles trabalham com oficinas de arte, artesanato e atividade física. Além de levarmos os usuários para assistir a shows, exposições e sessões de cinema. Tudo isso para fazer uma articulação dele com a arte”, explica ela.

 

Mercado Maluco

 

Todas as obras da exposição, portanto, são de usuários desses centros, pessoas com algum tipo de sofrimento mental. Por isso, os galpões da Funarte foram batizados com nomes como “Mercado Maluco” e “Café Lelé” – além do sugestivo nome da mostra: “Insensata”.

 


“É uma forma de ressignificar esses termos que sempre foram usados de forma pejorativa”, afirma Karen Zacché. “Para falar a verdade, prefiro dizer loucura do que doença mental, que passa uma ideia de que a pessoa é doente e precisa se curar da enfermidade”, acrescenta.

 


A programação da 4ª Mostra de Arte Insensata nesta sexta-feira contará com sessão de curtas, peça "Fadas moribundas", sarau, show de BNegão e oficinas de dança, construção de bonecos, catalogação, bordado e fotografia.

 


No sábado, haverá exibição do longa “As linhas da minha mão”, de João Dumans; shows de Júlia Rocha e Bloco Seu Vizinho; encenação da peça “Sapos e afogados”, além das mesmas oficinas do dia anterior. Toda a programação é gratuita.

 


4ª MOSTRA DE ARTE INSENSATA


Exposição, exibição de filmes, oficinas, rodas de conversa, saraus, peças de teatro e shows. Nesta sexta e sábado (29 e 30/11), a partir das 13h, na Funarte (Rua Januária, 68 – Centro). Entrada gratuita. Programação completa: https://prefeitura.pbh.gov.br/saude/mostra-de-arte-insensata.