O ator Gabriel Leone tinha pouco mais de 1 ano quando Ayrton Senna morreu, no circuito de Ímola, na Itália, em 1994. Embora fosse bem pequeno na época, ele afirma se recordar de crescer num Brasil diferente, marcado pelo luto.

 




“Senna era um cara muito iluminado, muito fora da curva. Não só como piloto – provavelmente o maior de todos os tempos –, mas também como pessoa”, disse o ator em conversa com jornalistas, no início de novembro, para divulgar a série “Senna”, da Netflix, que estreia no próximo dia 29.

 


Ao longo dos seis episódios, Leone interpreta o piloto, um atleta brasileiro visto como herói por milhões de fãs. Estima-se que 3 milhões de pessoas acompanharam seu enterro, que contou com disparos de fuzis realizados por 120 soldados e banda da Polícia Militar de São Paulo.

 


A imensa popularidade de Senna se explica não apenas pelas vitórias nas pistas, mas pela generosidade que demonstrava em seu cotidiano e nas entrevistas à imprensa. “Ele era um cara com o qual você conseguia se conectar, tendo a sensação de que era alguém muito próximo. Alguém que poderia estar sentado ao seu lado. Um amigo”, destacou Leone.

 


O Estado de Minas teve acesso antecipado aos episódios da série. Com direção-geral de Vicente Amorim (“Corações sujos”, “Motorrad”, entre outros) e apoio da Senna Brands, empresa criada pela família do piloto, “Senna” tem como objetivo contar a história completa do piloto, desde seus primeiros anos de vida na Zona Norte de São Paulo, na década de 1960, até o acidente fatal de 1º de maio de 1994, quando sua Williams saiu da pista na curva Tamburello e colidiu contra um muro de concreto.

 

Retrospectiva

Senna viveu até os 34 anos. Por abarcar linha temporal razoavelmente ampla em poucos capítulos, os primeiros episódios derrapam nos fluxos de tempo, com o jovem piloto disputando corridas de kart (não especificando se no Brasil ou no exterior) contra estrangeiros, até ingressar, de fato, na Fórmula Ford, em 1981, na Inglaterra.

 


A partir do segundo episódio, a produção engata uma narrativa mais clara. É quando a escuderia Toleman convida Senna para representá-la na Fórmula 1, em 1984. Nesse ano, ele conquista o segundo lugar no Grande Prêmio de Mônaco e ganha o apelido de Rei da Chuva, devido às performances excepcionais em pistas molhadas.

 


Os episódios continuam com a mudança de Senna para a Lotus, em 1985, e suas primeiras vitórias na Fórmula 1. Também são abordadas suas conquistas ao assinar com a McLaren em 1987, seus três títulos mundiais pela escuderia britânica (1988, 1990 e 1991), a intensificação da rivalidade com Alain Prost e, por fim, sua migração para a Williams, no final de 1993.

 

Família

Entre as cenas de corrida, a série busca retratar a relação de afeto e companheirismo dentro da família do tricampeão mundial de Fórmula 1, com o pai (Marco Ricca) e a mãe (Susana Ribeiro) fazendo todo o possível para apoiar o filho no automobilismo.

 


“Não queríamos fazer nenhum tipo de imitação”, contou Leone. “Não só com Senna, mas com todos os personagens reais que estão na trama. A gente sabia da importância de, fisicamente, chegar o mais próximo possível deles, mas também queríamos passar a essência deles”, acrescentou.

 

01 de maio de 1994 - Um dos dias mais tristes do esporte brasileiro por causa da morte do piloto de fórmula 1 Ayrton Senna, durante o GP de Ímola, na Itália. Foram nove plantões no dia, todos ancorados por Léo Batista.

Youtube/ Buyandhold Brasil


Para captar essa essência, Leone assistiu a inúmeras entrevistas de Senna até encontrar o que procurava: “O olhar de Ayrton sempre foi muito expressivo, revelando muito sobre ele. Isso foi como uma chave para eu acessar o lado interior dele”, disse.

 


Embora a caracterização dos personagens não seja o aspecto central da série, ela se destaca. São notáveis as semelhanças entre o ator Hugo Bonemer e Nelson Piquet, Johannes Heinrichs e Niki Lauda, Matt Mella e Alain Prost, e, principalmente, Pâmela Tomé e a apresentadora Xuxa Meneghel, que namorou Senna entre 1988 e 1990.

 

Obra de ficção

Leone, no entanto, faz questão de ressaltar que a série é uma obra de ficção, em que episódios pontuais, às vezes, ganham mais destaque do que aspectos relevantes da vida pessoal de Senna. Polêmicas com Prost e com a imprensa britânica, por exemplo, são mais exploradas do que a relação do piloto com a irmã Viviane Senna (interpretada por Camila Márdila), que aparece apenas a partir da metade da série.

 


Há, ainda, uma personagem fictícia, a jornalista Laura Harrison (Kaya Scodelario). Além de compilar as grandes entrevistas de Senna, ela atua como uma espécie de consciência externa do piloto, aconselhando-o nos momentos difíceis e trazendo-o de volta à realidade quando ele quase perde a cabeça com provocações e desonestidades da Federação Internacional de Automobilismo.

 


“Senna” chega ao streaming como um resumo da vida do tricampeão mundial de Fórmula 1. Embora não apresente grandes novidades para quem acompanhou o piloto nas décadas de 1980 e 1990, a série serve para que as novas gerações – as chamadas Z e Alpha – conheçam um pouco da história dessa personalidade marcante da história recente do Brasil e como ele se tornou um ídolo reverenciado até hoje, 30 anos após sua morte. 

 

“SENNA”
- A série, com seis episódios, estreia em 29 de novembro (sexta-feira), na Netflix.


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