Casuarina lança “Retrato” (Biscoito Fino), seu 11º disco. O trabalho marca a nova fase do grupo carioca, que tem 23 anos de trajetória. Com faixas assinadas por Arlindo Cruz, Sombrinha, Zeca Pagodinho, Adilson Bispo e Catoni, o álbum conta com os convidados Péricles, Marina Iris e o próprio Zeca.
É o primeiro lançamento de Gabriel Azevedo (voz, pandeiro e percussão), João Fernando (arranjos, bandolim, violão tenor, cavaco e vocais) e Rafael Freire (cavaco e vocais) após a saída de Daniel Montes, que se mudou para a Holanda depois da pandemia. Em 2017, o cantor e compositor João Cavalcanti, filho de Lenine, havia deixado o grupo para fazer carreira solo.
“O álbum vem meio que coroar a nossa nova fase”, conta Gabriel Azevedo. “Me disseram que o disco é um reencontro com a primeira fase do Casuarina. De fato, é o mergulho no universo das músicas que a gente tem o costume de cantar nas escolas de samba e em nossos shows. Também tem a característica da pesquisa que estamos acostumados a fazer desde o início.”
Boa parte do repertório traz canções consagradas no universo do samba que ficaram um pouco esquecidas. “A gente tenta resgatá-las”, observa Gabriel Azevedo.
O single do novo álbum é “Velhos tempos”, de Luiz Grande e Romildo. “Dupla consagrada de compositores na história do samba, infelizmente os dois já morreram”, lamenta Azevedo. A faixa é fruto da pesquisa do vocalista, que a achou no YouTube ao assistir ao vídeo de uma roda de samba em homenagem a Catoni (1930-1999), integrante da Velha Guarda da Portela e mineiro de Ouro Preto.
“No vídeo, aparece o Luiz Grande cantando ‘Velhos tempos’. Achei interessante, pois a letra tem muito a ver com a gente. Fala sobre tempos e sambas antigos, diferentes dos de agora. Tinha tudo a ver gravar, então tivemos a ideia de chamar o Zeca Pagodinho”, conta.
Em 2022, Casuarina lançou "O samba está na moda", dedicado a Rolando Boldrin
Para Gabriel, o repertório de “Retrato” busca oferecer um renovado mergulho no universo das rodas de samba. “Embora sejam músicas conhecidas, queremos fazer com que o público relembre essas canções. A gente as rearranjou, botamos a nossa cara. Esperamos que a galera ouça e aceite a nossa proposta”, afirma.
De acordo com ele, a vocação do Casuarina é “mergulhar no baú de sambas, revirá-lo, resgatar canções e compositores e trazê-los de volta à tona”. Inclusive, essa é uma forma de apresentar criações antigas aos jovens.
“Nas novas gerações, há muita gente ouvindo samba. A renovação de público é uma constante na nossa história”, comenta Gabriel Azevedo.
Os arranjos e a produção musical dos discos do Casuarina sempre ficaram a cargo dos próprios integrantes. “Nos discos anteriores, o Daniel Montes, que foi morar na Holanda, e o João Fernando geralmente dividiam os arranjos. ‘Retrato’ é o primeiro disco em que João fez os arranjos sozinho. Ficou legal, porque o álbum tem identidade mais definida”, garante.
Show em BH
O grupo carioca vai sair em turnê em breve. O show em Belo Horizonte ocorrerá em dezembro. “A cidade tem uma galera que gosta muito de samba. BH tem um movimento de samba muito forte”, comenta o cantor e percussionista.
A opção de começar por Minas tem outro motivo: a cantora Aline Calixto, que mora em BH e é nome de destaque na cena do samba da cidade.
“A gente tem carreiras paralelas, pois começamos no mesmo período. Quando Aline estourou com ‘Flor morena’, trilha de novela que Arlindo e Zeca fizeram para ela, começamos a fazer muita coisa juntos. Aline, inclusive, cantou com o Casuarina na França”, diz.
“Aline é excelente, está cantando cada vez melhor, cada vez mais bonito. O repertório da Clara Nunes casou muito bem com sua voz”, comenta Gabriel, referindo-se ao projeto da artista dedicado à cantora mineira.
“RETRATO”
Álbum do trio Casuarina
Oito faixas
Biscoito Fino
Disponível nas plataformas musicais