Um dos mais importantes compositores para piano do mundo, Frédéric Chopin (1810-1849) viveu em Varsóvia e Viena, radicando-se em Paris, cidade onde morreu aos 39 anos. Acreditava-se que toda sua obra era conhecida. No entanto, a Morgan Library & Museum, em Nova York, anuncia ter descoberto uma valsa inédita do polonês. Sem título e assinatura, a partitura ficará exposta neste mês de novembro no museu, em Manhattan.

 

 


Curiosamente, não é a única descoberta musical do ano. Em setembro, as Bibliotecas Municipais de Leipzig, na Alemanha, anunciaram a presença em suas coleções de uma peça até então inédita provavelmente escrita por Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), quando jovem.

 

 

Manuscrito de "Pequena música noturna", de Mozart, foi encontrado em Leipzig, cidade da Alemanha

Leipziger Stadtische Bibliothek/instagram

 

 

Com 12 minutos, “Ganz kleine nachtmusik” (“Pequena música noturna”) tem sete movimentos para trio de cordas e teria sido escrita na década de 1760.

 

 

 

 



 


O manuscrito de Chopin foi descoberto pelo curador da Morgan Library, Robinson McClellan, informa a agência de notícias Associated Press (AP). Faz parte da coleção que havia pertencido a Arthur Satz, ex-presidente da Escola de Design de Interiores de Nova York, morto em 2018. Satz adquiriu o manuscrito de A. Sherrill Whiton Jr., ex-diretor da mesma instituição e colecionador de autógrafos.

 


Desde maio, quando teve acesso ao manuscrito, o curador McClellan buscou diferentes formas de autenticá-lo. Especialistas como Artur Szklener, diretor do Instituto Fryderyk Chopin, em Varsóvia, confirmaram que o papel utilizado se assemelha ao tipo usado pelo compositor.

 

Caricatura do compositor Frédéric Chopin feita por Pauline Viardot em Paris, em 1839

Chopin Institute/reprodução

 


A tinta foi identificada como típica do início do século 19, época em que o músico viveu. No entanto, a caligrafia com que a palavra “Chopin” está escrita no topo da página foi confirmada como pertencente a outra pessoa.

 


Apesar disso, McClellan e Szklener destacam a impressionante semelhança da valsa com o estilo característico de Chopin. Escrita em lá menor, a peça apresenta “seção inicial muito tempestuosa e reflexiva” antes de evoluir para melodia mais melancólica, como ocorre em trabalhos conhecidos do compositor, afirma o curador da Morgan Library. “Esse é o estilo dele. Essa é a essência dele. Realmente soa como ele”, diz.

 


Está claro que não se trata de um trabalho finalizado. Especialistas acreditam que pode ser um rascunho, cópia de outra pessoa ou até mesmo colaboração com outro músico.

 


Jeffrey Kallberg, professor de música da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, sugere que Chopin pode ter composto a valsa como presente para um amigo.

 


“Muitas peças que ele dava de presente eram curtas, como uma espécie de ‘aperitivo’ para a obra mais elaborada”, diz Kallberg em e-mail enviado à agência AP.

 


No entanto, o grupo envolvido na descoberta destaca que a veracidade não é o foco principal. “No que diz respeito à autenticidade, de certo modo, isso não importa, porque desperta nossa imaginação”, comenta o reitor de música da Juilliard School, David Ludwig. “Uma descoberta como essa destaca o fato de que a música clássica é, sem dúvida, uma forma de arte viva.” (Com AP)

 

 

* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria

compartilhe