Em Belo Horizonte, as influências italianas estão por toda parte. Seja na arquitetura, com o Palacete Dantas, na Praça da Liberdade, e a sede da prefeitura, no Centro, ou em nomes de ruas e bairros, como a Savassi, batizada em homenagem à padaria pertencente à família vinda da Itália.

 

 


Minas Gerais foi terceiro estado do país a receber o maior número de imigrantes da Itália na virada dos séculos 19 e 20, atrás de São Paulo e Rio Grande do Sul. Essa profunda influência se estendeu para o esporte: o Cruzeiro Esporte Clube se chamava Societá Sportiva Palestra Itália, em alusão a seus fundadores, membros da colônia italiana em BH.

 



 

O Festival de História (fHist), realizado desde 2011 em Minas, vai apresentar, de quinta-feira a sábado (28 a 30/11), edição especial em BH com o tema “Conexões ítalo-brasileiras”. O evento celebra os 150 anos do início da imigração italiana no país.

 


“Os italianos começaram a chegar em massa ao país na segunda metade do século 19, mais especificamente a partir de 1874”, diz o jornalista Américo Antunes, curador do fHist.

 

“A chegada dos imigrantes marcou profundamente a formação da sociedade brasileira, porque, com eles, vieram costumes típicos do país de origem. A música italiana, a gastronomia e o teatro, por exemplo, se estabeleceram e influenciaram a identidade cultural brasileira”, afirma.

 

 


Mesas de debate, workshops, oficinas, exposições, espetáculos musicais e de teatro, feira de livros e feira gastronômica fazem parte da programação do festival, que se destaca pela abordagem multidisciplinar com o propósito de atrair a atenção do público para a história.

 

 


“Não queríamos que o festival fosse um evento exclusivamente acadêmico. Pensando nisso, propomos diálogos com outras áreas do saber. O jornalismo, por exemplo, sempre esteve presente, na medida em que combina acontecimentos do passado com discussões da atualidade. A parte artística e cultural também é explorada, tanto na música quanto no cinema e nas artes plásticas. Da mesma forma, oficinas, minicursos e aulas contribuem na esfera educativa e formativa”, explica Antunes.

 

Mão de obra para Minas e BH

 

Nesta quinta-feira (28/11), o fHist será aberto, no Palácio das Artes, com a mesa de debate “Itália Brasil: histórias da grande imigração”, apresentada pela historiadora e professora Terciane Ângela Luchese. Outros temas, como o trabalho dos imigrantes nos cafezais e a importância da mão de obra italiana para a construção de BH, também serão abordados.

 


No sábado (30/11), às 17h30, Bernardo Sabino, filho de Fernando Sabino, faz palestra sobre as influências da Itália na obra do escritor belo-horizontino, neto de italianos por parte do pai. No mesmo dia, o Grupo Figurata, dedicado à música barroca, interpreta peças de influência italiana.

 

 

Palestra vai abordar a obra do escritor Fernando Sabino. Nascido e criado em BH, ele era neto de italianos

Projeto Encontro Marcado com Fernando Sabino/reprodução

 


Teatro de marionetes, oficinas de culinária, workshop sobre a arte da esgrima e gravações de depoimentos do público sobre os antepassados fazem parte da programação. Essa última atividade, intitulada “Tenda de memórias”, permite que participantes compartilhem histórias sobre as origens italianas.

 


“A proposta é formar um banco de imagens e informações sobre famílias italianas capilares no Brasil. Após a edição do material, vídeos serão enviados para os participantes e também farão parte do acervo do Museu Virtual da Imigração Italiana”, conclui Américo Antunes.

 

FHIST ESPECIAL – CONEXÕES ÍTALO-BRASILEIRAS


Festival de história. Desta quinta-feira (28/11) a sábado (30/11), no Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Entrada franca. Inscrições para mesas de debate e programação completa no site do evento (www.festivaldehistoria.com.br).


* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria

 

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