Itabira – Portas, janelas e corações abertos em Itabira, na Região Central de Minas Gerais, para a exposição comemorativa dos 122 anos de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), ilustre filho da terra. “Menino antigo, poeta moderno”, mostra de longa duração inaugurada em 31 de outubro, data de nascimento do escritor, está em cartaz no casarão onde ele morou dos 2 aos 15 anos.
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“A exposição fortalece a vocação de Itabira para a poesia, com compromisso voltado também para o turismo, a economia e outros setores”, diz o superintendente da Fundação Casa de Carlos Drummond de Andrade (FCCDA), Marcos Alcântara. Mobiliário e objetos apresentados no sobrado colonial, pertencente ao município, foram doados por pessoas das famílias Andrade e Drummond.
Com os olhos da emoção, as irmãs Elcilene Cristina Silva, economista, e Edna de Carvalho Silva, secretária Municipal de Educação, gostaram especialmente dos versos impressos num quadro: “Meu pai montava a cavalo, ia para o campo. Minha mãe ficava sentada cosendo. Meu irmão pequeno dormia.”
“É bem o retrato da vida em família. São nossas memórias”, observou Edna. Para ela, a exposição “traz cultura, aprofunda o conhecimento e valoriza a cidade.”
Em outro ambiente, o técnico agrícola aposentado e artesão Gilmar Bretas Martins demonstrava orgulho por ser da terra de Drummond. “Ele levou o nome de Itabira a vários cantos do mundo”, disse, com os olhos no verso “Devo dizer que nunca deixei de ter Itabira em minha lembrança. Sempre ela me acompanha.”
Há um conjunto com os melhores poemas de Drummond, principalmente aqueles publicados nos livros “Boitempo” I, II e III, além de trechos da prosa do itabirano e recortes de suas cartas e entrevistas.
De acordo com os organizadores, algumas preciosidades do mercado editorial estão expostas. É o caso de “Álbum Minas & Drummond”, com poemas e sete gravuras assinados por Álvaro Apocalypse, Beatriz Coelho, Haroldo Mattos, Jarbas Juarez, Júlio Espíndola, Wilde Lacerda e Yara Tupynambá (edição do 7º Festival de Inverno da UFMG, 1973); “Álbum Amor, sinal estranho”, antologia poética de Carlos Drummond de Andrade e oito litografias de Enrico Bianco (Lithos Edições de Arte, 1984); “Álbum para Maria Julieta” (edição fac-similar); e “Cantar de amigos” (Edições Alumbramento: Livroarte Editora, 1989).
No módulo “Drummond criança”, destacam-se fotos, poemas e objetos alusivos à infância do escritor. Há brinquedos antigos, como piões, estilingue, cavalinhos de pau, trens antigos de madeira e bolas de gude. Vale lembrar que alguns deles, como o estilingue, são completamente proibidos – representam, realmente, outros tempos.
O sobrado onde ocorre a exposição foi adquirido pela Prefeitura de Itabira em 2002 e restaurado. A Casa de Drummond é gerida pela Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade. A mostra faz parte da programação do Festival Internacional de Literatura de Itabira (Flitabira), que será encerrado neste domingo (3/11) na cidade mineira.
“MENINO ANTIGO, POETA MODERNO”
Exposição permanente em cartaz na Casa de Drummond (Praça do Centenário,137, Centro de Itabira). De terça a sexta-feira, das 8h às 18h; sábados e domingos, das 10h às 16h.
*O repórter viajou a convite do Instituto Cultural Vale