A improvisação no teatro sempre existiu, por exemplo, como recurso para o ator que esqueceu o texto ou na construção de uma cena em que há interação com a plateia. Mas a partir dos anos 2000, ela começou a se firmar como gênero específico. Essa vertente despertou o interesse do ator e produtor Lennison Farah, cujo trabalho de conclusão do curso de teatro na UFMG foi a montagem do espetáculo “Suspeitos: um crime improvisado”, há 10 anos.
No ano passado, Farah criou a Produções Suspeitas, por meio da qual promove, desta sexta-feira (15/11) a domingo (17/11), a 1ª Copa Suspeita de Improvisação Teatral, na Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes. Cerca de 30 improvisadores se dividem em sete equipes do Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e Minas, que disputarão o troféu de Melhor Equipe Improvisadora.
Nesta sexta e sábado (16/11), os grupos se enfrentam em 17 “partidas”, com mais de 50 jogos. As melhores colocadas garantem vaga para a final, no domingo. A pontuação será dada por dois jurados e pelo público.
“Assim como no drama ou na comédia, existem diferentes tipos de teatro de improvisação, como a história criada a partir de um mote, com formato mais longo, ou como jogo, que é a proposta da 1ª Copa Suspeita. A ideia é pegar do público um gatilho, um estímulo, para que os atores criem a partir disso. Alguém pode sugerir, por exemplo, um supermercado, e as equipes têm de desenvolver cena ambientada nesse espaço”, explica.
Uma Companhia
A motivação para realizar a copa é ampliar o espaço para a modalidade e torná-la mais conhecida. Farah recorda que até cerca de oito anos atrás, a Uma Companhia cumpria essa função em Belo Horizonte.
“Chegaram a fazer três edições de um campeonato de improvisação na cidade, e disputei as três, porque é muito legal. Então pensei que tínhamos de voltar a ter isso, para dar espaço aos improvisadores locais e criar público”, diz.
“Suspeitos: um crime improvisado” foi a semente que frutificou. “De início, era um grupo de amigos da faculdade que se reuniu para fazer o trabalho de conclusão de curso, mas deu muito certo e acabou extrapolando o ambiente acadêmico. Não nos víamos como companhia, mas resolvemos continuar com o espetáculo, que foi crescendo até resolvermos formalizar o grupo. Até agora, foram mais de 100 apresentações, cada uma com uma história diferente”, destaca.
Pesquisa
Durante a pandemia, ele concebeu a improvisação on-line “Dou fim”. Farah conta que, com o fim do isolamento social, ele e o parceiro Ítalo Taveira voltaram a pesquisar o gênero, o que resultou em “Óbvio – Impro game show”, que estreou no ano passado.
No caso da copa, a Produções Suspeitas abriu um edital e, por meio dele, recebeu oito inscrições. “Foi uma surpresa, porque esperávamos só umas quatro ou cinco, já que não é um gênero ainda muito disseminado. O edital foi se espalhando, com as pessoas divulgando, a ponto de extrapolar as fronteiras de Minas Gerais. Dos oito inscritos, só um não passou, porque não tinha prática nem de improviso, nem de teatro”, acrescenta.
“Muitas pessoas acham que, por ser improvisação, é só subir no palco e fazer. Mas não é assim, por isso teve seleção. Ministramos um curso este ano e queremos abrir outro em 2025, para capacitar as pessoas e contarmos com mais participantes numa 2ª Copa Suspeita.”
1ª COPA SUSPEITA DE IMPROVISAÇÃO TEATRAL
Nesta sexta (15/11), às 18h; sábado (16/11), às 17h; e domingo (17/11), às 16h. Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Ingressos: R$ 30 (inteira), R$ 15 (meia) e R$ 60 (passaporte/três dias), à venda na bilheteria e na plataforma Eventim.