Johnny Hooker desembarca no sábado (9/11) em Belo Horizonte com o show de comemoração de seus 20 anos de carreira. Artista independente, nordestino e gay, ele conta que viveu duas décadas de “fortes emoções” para realizar o sonho de viver de arte.
Músicas sobre libertação sexual, algumas polêmicas e mais recentemente a perseguição da extrema direita marcam a trajetória de Hooker. Criado na cidade de Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco, é dele a canção considerada hino do amor da comunidade queer, “Flutua”, parceria com Liniker.
Nos últimos anos, o artista vem sofrendo retaliação de setores conservadores. Além de ataques na internet, ele teve dois shows cancelados por pressões externas.
“A nossa cena LGBTQIAPN+ trouxe respiro cultural para o Brasil, um país conservador e religioso. É como se na música a gente estivesse 100 anos na frente, enquanto na política somos o tempo todo puxados para trás”, avalia ele, citando os colegas Gloria Groove, Pabllo Vittar e Linn da Quebrada.
“Nos últimos 10 anos, a gente trouxe discurso afiado na música de um jeito que nunca tinham visto antes de forma tão explícita em questões de gênero e de sexualidade. O impacto cultural e o legado disso é inegável, mas também é inegável que a gente não tem as mesmas oportunidades comerciais dos outros artistas”, diz.
Johnny considera seu primeiro show, aos 16 anos, um marco. Ele participou do concurso de bandas na escola em que estudava. Descoloriu o cabelo, usou roupas emprestadas da namorada para tocar Sex Pistols e Nirvana. “Estava muito nervoso. Quando subi no palco, soltei os cachorros. Dei tudo de mim.” Diz que guarda até hoje o troféu de segundo lugar na competição.
Depois da estreia no colégio, Hooker passou pelo reality “Geleia do rock”, do Multishow, atuou no longa “Tatuagem” e na novela “Geração Brasil” (Globo). O primeiro disco, “Eu vou fazer uma macumba pra te amarrar, maldito!”, veio em 2015 e o projetou nacionalmente. As faixas “Amor marginal” e “Alma sebosa” ganharam destaque.
Hoje, com três discos lançados, ele conquista espaço no pop nacional com músicas que valorizam sonoridades nordestinas como brega, axé e frevo. O show de amanhã, no Sesc Palladium, é megaprodução com balé, projeções e trocas de figurino.
“Sou suspeito pra falar, mas é o show mais emocionante que já fiz. É um show de impacto visual”, afirma. O repertório traz “Cuba” e “Caetano Veloso”, entre outras canções.
Além de preparar o próximo disco, Johnny Hooker ensaia para voltar à telona. Depois de mais de 10 anos sem atuar, ele vai participar da adaptação queer de “O retrato de Dorian Gray”, que deve ser rodada no início de 2025.
JOHNNY HOOKER: TURNÊ 20 ANOS
Sábado (9/11), às 21h, no Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro). Inteira: R$ 100 (plateia 2) e R$ 80 (plateia superior), com meia-entrada na forma da lei. Ingressos para a plateia 1 acabaram. À venda na plataforma Sympla.
OUTRAS ATRAÇÕES
>>> “BARÍTONO”
Lulu Santos volta a BH com o show “Barítono”, no qual comemora seus 50 anos de carreira.A apresentação está marcada para as 22h desta sexta-feira (8/11), no BeFly Hall (Avenida Nossa Senhora do Carmo, 230, Savassi). Ingressos para o setor front a partir de R$ 230; pista a partir de R$ 150; cadeira superior ouro a partir de R$ 110; cadeira superior prata a partir de R$ 90. À venda na bilheteria e na plataforma Sympla.
>>> TITANE E ORQUESTRA
A cantora Titane é a convidada da Orquestra Ouro Preto, regida por Rodrigo Toffolo, neste domingo (10/11), às 11h, no Grande Teatro do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro). A artista revisita momentos marcantes de sua carreira com canções que ganharam arranjos criados por Toffolo. Ingressos custam R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), à venda na bilheteria e na plataforma Sympla.