“Arcane” é uma série de animação inspirada no popular jogo eletrônico League of Legends (Lol). Desenvolvido e publicado pela Riot Games em 2009, o jogo gratuito é arena de batalha para multijogadores. Nele, duas equipes de cinco campeões, com habilidades distintas, competem para derrotar os oponentes e vencer a partida.
Lançada em 2021 pela Netflix, a série criada por Alex Yee e Christian Linke rapidamente se tornou um grande sucesso. Em suas primeiras semanas, liderou o catálogo do streaming em 52 países, além de ter conquistado quatro prêmios Emmy e nove estatuetas no Annie Awards, a principal premiação de animação.
Atingindo público mais amplo do que aquele formado por jogadores de Lol, a onda de “Arcane” é impulsionada por diversos elementos. A trilha sonora se destaca já na abertura, com a faixa “Enemy”, parceria do rapper americano JID com a banda de pop rock Imagine Dragons, fãs assumidos do jogo.
No aspecto visual, a animação, desenvolvida pelo estúdio francês Fortiche, adota um estilo inovador que combina elementos de 3D com cores vibrantes e texturas em 2D, semelhante ao traço pioneiro visto em “Homem-Aranha no aranhaverso” (2018) e “Gato de Botas 2: O último pedido” (2022).
Ira e luto
O enredo também se destaca ao explorar dois conflitos centrais. No cenário, a produção acompanha a disputa entre as cidades irmãs – Piltover, progressista e tecnológica, e Zaun, marcada pela pobreza e desigualdade social.
Em um reflexo desse atrito, o público conhece as protagonistas e irmãs Vi (voz de Hailee Steinfeld) e Powder (voz de Ella Purnell). Após perderem os pais para a guarda da cidade alta e enfrentarem a morte do pai adotivo, Vander, o caminho das personagens é separado de modo conturbado.
Na fase adulta, Powder adota o pseudônimo Jinx, se une a Silco, chefe do crime de Zaun, e se torna assassina atormentada pelo passado e as pessoas que acredita ter decepcionado.
Vi, por sua vez, lida com o luto e o abandono da irmã, enquanto se aproxima de Caitlyn (Katie Leung), uma guarda de Piltover.
Mitologia
Seguindo a mitologia do jogo, a série também incorpora a mistura de magia e tecnologia exemplificada pela Hextech, criação de Heimerdinger, cientista da superfície, que combina as magias elemental e espiritual. Quando a tecnologia começa a ser contrabandeada para a cidade inferior, as tensões políticas entre as nações se intensificam.
Com final de temporada que eleva a tensão entre os conflitos, “Arcane” voltou este mês ao cartaz para sua segunda e última temporada, dividida em três partes. O primeiro trio de episódios foi lançado no último sábado (9/11) e alcançou 100% de aprovação da crítica no Rotten Tomatoes.
A segunda parte, também com três episódios, está disponível a partir desta sexta-feira (16/11) na Netflix. Já os capítulos finais chegarão ao streaming no próximo sábado (23/11). Ao todo, nove episódios colocam o ponto final em “Arcane”.
Em entrevista à BBC News, o cocriador da série, Christian Linke, revelou por que, após nove anos de dedicação ao projeto, optou por concluir a história em poucos episódios.
“Esse é o final que queríamos. Estávamos cientes dos seriados que não souberam realmente quando parar e não queríamos ser um deles. Sabíamos que essa precisava ser uma ótima história, com um final definido em mente”, declarou.
O discurso de Linke deixa os fãs com grandes expectativas sobre as próximas partes. Até agora, o tempo de tela tem intensificado o conflito entre as cidades irmãs, apresentando novos personagens e dinâmica de episódios com ritmo acelerado e envolvente, deixando muitas questões em aberto.
Desordem política
Após o ataque final da primeira temporada, a hostilidade da população soberana se volta contra a outra comunidade, exacerbada pelas perdas de figuras importantes. Em meio à desordem, alguns personagens já se mobilizam para explorar a crise política a seu favor, manipulando o luto como pretexto para vingança.
As protagonistas, Vi e Jinx, estão cada vez mais imersas em desafios pessoais. Sem alguém para orientá-la, Jinx precisa encontrar um propósito para continuar e novo alvo para sua ira, podendo se tornar um símbolo do motim em Zaun.
Já Vi, ao perceber que a irmã que conhecia não existe mais, lida com a crise de identidade. Seu relacionamento com Caitlyn a leva à decisão difícil de se unir à guarda que matou seus pais para defender Piltover.
Além disso, o uso excessivo da Hextech como arma tem consequências imensuráveis e preocupa os cientistas locais, sugerindo que o tema será aprofundado nos próximos episódios.
Toque lúdico
Também é notável como os visuais, que já impressionavam, estão ainda mais inovadores. As cenas de ação ganham cores vibrantes e um toque lúdico, revelando a liberdade criativa dos ilustradores ao desenvolver batalhas épicas.
Christian Linke, na entrevista à BBC News, afirmou que a evolução visual foi intencional e deve agregar ainda mais ao desfecho da série.
“Agora que não precisamos mais nos preocupar tanto com a construção do ambiente, os animadores puderam sonhar mais. Há visuais ousados e momentos extremamente criativos, que surgiram desse amor pela animação”, afirma.
“ARCANE”
De Alex Yee e Christian Linke. Com Hailee Steinfeld, Ella Purnell e Katie Leung. Episódios 1 a 3 da segunda temporada já disponíveis na Netflix. Episódios 4 a 6 serão lançados neste sábado (16/11). Os últimos três episódios da série estarão disponíveis no próximo sábado (23/11).
* Estagiária sob supervisão da subeditora Tetê Monteiro