A vocação autoral do cantor Marcos Sacramento se destaca no álbum “Arco” (Biscoito Fino), com 11 faixas, comemoração de suas quatro décadas de carreira. São dele as faixas “Para Frido” e “Arco”, além de parcerias com Luiz Flávio Alcofra, Thiago Amud, Phil Baptiste e Paulo Baiano. Participam do disco dois jovens talentos: a cantora baiana Josyara e Zé Ibarra, que se destacou ao assumir os microfones na turnê de despedida de Milton Nascimento.
“Este é o meu 21º disco, estou feliz porque estou com 64 anos e 40 de carreira. Faço esta conta a partir do momento que foi um marco: o show que fiz no Circo Voador, no Rio de Janeiro, em 1984, abrindo para Arrigo Barnabé, que lançava o disco ‘Tubarões voadores’”, comenta Sacramento.
A festa tem sabor especial. “São quatro décadas como artista independente, na luta para sobreviver em um país como o Brasil”, diz Marcos.
“O arco simboliza várias coisas da minha vida: eu como morador do Bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, sobre os arcos da Lapa, aqueduto que testemunhou tanta coisa da vida cultural da cidade”, ele comenta. “E também o arco-íris, tomado pelos movimentos LGBTQIA+, além do arco que está contido no meu nome, que é Marcos.”
O cantor e compositor destaca a importância de seus colaboradores em “Arco”, álbum produzido por Elisio Freitas. A começar pelo novo empresário, Phil Baptiste. “Ao longo desses dois últimos anos, nossa relação de trabalho acabou virando amizade. Foi ele quem sugeriu o título”, conta.
“Tem muito afeto neste disco, muita entrega, não só de Elísio e Phil, que assina a direção artística e a direção-geral”, conta. Sacramento cita Kassin, em cujo estúdio o álbum foi gravado. “Excelente baixista, ele é grande produtor, produziu discos de Gal Costa e Caetano Veloso.”
Outro companheiro é Marcelo Costa, que tocou com Tribalistas, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Maria Bethânia. De Thiago Amud ele gravou “Graça”. “É uma canção de esperança, diz que a vida é possível, apesar de tudo.” Amud assinou os arranjos de sopro de “Para Frido”. O cantor cita Luiz Flavio Alcofra e também Paulo Baiano, “meu parceiro mais longevo”.
Com Manu da Cuíca, Luiz Carlos Máximo e Fernando Leitzke Júnior, ele compôs “Niterói”. “É um baião estilizado, que fala da minha cidade natal, além do Rio de Janeiro e da baía que as separa. A travessia entre as duas também me atravessa como artista”, diz Sacramento.
“Arco” passeia por vários estilos. Há releituras de “Todo amor que houver nessa vida”, de Cazuza e Frejat, “Voltei”, de Baden Powell e Paulo César Pinheiro, e de “Tonada de luna llena”, de Simon Diaz, canção do folclore venezuelano.
“Essa canção foi gravada há 30 anos pelo Caetano Veloso. Tive a sorte de ter um arranjo maravilhoso feito pelo Elísio, produtor muito cuidadoso”, elogia.
"ARCO"
Álbum de Marcos Sacramento
Biscoito Fino
11 faixas
Disponível nas plataformas digitais