Em reconhecimento ao Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro e instituído como feriado nacional pela primeira vez neste ano, o Circuito Liberdade apresenta uma programação especial ao longo da semana, com o objetivo de refletir sobre a luta e as conquistas das pessoas negras.

 



Nesta quinta (21/11), às 20h, o Museu Mineiro será palco do concerto “A cor do som – A influência da África na música ocidental”, apresentado pelo Coral Madrigal Scala em parceria com o Quarteto de Cordas da Escola de Música da UFMG – formado por Bruna Guimarães, Gustavo Santos, Ítalo Ribeiro e Pedro Cirino.

 

Sob a regência do maestro Breno Bartolomeu, o programa ressalta a influência da música africana em diferentes gêneros musicais, incluindo a MPB. Com 35 anos de atividade, o Coral Madrigal Scala se dedica a celebrar essa herança.

 

 

Segundo Bartolomeu, este concerto é uma oportunidade de reforçar o trabalho desenvolvido pelo grupo. “É importante destacar esse repertório e mostrar que ele faz parte do nosso trabalho no ano todo e não apenas no dia 20 (de novembro). Ressaltamos a relevância da Diáspora Africana na música e na cultura, mas, mais do que isso, comemoramos o Dia de Zumbi dos Palmares, um ancestral que lutou para que hoje pessoas como eu, como regente negro, possam liderar o grupo e realizar um trabalho dessa importância”, afirma o regente.

 

Trilogia

Para o concerto, ele propõe uma apresentação dividida em três partes. Na primeira, o destaque recai sobre os lamentos que refletiam a realidade dos negros escravizados nas plantações de cana-de-açúcar e algodão. Nesse trecho, serão interpretadas músicas como “Banzo Maracatu” (Dimas Sedícias) e o spiritual afro-americano “Sometimes I feel like a motherless child”, cuja autoria é desconhecida, mas já foi interpretado por artistas como Mahalia Jackson, Odetta e Van Morrison.

 

 

Na segunda parte, a música latina fica em evidência. O coral interpretará “Bullerengue” (José Antonio Rincón e Jorge Artel), peça frequente no repertório de coros mistos, e “Guantanamera”, de José Fernández Díaz, clássico da cultura cubana que expressa identidade e pertencimento.

 

“Na Colômbia, em Cuba e na Argentina, países latinos, houve várias adaptações desses temas africanos. Queremos mostrar também um outro lado da herança negra, que vai além do lamento, destacando os estilos rítmicos e percussivos que advêm da África”, explica o regente.

 

 

Por fim, o repertório aborda a trajetória da música brasileira, incluindo canções como “Upa neguinho”, de Edu Lobo, e “Arrastão”, Edu Lobo e Vinicius de Moraes. A apresentação se encerra com “Encontros e despedidas”, de Milton Nascimento, em homenagem à rica história da música negra em Minas Gerais.

 

Popularizar o erudito

Dividindo o palco com o Quarteto de Cordas da UFMG, formado por jovens músicos, o concerto tem o objetivo de popularizar a arte coral. Para isso, Bartolomeu destaca que busca formas de atrair novos públicos sem modificar o repertório clássico.

 

 

“Minha intenção com esse material é deixar o repertório mais tangível e desenvolver um programa que consiga tocar a massa, possibilitando que as pessoas comecem a entender melhor a música clássica e ela não fique destinada a uma determinada classe ou faixa etária”, diz o maestro.

 


“A COR DO SOM – A INFLUÊNCIA DA ÁFRICA NA MÚSICA OCIDENTAL”

Com Coral Madrigal Scala e Quarteto de Cordas da Escola de Música da UFMG. Apresentação nesta quinta (21/11), às 20h, na Sala das Sessões do Museu Mineiro (Avenida João Pinheiro, 342 - Lourdes). Entrada gratuita.


 

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