Dois milhões e setecentas mil curtidas e cerca de 780 mil comentários, todos muito bem-humorados. Esses foram os números acumulados em uma semana por uma foto da atriz Fernanda Torres, publicada na última segunda-feira (18/11), no Instagram da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. A imagem foi feita durante o Governors Awards, evento pré-Oscar realizado em Los Angeles.

 




A postagem rapidamente mobilizou fãs brasileiros, que inundaram os comentários do post, pedindo uma indicação ao prêmio de melhor atriz para a protagonista do longa “Ainda estou aqui”, de Walter Salles.

 

Escolhido como representante do Brasil para a disputa pela estatueta de melhor filme internacional, o longa baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva conta a história de Eunice Paiva (Fernanda Torres), que criou sozinha os cinco filhos depois que seu marido, o deputado Rubens Paiva, foi torturado e morto pela ditadura. Desde o desaparecimento de Rubens Paiva, Eunice conduziu uma incansável campanha para que o Estado brasileiro reconhecesse o crime.

 


Além de impulsionar a bilheteria nacional – o título já arrecadou mais de R$ 23 milhões, desde sua estreia, em 7 de novembro – os fãs brasileiros do longa abraçaram com ardor a campanha pelo seu reconhecimento no Oscar.

 


A publicação da foto de Fernanda Torres pela Academia se destacou entre imagens de outros convidados do Governors Awards, como a atriz Jennifer Lopez e o cineasta Pedro Almodóvar.
Diante de tanto engajamento de brasileiros, a própria Academia entrou na brincadeira, deixando um comentário no qual dizia “She is mother” (em português, “Ela é a mãe”), expressão popular na internet usada para se referir a pessoas admiráveis.

 


A euforia só fez crescer, e os brasileiros invadiram todas as outras publicações do perfil, com comentários em tom de brincadeira enaltecendo o trabalho de Fernanda Torres. Neste momento, encontrar um comentário em outra língua que não o português é tarefa difícil.

 


Corações e bandeiras

“Nós queremos que a categoria de melhor atriz seja escolhida por uma enquete no Instagram”, diz um dos mais curtidos. Corações e bandeiras brasileiras também alavancam a publicação, além de elogios como “icônica” e “a maioral”.

 


Além da movimentação nas redes sociais, o nome de Fernanda Torres registrou um pico de interesse no Google na última semana, com buscas relacionadas ao Oscar e ao filme “Ainda estou aqui” batendo recordes de procura.

 


A atriz respondeu ao entusiasmo dos fãs com um vídeo publicado em seu perfil pessoal em que incentiva o público a prestigiar o cinema nacional com sugestões de filmes como “A arca de Noé”, em cartaz nos cinemas, e “O auto da compadecida 2”, com estreia marcada para o mês que vem.

 


Primeira lista

Na última quinta-feira, o longa de Walter Salles foi confirmado como elegível para a categoria de melhor filme internacional no Oscar 2025. A Academia divulgou a lista oficial com produções aptas para disputar em várias categorias, o que inclui 31 animações, 169 documentários e 85 longas-metragens internacionais.

 


O longa de Walter Salles foi inscrito pela distribuidora Sony Pictures em oito categorias do prêmio: melhor filme, filme internacional, direção, roteiro adaptado, atriz (Fernanda Torres), ator coadjuvante (Selton Mello), fotografia e montagem. Apesar da grande torcida por Fernanda como melhor atriz, a indicação mais provável de “Ainda estou aqui” é na categoria de filme internacional.

 


Caso Fernanda seja indicada, ela repetirá o feito de sua mãe, Fernanda Montenegro, indicada ao Oscar em 1999 por “Central do Brasil”, filme também dirigido por Walter Salles. O prêmio daquele ano foi para Gwyneth Paltrow, por “Shakespeare apaixonado”, uma decisão que os cinéfilos brasileiros jamais perdoaram.

 


No Gold Derby, site conhecido por publicar previsões de premiações do entretenimento, especialistas apontam Fernanda no top 10 de possíveis indicadas, mas fora da lista final.

 


Nomes como Mickey Madson (“Anora”, longa vencedor do Festival de Cannes neste ano), Angelina Jolie (no papel-título de “Maria”, sobre a cantora lírica Maria Callas), Karla Sofia Gascón (a trans aplaudida por seu desempenho em “Emília Pérez”), Tilda Swinton (que interpreta a paciente terminal em “O quarto ao lado”, de Pedro Almodóvar) e Demi Moore (a protagonista do terror psicológico “A substância”) aparecem na frente da brasileira.

 


A favorita na categoria, no entanto, é Nicole Kidman, que levou o prêmio de melhor atriz no Festival de Veneza por seu desempenho em “Babygirl”. Ainda inédito no Brasil, o filme traz Nicole no papel que vem sendo considerado o mais arriscado de sua carreira.

 

Também em competição em Veneza, “Ainda estou aqui” saiu com o prêmio de roteiro. Saoirse Ronan é outra apontada como quase certa entre as indicações, por “The outrun”, em que interpreta uma mulher que sofre de alcoolismo.

 


A lista final de indicados será divulgada no dia 17 de janeiro, e a 96ª cerimônia do Oscar está prevista para 2 de março. Até lá, os fãs brasileiros terão que conter a ansiedade, enquanto a campanha por “Ainda estou aqui” segue ganhando cada vez mais força nas redes. 

 

Como funciona a votação?

Os indicados ao Oscar são escolhidos pelos membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, que conta com mais de 10 mil integrantes, entre atores, diretores, roteiristas e outros profissionais da indústria audiovisual.

 

No caso de melhor filme internacional, cada país indica uma produção, de acordo com critérios específicos estabelecidos pela Academia. No Brasil, a responsável por essa escolha é a Academia Brasileira de Cinema e Artes Visuais.

 

As indicações nas demais categorias são definidas pelos próprios membros da Academia americana, com cada área votando em sua especialidade, como atores escolhendo atores e diretores votando em diretores. Na categoria de melhor filme, todos os membros têm direito a votar.

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