O Prêmio Zumbi de Cultura, que completa 15 anos, será entregue nesta quinta-feira (28/11) a 22 destaques nas áreas de artes, política e cultura negra. Todos receberão estatuetas criadas pelo artista plástico mineiro Jorge dos Anjos. A cerimônia começa às 20h, no Grande Teatro do Sesc Palladium.

 




“Nossa ideia foi aquilombar e ocupar lugares nobres, como o Palácio das Artes, fazendo um evento de qualidade e, sobretudo, homenageando os nossos. Queremos apresentar para a cidade o protagonismo de pessoas que trabalham com temáticas negras e estão em seus territórios desenvolvendo atividades para o combate ao racismo e pela educação antirracista”, explica a coreógrafa Junia Bertolino, idealizadora do Prêmio Zumbi e diretora da Cia. Baobá Minas. 


Mês da Consciência Negra

 

O evento sempre ocorre em novembro, Mês da Consciência Negra. Nesta edição, haverá apresentações que homenageiam o feminino, a natureza, a África e o Brasil, além de shows da banda Swing Safado e do Grupo Na Jira. Em 12 de dezembro, o Prêmio Zumbi promove festejo no Grande Teatro Cemig do Palácio das Artes.

 


Kenya de Fátima Oliveira (Nengua Danda Lumueno) foi premiada na categoria Destaque Mulher Negra. Seu trabalho é centrado no terreiro Nzo Nguzu Kukia, no distrito Azurita, em Mateus Leme, que realiza práticas ritualísticas, rodas de diálogo e ações sociais, como distribuição de alimentos e entrega de material escolar.

 


Surpresa com a indicação, Kenya saúda o prêmio como o reconhecimento de seu trabalho. “A sociedade foi construída de forma tão brutal na escravidão que até hoje enfrentamos dificuldades para executar projetos culturais e ritualísticos. Este prêmio é o reconhecimento que todos nós, pessoas pretas, esperamos”, diz ela.

 


Na categoria Personalidade Negra, a contemplada é Vivian Paola Corrêa dos Santos (Mametu Monakiezi), produtora cultural, dona da marca de roupas religiosas Filha da Lua e dirigente do terreiro Nzo Amazi Ndumba Dia Ndandaluna – Tenda Umbandista Água da Vida, no Bairro Nova Vista, em Belo Horizonte.

 


“Você tem o sentimento satisfatório de trabalho bem-feito. É importante dizer que pessoas negras trabalham o ano todo. Somos reconhecidos neste mês, mas nosso trabalho não é sazonal. Temos importância o tempo inteiro”, pontua Vivian.

 

Homenagem a Dona Bela

A ideia do Prêmio Zumbi de Cultura surgiu em 2009, a partir do desejo da coreógrafa Junia Bertolino de homenagear dona Bela, capitã da Guarda de Moçambique São João Batista, que, aos 106 anos, nunca havia entrado no Palácio das Artes.

 


A proposta do evento é defender a cultura popular afro-brasileira. Após a primeira cerimônia, Junia seguiu com o projeto, homenageando mestres e pessoas importantes da comunidade negra de Minas e do Brasil.


15º PRÊMIO ZUMBI DE CULTURA
Nesta quinta-feira (28/11), às 20h, no Grande Teatro do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro). Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia), à venda na plataforma Sympla.

 


* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria

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