Repertório, definitivamente, não é problema para Lô Borges. A questão é saber o que incluir, já que o número de canções de sua autoria vem crescendo exponencialmente nos últimos tempos. Aos 72 anos, ele lança neste sábado (9/11), no Palácio das Artes, o álbum “Tobogã”.

 

 


Sobre o novo trabalho, Lô diz que estará “muito bem representado” no show. Quais e quantas canções do disco, prefere não dizer. “Vai que no ensaio decido mudar uma coisa ou outra?”.

 




Obviamente, clássicos do álbum “Clube da Esquina” (1972) e de outras fases da carreira não deixam o repertório de jeito nenhum. A ideia é sempre apresentar a dose certa.

 

 

 
Até agora, foram três apresentações em São Paulo. “Fazer show em Belo Horizonte é um pouco diferente, pois tem sempre a expectativa de tocar na minha própria cidade, o lugar onde nasci. Só que no dia, na hora de passar o som, é como em qualquer outro lugar do planeta”, conta ele, que estará acompanhado de sua banda: Henrique Matheus (guitarra e vocais), Thiago Corrêa (baixo), Robinson Matos (bateria) e Felipe D’Ângelo (teclados e vocais).


Marca registrada

 

“Tobogã” saiu em 23 de agosto. É o sexto álbum de canções inéditas de Lô lançado desde 2019. Ele vem mantendo a marca de um disco por ano. Ainda que cada trabalho tenha sua própria característica, a maneira como os repertórios foram concebidos é semelhante. Lô compõe as melodias e depois as envia para um único letrista.

 


Só que o disco de 2024 tem um diferencial. A autora das letras nunca trabalhou com música, viu Lô pessoalmente pouco mais de um par de vezes. E é fã dele desde muito jovem.

 

 


Pediatra em Brasília, Manuela Costa, de 40 anos, o conheceu em 2005, quando bateu na porta da casa dos pais dele, seu Salomão e dona Maricota, em Santa Tereza. Levava um exemplar do livro “Os sonhos não envelhecem” (1996), de Márcio Borges, debaixo do braço.

 


Coincidentemente, Lô chegou pouco depois para visitar os pais. Os dois se conheceram rapidamente e, anos mais tarde, após outro breve encontro, passaram a se corresponder via e-mail. Manuela começou a lhe mandar alguns poemas até que, mais recentemente, Lô a convidou para fazer as letras do disco.

 


Beatles é um ponto em comum entre os dois, que desenvolveram “Tobogã” (o título da autobiografia de seu Salomão, presente dele para Manuela na visita de quase 20 anos atrás) à distância. Com o segundo filho nascido há alguns meses, a letrista estreante (que fez participação na faixa “Pouso da manhã”) ainda não viu o show.

 

 

 


Além de Manuela, outra voz feminina é a de Fernanda Takai. Lô a convidou, mais uma vez (ela já tinha participado do disco “Horizonte vertical”, de 2011), para dividir os vocais na canção-título e em “Amor real”.

 


O cantor e compositor tirou 2024 para cair na estrada. Ainda que a carreira de “Tobogã” nos palcos esteja apenas começando, ele vem fazendo muito shows, seja em turnê com Beto Guedes, seja outro só com sucessos.

 


“Amo palco, viajar, mas isso acaba inviabilizando um pouco a composição, pois se estou cansado em casa, não quero compor”, conta ele.

 

 


Como já havia resolvido que neste ano deixaria de lado a criação, guardou o violão que usa para compor. “Estava numa caixa em casa, eu não passava nem perto.” Mas eis que em setembro ele ficou duas semanas, direto, sem show.

 

 


“Estava com saudade, tanto que não aguentei. Comecei no dia 1º e no dia 18 já tinha as 10 compostas. Esse negócio de composição é incontrolável. Tenho que agradecer ao universo por ter me preservado como compositor aos 72 anos, pois produzo com a mesma quantidade e fluidez da época do Clube da Esquina, quando tinha 20.”

 

Sem baú

 

As canções chegam à cabeça. E ele nunca deixa para depois. “Componho mais do que minha capacidade de lançar as músicas”, explica. “Tem gente que fala que guarda música no baú. Eu não tenho baú. Componho, marco estúdio (Frango no Bafo, de Henrique Matheus) e gravo.”

 


Isso ocorrerá com a fornada de 2024. Lô não sabe quando vai lançar, mas já tem parceiro em vista. Da última vez que contou, eram 240 músicas editadas. “Mais umas 50 não editadas, compus quase 300. Mas não é tanto assim perto de Aldir Blanc. Tem uns caras que fazem muito mais músicas”, finaliza.

 


"TOBOGÃ"


Show de Lô Borges. Neste sábado (9/11), às 21h, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Setor 1: R$ 180 (inteira) e R$ 90 (meia). Setor 2: R$ 160 e R$ 80 (meia). Balcão: R$ 140 e R$ 70 (meia). Ingressos à venda na bilheteria e na plataforma Eventim.

compartilhe