Desde sua criação em 2011, o projeto Cinema Multi, idealizado pelo Espaço Aberto Pierrot Lunar, passou por transformações significativas. O que começou como alternativa de cineclubismo voltada para idosos, com sessões nas tardes de sexta-feira, evoluiu para um amplo programa de exibição de filmes nacionais e internacionais. Com o tempo, Cinema Multi incorporou novas frentes, com títulos alternativos, peças teatrais gravadas e produções de jovens realizadores recém-saídos da universidade.
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Nesta quarta-feira (13/11), o Pierrot Lunar apresenta nova edição de um segmento do Cinema Multi, o Café com Cinema. Até 11 de dezembro, às quartas-feiras, o espaço belo-horizontino exibirá gratuitamente três longas e seis curtas assinados por realizadores oriundos do teatro.
A relação dos filmes com o palco orientou a curadoria, conduzida pelo fundador da Companhia Pierrot Lunar, Léo Quintão, em colaboração com a atriz Neise Neves. “Os artistas de palco têm inquietações que os levam a explorar outras linguagens além do teatro”, afirma Quintão.
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Na abertura, será exibido o longa “Alma”, de Ana Rosa Tezza, com atores da companhia paranaense Ave Lola Espaço de Criação. Gravado no Campo das Artes, espaço criado pelo ator Luís Melo em Balsa Nova (PR), o filme conta a história de Alma, jovem interiorana de espírito artístico reprimida pela mãe, uma escritora frustrada, interpretada pela mineira Inês Peixoto, do Grupo Galpão.
Inês Peixoto, aliás, está presente na programação com o curta “Primeira perda da minha vida”, dirigido por ela. Com exibição em dezembro (4/12), o filme se inspira em uma história supostamente real envolvendo o escritor tcheco Kafka.
Segundo a lenda, ele consolou uma garota que havia perdido sua boneca inventando que o brinquedo partira em viagem e escreveria cartas para ela.
Outra integrante do Galpão na agenda é a atriz Fernanda Vianna, diretora de “Partida de vôlei à sombra do vulcão”, em cartaz em 20 de novembro, curta codirigido por Clarissa Campolina. Misturando teatro e cinema, o filme utiliza elementos do realismo fantástico para narrar a jornada da mulher que decide partir para encontrar um vulcão do outro lado do mundo. No caminho, descobre estar grávida.
“Ao longo dos anos, conseguimos atrair pessoas que, muitas vezes, não frequentavam cinema, nem mesmo para assistir a blockbusters”, orgulha-se Léo Quintão. “Esses espectadores passaram a consumir o que podemos chamar de filmes de arte – produções com pegada artística diferenciada, longe do estilo repleto de tiros e explosões”, brinca ele.
Nessa linha conceitual está “Máquina do desejo”, longa de Joaquim Castro e Lucas Weglinski. Os dois egressos do Teatro Oficina (SP) se propuseram a fazer um filme com imagens do acervo do grupo esquecidas há décadas.
Sem recorrer a recursos narrativos tradicionais, como entrevistas e narrações, o documentário exibe cenas fragmentadas, permitindo ao espectador reconstituir os acontecimentos por conta própria, enquanto acompanha a história do Oficina entrelaçada com momentos da política brasileira, especialmente durante o regime militar.
Delírios
O curta “Memórias enferrujadas – Ressonâncias”, de Tayhú Durigon Wieser, propõe incursão onírica pela mente do ator e diretor Luciano Wieser, fundador do grupo gaúcho De Pernas Pro Ar. Em 12 minutos, o filme mistura delírios e lembranças, com máquinas ganhando vida e o tempo perdendo sua lógica habitual.
“Muitos filmes que exibimos aqui nunca tiveram a chance de ser projetados em tela grande, pois não entram no circuito comercial”, lamenta Quintão. “Isso é uma pena, especialmente quando lembramos o número de cinemas de rua que Belo Horizonte já teve. Só no bairro Floresta, havia três”, recorda.
Além dos filmes, Café com Cinema proporciona ambiente aconchegante de convívio ao público, “com pipoca quentinha, café, suco e pão de queijo”, informa Leonardo Quintão. “Tudo por conta da casa”, avisa.
CAFÉ COM CINEMA
Exibição de longas e curtas-metragens sempre às quartas-feiras, a partir das 19h30, na sede do Espaço Aberto Pierrot Lunar (Rua Ipiranga, 137, Floresta). Até 11 de dezembro. Nesta quarta (13/11), estará em cartaz “Alma”, filme de Ana Rosa Tezza. Entrada franca. Programação completa no Instagram (@espacoabertopierrot).